segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Crenças sobre a alma e sobre a morte


Até o apagar das luzes da história da Grécia e de Roma, presenciamos a permanência, entre os homens do povo, de certo conjunto de pensamentos e de hábitos com certeza oriundos de época muito remota, mas no qual já se pode reconhecer o ideário original concebido pelo homem a respeito de sua própria natureza, de sua alma e do mistério da morte.


Até onde nos é dado remontar na história da raça indo-européia, de onde se originaram as populações gregas e italianas, observamos que essa raça jamais acreditou que, depois desta curta existência, tudo terminasse com a morte do homem. As gerações mais antigas, bem antes que existissem filósofos, já acreditavam em uma segunda existência para além desta nossa vida terrena. Encaravam a morte não como uma aniquilação do ser, mas como simples mudança de vida.


Onde, porém, e de que modo seria vivida essa outra existência? Acreditava-se que o espírito imortal, uma vez liberto do corpo, animaria outro corpo? Não, pois a crença na metempsicose nunca se arraigou no espírito das populações greco-italianas; tampouco era essa a crença dos antigos árias do Oriente, pois que os hinos védicos se lhe opunham. Acreditava-se então que o espírito subisse ao céu, para a região da luz? Também não, visto que a idéia das almas entrarem na morada celeste é relativamente moderna no Ocidente; o céu só era tido como recompensa merecida por alguns grandes homens e benfeitores da humanidade. Consoante às mais antigas crenças dos povos itálicos e gregos, não seria em outro mundo que a alma viveria essa sua outra existência; ficaria perto dos homens, continuando a viver na terra, junto deles.


Acreditou-se, durante muito tempo ainda, que nessa segunda existência a alma continuaria associada ao corpo. Nascida com o corpo, não seria dela separada pela morte; alma e corpo seriam encerrados juntos no mesmo túmulo.


Embora tais crenças sejam muito antigas, delas nos restaram testemunhos autênticos. Esses testemunhos são expressos nos ritos fúnebres, que sobreviveram longo tempo às crenças primitivas, e, porque certamente nascidos com estas, serão úteis para que as compreendamos melhor.


Os ritos fúnebres mostram-nos claramente que, quando se enterrava um corpo no túmulo, se acreditava enterrar junto algo com vida. Virgílio, sempre tão preciso e meticuloso na descrição das cerimônias religiosas, encerra a sua narrativa dos funerais de Polidoro com estas palavras: "Encerramos a alma no túmulo". Idêntica expressão encontra-se em Ovídio, e em Plínio, o Moço; isso não significa que tal tenha sido propriamente a idéia formada por esses escritores sobre a alma, mas quer somente afirmar que, desde tempos imemoriais, essa crença se perpetuara na linguagem, atestando, assim, crenças antigas e populares.


Ao término da cerimônia fúnebre, havia o costume de chamar três vezes a alma do morto pelo nome que ele havia usado em vida, desejando-lhe vida feliz debaixo da terra. Dizia-se-lhe por três vezes: "Passe bem". E acrescentava-se: "Que a terra te seja leve", em uma demostração de quanto se acreditava que o mesmo ser continuaria debaixo da terra e lá conservando a habitual sensação de bem-estar ou de sofrimento. No epitáfio, escrevia-se que o defunto ali repousava: afirmação essa que sobreviveu às próprias crenças que, atravessando os séculos, chegou até nossos dias. Empregamo-la ainda hoje, embora já ninguém acredite que um ser imortal repouse no túmulo. Antigamente, porém, tão firme era essa crença em que ali vivesse um homem, que nunca se deixava de enterrar, juntamente com o defunto, os objetos que se julgava viessem a ser-lhe necessários: vestes, vasos, armas. Derramava-se vinho sobre o túmulo para lhe mitigar a sede; deixavam-se-lhe alimentos para saciar-lhe a fome. Degolavam-se cavalos e escravos, pensando que estes seres, sepultados com o morto, o serviriam no túmulo como o haviam feito em vida. Depois da tomada de Tróia, os gregos retornaram ao seu país, cada um deles levando a sua bela escrava e, tendo Aquiles que já morava debaixo da terra reclamado a sua, deram-lhe Polixena.


Um verso de Píndaro guardou-nos curioso testemunho desses pensamentos das gerações antigas. Frixos fora obrigado a deixar a Grécia e fugira para a Cólquida, onde veio a morrer; mas embora morto, queria regressar à Grécia. Apareceu então a Pélias e ordenou-lhe que fosse à Cólquida para de lá trazer a sua alma. A sua alma sofria sem dúvida a nostalgia do solo pátrio, do túmulo da família. Mas, vivendo ligada aos seus restos corporais, não poderia abandonar a Cólquida sem os trazer consigo.


Desta crença primitiva se originou a necessidade de sepultamento. Para que a alma se fixasse à morada subtrerrânea destinada a essa segunda vida, fazia-se necessário que o corpo, ao qual a alma estava ligada, fosse coberto de terra. A alma que não tivesse sua sepultura, não teria morada. Seria errante. Em vão aspiraria ao almejado repouso depois das agitações e dos trabalhos desta vida; seria condenada a errar sempre, sob a forma de larva ou de fantasma, sem jamais parar, sem nunca receber as oferendas e os alimentos de que necessitava. Desgraçada, logo essa alma se tornaria perversa. Atormentaria então os vivos, provocando-lhes doenças, devastando-lhes os campos, atormentando-os com aparições lúgubres, para alertá-los de que tanto o seu corpo como ela própria queriam sepultura. E disso se originou a crença nas almas do outro mundo. Toda a Antiguidade estava convencida de que sem sepultura a alma viveria miseravelmente e que só pelo seu sepultamento desfrutaria da felicidade eterna. Não era, pois, para a ostentação da dor que se realizava a cerimônia fúnebre, mas para o repouso e felicidade do morto.



Texto extraído do livro: A Cidade Antiga

de: Fustel de Coulanges

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Rei dos Pássaros Cantantes


Esta é uma bela e comovedora passagem da vida de Jesus quando, entre nós, pregou às multidões a verdade sublime do Seu Evangelho de Amor e Redenção.
Certa vez, depois de um dia inteiro de pregações, de atendimentos a milhares de doentes do corpo e da alma, Jesus internou-se sozinho por um atalho de bosque que não havia ainda percorrido. Sentou-se num tronco caído e ficou em meditação sublime. Nem Ele soube quanto tempo ali ficou! O lugar era realmente belo, as árvores colossais, o silêncio espesso, suavizante e restaurador. Súbito, o Mestre sorriu com doçura: à Sua volta em silêncio respeitoso, um grupo imenso de pássaros ostentando as mais diversas e coloridas plumagens, fitavam-nO, atentamente, como esperando que Ele lhes permitisse transmitir alguma coisa que traduzisse o que lhes palpitava nos pequeninos corações.
Jesus sentiu que, naquele momento, deveria ouvir uma mensagem de amor a ser perpetuada no mundo em que viera iniciar uma nova etapa na vida da criatura humana.
Seus olhos de beleza e brilho incomparáveis enviaram ao grupo de pássaros Sua mensagem de paz, o desejo de ouví-los.
Tocado quase por um poder sobrenatural, destacou-se dos seus companheiros um pássaro de lindíssimas penas brancas e azuis com raios dourados. Era realmente lindo. Aproximou-se do Mestre e tocou-lhe com a cabecinha o divino manto. Depois entoou maviosíssimo canto. Foi o início de um grande concerto. Todos os pássaros ofereceram ao Mestre dos Mestres a dádiva do seu canto, a alegria das suas pequenas almas agradecidas. Jesus estava enlevado com os pássaros, com a beleza espiritual daquele momento sublime. No entanto, sentiu que havia alguma coisa incompleta...
Um pouco distante do grupo mavioso estava um pássaro encolhido e triste. Não sabia cantar como os seus companheiros. Que poderia fazer que traduzisse seu amor a Jesus? E essa pergunta torturava-lhe a sensibilidade fazendo-o sofrer intensamente. Ele que tantas vezes sonhara com o instante de admirar a figura augusta do Salvador do mundo, agora que O tinha tão perto, nada podia fazer. Sua garganta fechava-se ao seu desejo. E por mais que se esforçasse apenas conseguia emitir desengonçados ruídos. Nesse momento pousaram sobre o passarinho triste os suaves olhos do Rabi Maravilhoso. Erguendo as etéreas mãos, Jesus exclamou: - E tu, sabiá, não cantas ?
O sabiá nesse tempo ainda não cantava. Vendo-se objeto dos olhares de todos os companheiros, ergueu-se de onde estava abatido e triste. Parecia que a atenção do Mestre dera-lhe novas energias. Agitou as pequenas asas e, em poucos segundos, num vôo muito alto, desapareceu por entre as nuvens.
Os outros pássaros ficaram atônitos; olhavam-se aflitos e preocupados. Teria fugido, o sabiá? Com certeza não entendera a beleza daquele momento. Jesus ali estava entre eles... Como pudera fazer tal coisa?
Mas, de repente, lá ao longe, apareceu o vulto pequenino do sabiá. Parecia estar fazendo enorme esforço para não perder o equilíbrio.
Reparando melhor perceberam que o companheiro trazia presa ao bico uma imaculada rosa salpicada de pequenas gotas vermelhas que brilhavam ao sol como rubís preciosos. Na sofreguidão de colher a suave rosa branca o sabiá ferira-se. de sua cabecinha rutilavam gotas de sangue que emprestavam à bela rosa um colorido diferente, maravilhoso!
Sem perda de tempo o sabiá com todo respeito e carinho depositou, no regaço de Jesus, sua dádiva de amor e agradecimento.
Uma estranha emoção parecia envolver a natureza inteira.
Olhando com infinita ternura para o passarinho ofegante, o Mestre segurou delicadamente a bela rosa raiada de vermelho pousando-a sobre Seu divino coração. Depois, estendendo as mãos ao sabiá vaticinou com profundo amor e doçura: - De hoje em diante serás o rei dos pássaros cantores. Canta sabiá!
Recebendo a força que emanava das palavras do Mestre, o sabiá cantou. Cantou divinamente! Desse dia em diante o nosso sabiá tornou-se o pássaro mais melodioso de quantos cantam nas matas do Brasil - o rei dos pássaros cantores
!

Autoria desconhecida

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Coração



No coração existe uma pulsação da vida se tornando vida, que é o ritmo do cosmo refletido do coração de Deus para o coração do Grande Sol Central através do coração dos Elohim e, dali, para todas as ondas de vida que evoluem no tempo e no espaço. O coração é o foco para o fluxo da vida individualizada como a Presença do EU SOU, a mônada divina da individualidade, o Cristo Pessoal que é a personificação da realidade do ser para cada alma.

O coração é o ponto de conexão para todos os seres, para todas as consciências individualizadas. Por seu intermédio, toda a humanidade é uma só. Pelo coração, o Cristo do Um, o filho unigênito de Deus Pai-Mãe, torna-se o Cristo de todas as ondas de vida que manifestam a vida de Deus através do cosmo.

Pela obediência ao primeiro e grande mandamento do Senhor __ “Amarás o Senhor Teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” __ o coração do homem se une ao de Deus e tem início a alquimia da vida na Terra como é vivida no céu.

Fonte: “O Fortalecimento da Aura”
Mark e Elizabeth C.Prophet

Os Testes Rigorosos do 4º Raio


"A estes e a todos os que pedem para entrar (na escola do 4º raio), Serapis esclarece o que são os rigores da mais alta senda para a mestria, a senda da luz branca, de uma pureza conquistada através do serviço, do sacrifício pessoal e da entrega de si mesmo ao todo que é Deus.
Os métodos de disciplina de Serapis Bey são feitos especialmente para cada candidato à Ascensão. Depois de uma entrevista inicial conduzida por ele mesmo ou por um dos Doze Adeptos que estão à cabeça da sua escola de mistérios, os devotos que vem ao seu retiro são divididos em grupos de cinco ou mais pessoas e encarregados de levar a cabo projetos juntamente com outros iniciados cujos padrões de carma (ilustrados graficamente na sua astrologia) fazem prever o maior atrito entre ambos. Esta prova tem de ser-lhes dada a fim de que possam optar por permanecer ou não centrados em Deus. Em pouco tempo torna-se claro ser necessário renunciar a todos os ídolos do eu tirano ou do passado cármico se é que o discípulo quer fundir-se com a corrente unificadora da Lei do Um.
Cada grupo continua o seu serviço conjunto até haver harmonia - a nível individual e como unidade coesiva da Hierarquia - aprendendo entretanto que os traços de caráter que mais desagradam no próximo são o pólo oposto dos piores defeitos de cada um e que aquilo que um critica nos outros poderá ser a raiz da sua própria mestria.
Além desse tipo de dinâmica de grupo, as pessoas são colocadas em situações (tanto no retiro quanto nas suas atividades do dia-a-dia) que lhes lançam os maiores desafios, de acordo com os seus padrões cármicos, que vão mudando. Neste curso de Serapis, o indivíduo pura e simplesmente não pode deixar a meio uma crise, uma situação ou alguém que lhe desagrade. Tem de ficar em pé, enfrentar e conquistar a sua mente carnal e a energia corrompida, disciplinando a sua consciência na arte da não-reação às criações humanas dos outros, aprendendo também a não ser dominado ou influenciado pela sua própria criação humana.
Quando as almas que foram colocadas muito perto umas das outras, precisamente por se terem relacionado erroneamente durante vidas inteiras, conseguem polir as suas arestas, preferindo finalmente a Harmonia divina à todos os deuses menores de tão terríveis lágrimas e longos discursos irados, passam então para câmaras de estudos avançados. Aí, na presença de Serapis, os segredos alquímicos da Árvore da Vida podem finalmente ser dados a conhecer aos que, fartos do mundo do desejo, dominaram as (suas) paixões e polarizações, consentindo somente em "estar quieto e saber que EU SOU Deus".

Fonte: Livro “Senhores dos Sete Raios”
Mark e Elizabeth C.Prophet

O Sacrifício



Todos os que iniciarem este estudo das emanações da aura e da propagação do campo de força humano no espaço devem compreender que o homem já tem dentro de si a natureza criadora. Porém, ao usá-la incorretamente, ele construiu ao longo de suas encarnações as circunstâncias indesejáveis e doentias que atormentaram os jovens, que perturbam as gerações mais velhas, e que não contribuem de forma nenhuma para a melhoria qualitativa da vida originalmente planejada pelo Todo-Poderoso.
É preciso refletir sobre a esperança do mundo como sendo a sua luz. A emanação áurica do mundo atual não tem qualquer semelhança com a aura crística que emana da consciência do Cristo Universal, e a maioria das pessoas continua a ignorar as mais simples verdades cósmicas, porque os poderes das trevas conseguiram levar a cabo as distorções das Escrituras que há muito, muito tempo desejavam.
O homem interpreta a sua relação com o Divino usando conceitos pagãos e antropomórficos. Acredita que Deus se deixa apaziguar com sacrifícios; no entanto, continua sem compreender qual o verdadeiro significado do sacrifício.
No caso do Mestre Jesus, dada a perfeição da sua natureza, da qual Ele tinha clara consciência, a expiação dos pecados não era necessária; no entanto, Ele nos é apresentado como um homem que pode dar a salvação suprema aos que nele acreditam. As pessoas que compreendem, de um ponto de vista verdadeiro, o significado de Deus, de Cristo e da vida, sabem que não há diferença entre a natureza divina em Jesus e a natureza divina, dentro de si mesmas. Compreendem que o céu é imparcial. Todos podem equiparar-se à imagem do Filho bem-amado. As noventa e nove ovelhas têm que ser abandonadas, pois já possuem a força interior necessária para perceber esta verdade. Já a ovelha que se desgarrou, que ficou presa nas sarças da confusão, incapazes de ver a sua realidade e o resplendor interior da imagem divina, precisa rejeitar agora a falsa doutrina dos cegos guias da sua cegueira; tem de dar ouvidos à voz de Deus e retornar a ela.
Esperamos que, através destes estudos sobre a aura, muita gente encontre o caminho de regresso à casa do Pai. Uma vez lá, compreenderão ser necessário apresentarem-se a Deus como um sacrifício vivo. O Pai nunca tencionou impor penitências ao homem nem exigir uma forma de sacrifício para aplacar a Sua ira. A única ira de Deus válida nos tribunais cósmicos do céu é a retribuição do carma, do fardo dos pecados que imputa aos homens a escuridão que eles próprios criaram, consentiram ou aprovaram.

Texto extraído do livro: “O Poder da Aura”
De: Mark e Elizabeth C.Prophet

Discurso do Cristo Cósmico


“FILHOS AMADOS DE DEUS UNO E TODO PODEROSO, acaso não sabeis que a Vida que viveis emana da “UNA PRESENÇA SUPREMA” – Eternamente Pura, Santa e Perfeita? Se alguma coisas fizerdes para macular a Beleza e a Perfeição dessa Vida Una, apartar-vos-eis das Dádivas de Deus. Vossa Vida é a Jóia Sagrada do Amor de Vosso Deus – a “Fonte” dos Segredos do Universo.

Vosso Deus vos confia a “Luz” do Seu Próprio Coração, Amai-A! Adorai-A! Fazei com que Ela se expanda sempre em maior Luz e maior Glória! Vossa Vida é a Pérola de Grande Valor. Sois os guardiões do Tesouro de Deus. Vigiai-O, e não O useis senão para Ele somente e sabei que recebestes a “Luz da Vida”, de cujo uso tereis de prestar contas.

A Vida é um Círculo contínuo, o Princípio sobre o qual repousa a construção de vossa cidade. Se criardes Aquilo que se assemelha à vossa ‘Fonte’ e reconhecerdes Seu Amor e Sua Paz dentro de vós, se usardes vossos Poderes Criadores para derramar bênçãos somente, então, enquanto vos moverdes em volta de vosso círculo de existência, conhecereis a Alegria da Vida e a Ela será acrescentada Maior Alegria. Se vossas criações não forem puras como na ‘Origem’, vossos males voltarão a vós, acrescidos de outros da mesma espécie.

Vós, somente escolheis vosso destino e vós, somente respondereis perante Deus pelo uso que fizeste da ‘Vida’ – de Vosso Ser. Ninguém pode escapar à Grande Lei. Por longo tempo proclamei esta ‘Lei da Vida’. A Lei de ‘Vós Mesmos’, sois dentro de vós, porque podeis sempre vos aproximar de vosso Deus, se desejais Perfeição de Vida.

Nem sempre virei, como agora, deter vossos transviados passos sobre o Caminho da Verdade, nem para vos fazer lembrar a vossa Luz Eterna, colocada no píncaro de um monte para vos guiar. Em um dia distante, falarei dentro do Coração do homem e se amardes a Vida, vireis até Mim, em vós, meus filhos. Se quiserdes Me conhecer – ‘A Luz’ – tereis de procurar-Me, achar-Me, e tendo Me achado permanecereis Comigo PARA SEMPRE!.

Nesse dia, a Trindade ‘Pai-Mãe-Filho’ será Una no coração do homem. O Filho é, eternamente, a Porta – o Caminho para Deus. Em vossa mente e em vosso coração está a Minha Luz para vos fazer lembrar, permanentemente, Minha Presença, porque no futuro estarei presente só ‘Nessa Luz’.

Então, serei a Sabedoria em vossa mente para governar o Amor em vosso coração, para que possais ser impregnados com a Paz da Vida Una – Deus. Vosso corpo é tão somente o instrumento de vossa Alma e dentro de vossa Alma deve fluir ‘Minha Luz’, do contrário perecereis.

Minha Luz em vossa mente, é o ‘Caminho’ que leva ao Coração da Luz Total. Unicamente pela Minha Luz em vós podeis expandir a Luz em cada célula de Vosso Ser, tornando-O cada vez maior. Em vossa garganta está a Minha Luz, que é vosso poder de falar Minhas Palavras. Por meio delas, Eu sempre ilumino, protejo e aperfeiçôo meus filhos. Palavras que não realizam esta tríplice missão, não são Minhas Palavras, e só podem acarretar desgraça quando proferidas.

Meditai sobre Minha Luz em vossa mente, em vosso coração, e vereis dentro de todas as coisas, conhecereis todas as coisas e farei todas as coisas. Então, aquilo que não vem de Mim, jamais poderá confundir-vos.

Pronuncio agora estas palavras para que sejam gravadas em tabuinhas de barro e na memória dos adeptos. No dia longínquo a que me refiro, um dos filhos de Deus receberá estas minhas palavras e as transmitirá para benção do mundo.

Nessa época, quando tiverdes recebido plenamente ‘Minha Presença’, deixando-A atuar sempre em vossa Vida e em vosso mundo, vereis as células do corpo, que então ocupardes, tornarem-se brilhantes com a ‘Minha Luz’ e verificareis que podeis continuar dentro desse ‘Eterno Corpo de Luz’ – a Túnica Inconsútil do Cristo. Então, e só então, ficareis livres da roda das reencarnações. Tendo percorrido vossa longa jornada através da experiência humana e cumprido a Lei de Causa e Efeito, transcendereis todas as condições regidas pela Lei e vos convertereis, vós mesmos, na ‘Lei’ – Todo Amor, ‘O UNO”.


Livro: Mistérios Desvelados

O que é discernimento dos espíritos


Um Dom que não procede da capacidade humana

O discernimento é uma habilidade ou capacidade dada por Deus de se reconhecer a identidade (e muitas vezes, a personalidade e a condição) dos “espíritos” que estão por detrás de diferentes manifestações ou atividades. Este dom, essencial à Igreja, é geralmente concedido aos pastores do rebanho de Deus e aos que estão em posição de guardar e de guiar os santos.
Como podemos ver na definição acima, esse dom de Deus nos ajuda, portanto, a perceber a origem de uma intuição, de um pensamento, a causa de um comportamento – especialmente quando este se nos apresenta de forma estranha. O discernimento, assim, é um dom “protetor da comunidade e protetor de todos os outros dons”.
Como dom [discernimento dos espíritos], não procede das capacidades simplesmente humanas nem das deduções científicas que possamos ter adquirido. “O discernimento é intuição pela qual sabemos o que é, verdadeiramente, do Espírito Santo”.
O discernimento também pode ser visto como uma espécie de visão ou sensibilidade; é uma revelação espiritual da operação de diferentes tipos de espíritos numa pessoa ou numa situação; é o meio pelo qual Deus faz os cristãos tomarem consciência do que está acontecendo.
Após todas estas definições, podemos nos perguntar: Qual o benefício esse dom nos traz ao ser usado de forma adequada? Como utilizá-lo? Como deve ser utilizado pelas pessoas, quando estas vivem situações complexas? Como elas devem proceder a partir da orientação certa e segura que o discernimento lhes deu?
O uso do dom do discernimento
O carisma em estudo nos permite agir de forma correta em um fato ou situação que temos em mãos, no momento. Permite-nos identificar a causa dessa situação especial, podendo, assim, nos levar à raiz, ao princípio que a move, que a origina, encaminhando à situação acertada e feliz.
O uso do dom nos ajuda, portanto, a conhecer o espírito, isto é, o princípio animador (anima = o que anima, move, movimenta, etc.). Com ele, podemos chegar, com facilidade, à origem de uma inspiração e confirmar de onde esta pode vir:
- Se provém de Deus (ou de Deus por meio de Seus anjos, os Seus mensageiros);
- Se tem origem na mente humana (a qual pode estar sã, doentia, desequilibrada ou alterada);
- Se provém dos espíritos maus (do demônio ou de influências espirituais maléficas).
O discernimento ajuda-nos, ainda, a distinguir o certo do errado, o verdadeiro do falso, orientando nossas vidas na fé e doutrina de Jesus Cristo. O Senhor tem para nós esse grande dom, esse precioso dom, que é o discernimento dos espíritos. Embora ele seja um dom, embora nos seja dado gratuitamente, é resultado, também, da nossa caminhada. Precisamos caminhar e amadurecer e o que nos torna maduros é a perseverança, a oração, a Palavra de Deus e a docilidade. E com a maturidade vem também o discernimento dos espíritos.
Que Deus dê a você esse grande dom. Você pode orar agora: Senhor Jesus, peço o discernimento dos espíritos. Preciso muito desse dom para não confundir todas as coisas. Não quero saber de nada de mau, não quero saber confundir. Quero ser guiado, conduzido, orientado pelo Senhor. Dá-me, Senhor, o dom do discernimento dos espíritos. Amém!
Peço para você a graça da caminhada, do crescimento, para que venha a trilhar o seu caminho com perseverança. Peço que, amadurecido, crescido e arraigado em Jesus, que você tenha todo discernimento para poder servir ao Senhor cada vez melhor; como bom e prudente e a quem o Senhor pode confiar o que tem de mais precioso.
Vinde, Espírito Santo, e dai-nos o dom de discernir.
PadreLuizinho
Comunidade Canção Nova

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É Loucura Ficar Ofendido


Quando estudei o guia de Cordovero sobre como adquirir os 13 atributos da misericórdia, lembrei-me de um ensaio da autoria de Mary Baker Eddy, a fundadora da Ciência Cristã. Ele estabelece um paralelo com o conselho de Cordovero de não guardar ressentimento ou raiva, não importa quão más possam ter sido as ações do outro. O seu ensaio, intitulado “Ficar ofendido”, produziu um grande impacto em mim quando o li nos tempos em que era estudante universitária. A senhora Eddy escreve o seguinte:

A flecha mental que é lançada do arco de outra pessoa é praticamente inócua, a menos que o nosso próprio pensamento a arme. É o nosso orgulho que faz com que a crítica de outro seja exasperante, é a nossa vontade que faz com que o ato de outro seja ofensivo, é o nosso egoísmo que se sente ferido pela autoafirmação de outro. Bem poderíamos nos sentir ofendidos pelos nossos próprios erros; mas não podemos nos sentir miseráveis pelas faltas dos outros.

Um cortesão disse a Constantino que uma multidão tinha quebrado a cabeça da sua estátua com pedras. O imperador levou as mãos à cabeça, dizendo: “É uma grande surpresa, mas não me sinto nem um pouco ferido”.

Devemos lembrar-nos que o mundo é grande; que existem cem milhões de vontades, opiniões, ambições, gostos e amores diferentes; que cada pessoa tem uma história, constituição, cultura e caráter diferentes de todo o resto; que a vida humana é o trabalho, a interação, a ação e reação constantes sobre cada um destes diferentes átomos. Então, deveríamos avançar na vida com o mínimo de expectativas, mas com o máximo de paciência; com uma grande apreciação por tudo o que é lindo, grande e bom, mas com um temperamento tão agradável que a fricção do mundo não pudesse perturbar a nossa sensibilidade...

Nada, a não ser os nossos erros, deveria ofender-nos. Aquele que tenta prejudicar outro de livre vontade é um objeto de piedade em vez de ressentimento.

Quando li este ensaio num dia de inverno em Antioch College, um grande peso foi levantado de cima de mim. Adotei logo ali a advertência de Jesus a Pedro. Era como se ele estivesse falando diretamente comigo: “Que te importa a ti? Segue-me tu”.

Descobri que o que quer que alguém me dissesse ou fizesse não poderia ofender-me. Oh, que grande libertação foi essa!

Aprendi que ficar com raiva ou ressentimento é um círculo vicioso, porque isso nos liga à pessoa ou objeto do nosso desagrado e exaure a nossa energia, porque uma parte de nós está sempre concentrada nessa situação não resolvida. Se continuamente revolvermos o passado, não estamos livres para seguir adiante. Mas quando perdoamos e esquecemos, libertamos cem por cento da nossa energia para aplicar em tarefas construtivas.

Por vezes, quando as pessoas nos prejudicam, isso só tem a ver com elas e nada a ver conosco. Talvez as palavras aceradas de alguém tenham a ver com uma dor interna que não vai embora. Talvez um amigo frustrado esteja carregando um fardo demasiado pesado e a sua alma esteja pedindo ajuda.

Por outro lado, quando alguém me critica sempre tento retirar daí uma lição. Ao longo dos anos, aprendi muito sobre mim mesma com os meus inimigos, assim como com os meus amigos. Cada encontro, por muito desagradável que seja, oferece uma oportunidade de aprender alguma coisa nova sobre nós mesmos – se estivermos abertos para isso. O Mestre Ascenso El Morya coloca a questão da seguinte maneira: “Se o mensageiro for uma formiga, escutai-o!” Devemos olhar para além do mensageiro e para a própria mensagem.

Texto extraído do livro: Cabala – O Caminho da Sabedoria – de Elizabeth C.Prophet

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quero Nascer - O brado da Alma



Uma compreensão espiritual da vida da alma e do seu relacionamento com o corpo que está sendo preparado para ela tem mudado a forma como muitas pessoas veem o aborto. Oferecemos estes ensinamentos espirituais para que as pessoas possam estar mais esclarecidas, antes de tomarem suas decisões.
O aborto é um assunto complexo. Existem muitos argumentos contra e a favor e também muitos mitos. Todavia, sob um ponto de vista espiritual, as respostas podem ser mais simples do que pensamos e muito mais abrangentes do que poderíamos imaginar.

UMA DATA PARA CADA ALMA

Cada alma tem um horário. Arcanjos e seres cósmicos de luz dirigem os horários da concepção e do nascimento de todas as crianças. Esses horários também são dirigidos por seres de grande mestria que são os patrocinadores dessa alma __ os Padrinhos, por assim dizer. Os horários fazem parte do grande plano de Deus para a vida.
Pense em como você foi maravilhosamente criado, como Deus cuidou pessoalmente e supervisionou com todo o cuidado a sua criação no ventre. Se Deus Pai/Mãe ordenou a sua concepção, os seus pais, a sua vida, o seu propósito, a sua razão de ser. Você nasceu no momento preciso, ordenado para o seu ser.
O que faria se não tivesse nascido? Como lidaria com o seu destino espiritual?
O aborto de uma alma é mais do que o aborto do corpo físico. É o aborto do destino e plano divino dessa alma. É o aborto de um chamamento individual de Deus, pois Ele escolhe um momento muito especial na história para cada alma voltar à Terra, com a finalidade de participar do plano divino nas décadas e nos séculos.
Quando abortamos a vida no ventre, abortamos a oportunidade de uma alma, cuja data para encarnação na Terra chegou nos ciclos da vida. Mesmo antes de uma criança ser concebida, o plano divino da alma foi planejado com todos os detalhes. O grande desígnio de Deus é tão exato que, no momento da concepção, os genes do minúsculo embrião são apropriados para a alma específica que o habitará.
Todos têm uma missão. Os que passaram por uma experiência de morte aparente contam, muitas vezes, que souberam qual era a sua missão durante reuniões com anjos e mestres de luz. Essas reuniões são chamadas “revisões de vida”. De fato, ao final do seu tempo na Terra, cada alma faz uma avaliação da vida que viveu. Os sucessos e falhas são vistos como um aprendizado. Os que voltaram de uma experiência de morte aparente fazem-no muitas vezes por terem uma missão específica que ainda não haviam cumprido. Voltam com um sentimento genuíno de propósito, buscando realizar o que vieram fazer na Terra.
Uma criança entra no ventre com uma missão única e o mesmo sentimento de propósito. Antes mesmo da concepção, um conselho de supervisores espirituais, juntamente com o Eu Superior da alma, determina onde, quando e em que circunstâncias ela encarnará. Essas circunstâncias são adaptadas às necessidades da alma para dar-lhe melhor oportunidade de resolver os propósitos da vida na terra, assim como o carma específico que lhe foi atribuído para ser transmutado e purificado em determinada encarnação.

Texto extraído do livro: Quero Nascer - O Brado da Alma

De Elizabeth C.Prophet

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

“Credulidade gera credulidade e termina em hipocrisia



A Busca da Sabedoria Requer Independência,
Espírito Crítico e uma Constante Experimentação
Carlos Cardoso Aveline



O caminho da verdade é estreito e difícil, segundo ensina o Jesus do Novo Testamento em Mateus, 7:13-14. Nisso, como em vários outros pontos, os evangelhos repetem e reforçam a antiga filosofia pitagórica.

Testes e ilusões à parte, não há qualquer satisfação pessoal maravilhosa à espera de quem pretende trilhar o caminho da verdade. Ao contrário. O caminho é probatório. Para avançar, cada um deve “tomar a sua cruz” (Mt 10:38).

Esta é a antiga lei da independência e do bom senso, e o Jesus do Novo Testamento a propõe também ao afirmar que os falsos profetas - e os falsos ensinamentos - serão conhecidos pelos seus frutos (Mt. 7:15). Isso não é tudo: vários séculos antes de Jesus, Gautama Buddha já ensinava:

“Escutem, Kalamas. Não se deixem desorientar por afirmações, por tradições ou por ouvir dizer. Não se desorientem pelo domínio das Coleções (de escrituras), nem por mera lógica ou inferência, nem pelo fato de considerar as diferentes razões, nem pela reflexão sobre alguma visão ou por sua aprovação, nem porque ela é conveniente, e tampouco porque o asceta (que a defende) é o seu instrutor. Mas quando vocês souberem por si mesmos que alguma coisa é censurada pelos inteligentes; que alguma coisa, quando realizada e levada à prática, conduz à perda e ao sofrimento - então a rejeitem.” [2]

Observando os efeitos práticos da pedagogia baseada em fenômenos extraordinários, crença automática e “canalizações”, o observador isento pode ver que uma tal “didática” produz preguiça mental, gera disputas de poder e provoca desânimo, entre outras formas de equívoco. Por outro lado, a pedagogia da filosofia esotérica – que coincide com a visão do educador Paulo Freire - é estimulante porque recomenda que o peregrino “agarre sua cruz” (isto é, assuma a responsabilidade por sua vida) e siga o caminho avançando por mérito e esforço próprios.

Frequentemente é a impaciência que leva à credulidade. A caminhada autêntica é de longo prazo e requer paciência. Cada intuição deve ser testada pela experimentação e pelo bom senso. As ilusões clarividentes e canalizadoras (“conversas com grandes seres”) são fogos de artifício brilhantes. O preço a pagar é a cegueira espiritual.

Vejamos, sobre tais “poderes psíquicos”, algumas situações concretas. Suponhamos, por exemplo, que alguém imagine que pode conversar com Mahatma Gandhi.

Naturalmente, conversar com Gandhi é viável no plano não-literal e arquetípico. É possível dialogar com a idéia sutil de Gandhi que está presente em nosso subconsciente, e, até certo ponto, com a presença do líder indiano registrada na memória coletiva da humanidade, no akasha ou luz astral. Porém, apenas a ausência de uma compreensão minimamente razoável dos processos da reencarnação permitiria imaginar que a alma de Mohandas Gandhi esteja ainda hoje nos níveis inferiores de consciência, e seja capaz de ter contato “personalizado”, literal e verbal com alguém. Por maior que seja a satisfação de conversar pessoalmente com esse grande pacifista - ou com outros pensadores da história da humanidade - só um ingênuo destituído de bom senso pode pensar que cenas desse tipo sejam literalmente reais.

1. Sonhos, Pós-morte e Vigília.

Sobre contatos com mortos, é bom lembrar um ponto básico. Salvo exceções, que qualquer alma que tenha estado em contato mais estreito com a inteligência espiritual alcança a consciência divina pouco tempo depois da morte física, abandonando toda noção de nome pessoal, identidade separada e outras funções exclusivas do plano físico e do eu inferior. Eventuais contatos, pouco frequentes, terão de ocorrer nos planos superiores de consciência, que transcendem a separatividade pessoal. Também é uma ilusão a idéia de que alguém, no pós-morte, possa fazer opções, trocar ideias verbalmente e no plano tridimensional, ou ter uma consciência semelhante à consciência cerebral do estado de vigília.

A consciência no pós-morte não possui o sentido de identidade - ahamkara, em sânscrito, a noção de eu - que é típica do plano físico e dos cinco sentidos. A consciência posterior à morte é de certo modo semelhante à consciência dos sonhos, onde, como se sabe, o “eu” pode assumir formas diferentes e até a aparência de árvores, de animais, de santos, mestres, e assim por diante. A psicologia indica, corretamente, que tudo e todos que aparecem em um sonho fazem parte de nós e simbolizam outras caras do nosso “eu”. Só isso é suficiente para mostrar que no estado de sonhos o sentido de identidade firme ou separada desaparece. Você pensa em Gandhi e Gandhi aparece: se você admirar muito Gandhi, você talvez passe a ser Gandhi no sonho.

Há, pois, nos sonhos, uma des-identificação, uma soltura da noção de um “eu” estável. Esta é uma característica da consciência que não está presa a um corpo físico. A des-identificação ou despersonalização é naturalmente muito maior no pós-morte do que no sonho, e isso por motivos facilmente compreensíveis. Vejamos dois deles.

1) No sono, o “cordão” que liga a alma mortal ao corpo físico não é cortado, mas apenas parcialmente desativado. Impressões corporais provocadas por estômago cheio, bexiga cheia ou posição desconfortável interferirão no conteúdo dos sonhos. No pós-morte, em compensação, a perda de contato com o corpo é total.

2) No sono, o afastamento do corpo dura poucas horas. Grande parte das pessoas levanta para ir ao banheiro no meio da noite, abrindo em meio ao sono um intervalo de vigília e contato com o corpo denso. No pós-morte, o afastamento é definitivo.

No pós-morte já não existe um “eu” que use livre-arbítrio, que crie carma novo, que tome decisões e viva em estado de vigília. Há apenas uma resultante energética final, automática e natural, que é a grande colheita cármica da vida que passou. Essa resultante energética deve ser deixada em paz para que possa elevar-se - sem sofrer interferências vibratórias indevidas - em direção às vibrações celestiais. Assim ela se libertará dos planos de realidade ilusória em que predominam as personalidades.

Examinemos então o que pode ocorrer no caso de um iogue avançado que já em vida tinha graus ampliados de consciência durante o sono, e que também podia afastar-se em pensamento de um local mesmo quando estava em um estado próximo à situação de vigília, como em meditação.

Para um tal indivíduo, a morte já não é a mesma coisa que para a pessoa média. Porém, exatamente por ser avançado, ele não irá ficar qualquer tempo considerável na esfera terrestre, durante seu pós-morte. Ele passa a ser a força-resultante da encarnação que terminou. Tal força aponta muito mais fortemente para o alto e para o celestial do que a força-resultante do cidadão comum.

Assim, é uma blasfêmia inconsciente e involuntária pensar que a alma imortal de um Mohandas Gandhi não teria nada a fazer exceto ficar próximo da terra física densa e dizer algumas banalidades espirituais para esta ou aquela pessoa, detendo sua poderosa marcha evolutiva para contrariar a lei sagrada e “aparecer” em rodas de amigos e distrai-los da sua própria tarefa sagrada, que é, naturalmente, entrar em contato maior e mais lúcido, no plano individual, com seus eus superiores.

O Brasil é um país em grande parte cristão e há aqui gente bem intencionada que supõe ter conversas assíduas com Francisco de Assis (1182-1226). Este é outro exemplo de fantasia desinformada. Quase oito séculos após largar seu corpo físico, Francisco ainda não teria se elevado aos planos celestiais de consciência?

A única possibilidade de que ele não esteja hoje no Devachan - o “local dos deuses”, a “terra sem males” ou “paraíso” individual que ocorre entre duas encarnações - é que ele seja um daqueles discípulos da Sabedoria Divina que conhecem e vivenciam o estado de consciência equivalente ao Devachan em plena vida física, e por isso são capazes de deixar de lado o Devachan após a morte para, em sua ânsia sacrificial de ajudar a humanidade, reencarnar rapidamente.

O Devachan é um longo estado de bem-aventurança obrigatória entre uma vida e outra. Mas ele pode tornar-se menos necessário quando o estado de consciência que lhe corresponde (um êxtase contínuo de felicidade e elevação divina) é alcançado em plena vida. Se for esse o caso, Francisco já terá tido tempo de encarnar outra vez (com outro corpo, outro nome, outra vida) e também de desencarnar de novo, nesses quase oito séculos. Nessa eventualidade, naturalmente, sua alma já não pode identificar-se com a velha figura de Francisco de Assis.

Alguns canalizadores atuais de Francisco encaram as práticas espirituais como meio de obter dinheiro. Por isso vale a pena também mencionar a doutrina franciscana em relação à moeda. Francisco era rigoroso em relação a questões éticas e disciplinares. Ele foi um anti-capitalista da idade média. A sua postura em relação ao dinheiro não pode ser adotada literalmente nas circunstâncias da moderna civilização ocidental. Hoje a influência do dinheiro sobre todas as esferas da sociedade é imensamente maior que naquela época. Mas a posição franciscana clássica é útil e nos dá o que pensar. Ela revela a necessidade de uma seriedade e uma ética absolutas nas questões que envolvem dinheiro. A regra da ordem dos frades menores, versão original, afirma:

“Mando severamente a todos os irmãos que de modo algum recebam dinheiro de qualquer espécie nem por si nem por pessoa intermediária” (Item 4).

Os itens 5 e 6 da mesma Regra dizem:

“Os Irmãos, aos quais o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem com fidelidade e devoção, de maneira que afugentem o ócio, inimigo da alma, e não percam o espírito de oração e piedade, ao qual devem servir todas as coisas temporais. Quanto à paga do trabalho, recebam o que for necessário ao corpo, para si e seus irmãos, exceto dinheiro de qualquer espécie; e isto façam com humildade como convém a servos de Deus e seguidores da mais santa pobreza. Os irmãos não tenham propriedade sobre coisa alguma, nem sobre casa, nem lugar, nem outra coisa qualquer, mas, como peregrinos e viandantes, que neste mundo servem ao Senhor em pobreza e humildade, peçam esmolas com confiança (...)”. [3]

Os monges mendicantes optam por viver pobremente e são uma tradição do budismo e do cristianismo clássicos. Da postura franciscana original, permanece o mais importante, isto é: o desapego e o rigor em relação às questões materiais, o cumprimento das obrigações, o autocontrole, o despojamento, o voltar-se inteiramente para as questões de conteúdo e de vivência da sabedoria. Francisco recomendava a seus seguidores que considerassem o dinheiro como excremento e, certa vez, castigou um frade por haver tocado em uma moeda [4].

2. O Diálogo Interior Não-Literal.

É verdade, que no plano imaginário, pode ser inspirador “dialogar” não-verbalmente com grandes pensadores e líderes humanitários tal como existem nas imagens deles introjetadas em nossa consciência, ou em nosso inconsciente e na memória coletiva.

Este “diálogo” pode ter como base verbal as obras e escritos deixados por tais pensadores. Vinte e oito diálogos deste tipo, todos bibliograficamente documentados, estão reunidos, por exemplo, no livro “Conversas na Biblioteca”[5]. Assim, o padrão vibratório deixado por São Francisco entre os humanos está disponível para os aspirantes ao caminho da verdade através dos seus escritos e dos testemunhos sobre ele, embora grande parte destes testemunhos sejam mais lendários do que documentais. É possível interagir desta forma racional com o pensamento de João da Cruz, Ramana Maharshi, Paul Brunton e inúmeros outros bons pensadores cujas obras chegaram até nós. Podemos fazer desse diálogo através do tempo um processo vivo sem a pesada carga ilusória da crença de estar conversando literalmente com uma pessoa que não existe mais.

A verdade é que todo ser humano interage ou “dialoga” em seu mundo interior não só com os autores que lê, mas também com a representação em seu mundo interior das pessoas que são importantes para si, estejam elas vivas ou não. Esta representação é alimentada pela presença sutil que um autor, escritor ou líder deixa como herança no mundo astral da comunidade humana na forma de skandhas, ou registros cármicos. Os skandhas podem ser ativados através das chaves da palavra escrita, das memórias e dos testemunhos. Mas uma coisa são os skandhas ou registros. Outra coisa é a alma imortal que deixou esses registros. A alma seguiu viagem: ela está em outra dimensão bastante superior. Pretender arrrastá-la para baixo não ajuda a ninguém e atrapalha a evolução e a aprendizagem de todos.

3. Exame de Alguns Argumentos Contrários

É saudável testar a solidez da tese colocada acima. Examinemos rapidamente três argumentos contrários à ideia de que pretender conversar literalmente com alguma divindade ou com grandes seres é uma forma pior que inútil de auto-ilusão.

A) Francisco de Assis conversava mentalmente, em meditação, com Deus e com Cristo. [6]

É verdade. Porém, nas conversas de Francisco e outros místicos clássicos com as figuras de Deus e de Jesus (símbolos do eu superior), o místico autêntico raramente ouve palavras elogiosas. Ao contrário. As figuras de Deus e Cristo no mundo interno de Francisco sempre interferem para aumentar o grau de rigor na caminhada. Isso é um bom critério para julgar experiências extrasensoriais. Se elas trouxerem mais austeridade e mais humildade, pelo menos saberemos que não são formas embelezadas pelas quais a velha preguiça e a vaidade se impõem disfarçadamente ao aprendiz.

Por outro lado, é preciso levar em conta que no tempo de Francisco o cristianismo passava por um momento de extrema precariedade conceitual e filosófica. Não havia qualquer possibilidade de um treinamento místico sobre bases mais elaboradas e cientificas, como ocorreu, embora de modo ainda muito limitado, a partir do século 15 e no período da Renascença. Francisco conversava com Jesus nos termos do cristianismo popular, em que alguém troca ideias livremente tanto com Jesus como com Maria ou São Judas Tadeu, nos termos do Diálogo Interior Não-Literal mencionado acima. Nesse caso, a figura do Mestre ou de Deus, com quem se conversa, funciona como um espelho flexível das potencialidades do eu superior do devoto, sem as complicações da “canalização” ou da mediunidade.

B) Sócrates, o filósofo, seguia um daimon, ou espírito.

Correto. Mas está aí um episódio pouco compreendido da história. Sócrates não era um títere mediúnico de algum “espírito”. Segundo as informações disponíveis, pode-se concluir que esse daimon, gênio espírito era o próprio eu superior de Sócrates. É indiscutível que Sócrates vivia e defendia a pedagogia do diálogo, e que ele usava o método racional de busca da sabedoria. Sócrates acreditava na independência intelectual e na responsabilidade cármica de cada indivíduo. A idéia de que o daimon de Sócrates fosse o seu próprio eu superior é fortalecida - entre outros indícios - por uma passagem de Marco Aurélio segundo a qual todos temos um espírito imortal encerrado em nosso peito. Essa era uma concepção mais ou menos estabelecida em todo o mundo clássico, desde os tempos de Sócrates. Marco Aurélio, o imperador-filósofo do mundo romano, escreveu:

“Vive com os deuses quem mostra constantemente a eles que sua alma está satisfeita com o que lhe foi aquinhoado e que sua alma satisfaz todos os desejos do Gênio que Zeus deu a cada homem para seu guardião e guia, uma parcela dele mesmo. E este Gênio é o espírito e a razão de cada um.” [7]

Gênio, ou Daimon, são diferentes palavras para espírito, eu superior, alma imortal ou ainda anjo da guarda.

C) H. P. Blavatsky conversava telepaticamente com Adeptos ou Rishis.

Helena P. Blavatsky era uma discípula avançada e tinha a capacidade de conversar literalmente por telepatia com Mahatmas e Raja-Iogues vivos (e não “espíritos” de mortos) devido a uma circunstância especial e concreta. Ela viveu alguns anos nos ashrams de grandes Iogues dos Himalaias e foi treinada diretamente por eles. Ela tinha um contato magnético amplo com os Mestres. Mas HPB foi uma exceção. Quase toda regra tem exceções que a confirmam. Apesar do uso da telepatia, a obra de Blavatsky deve ser julgada pelos frutos e pela sua qualidade intrínseca, e não pelos poderes psíquicos que sua autora usava. Helena Blavatsky deu início ao processo de intercâmbio espiritual ativo entre Oriente e Ocidente. Ela criou a filosofia esotérica e o movimento teosófico. Seu trabalho está na origem da filosofia espiritualista.

Cabe registrar também que a conversa com pessoas mortas não consta em nenhum dos três argumentos acima. Eliphas Levi, que estava ligado à tradição esotérica mais autêntica, fez a esse respeito uma experiência desastrosa de evocar o espírito de Apolônio de Tyana. Recebeu uma advertência solene e temível, segundo ele mesmo contou.

A filosofia esotérica original propõe uma visão de mundo sóbria, ampla, apoiada no rigor científico da Raja Ioga. Trata-se de trabalhar a questão esotérica a partir de um ponto de vista que combina a pesquisa experimental com o estudo e a vivência das grandes verdades universais. Estes fatores levam ao despertar natural da intuição superior, e quando a intuição superior existe espontaneamente, o que é raro, ela só ganha bom senso ao combinar-se com estes fatores.

Uma pesquisa avançada é a busca e a descoberta, parcial mas crescente, de uma sabedoria eterna universal e comum a diferentes sábios e servidores da humanidade. Tal sabedoria é interdisciplinar. Ela é inter-religiosa, intercultural, filosófica, intuitiva. Ela usa palavras mas não fica presa a elas. Ela pode ser mencionada por muitos nomes. Ela se caracteriza por colocar como questão central a conexão entre a alma mortal e a alma imortal do indivíduo, e a ponte entre a alma humana e o princípio absoluto do todo universal e divino.

Exclui-se desta equação, porém, qualquer figura imaginária de algum deus monoteísta, capaz supostamente de manipular as vidas dos indivíduos, favorecendo os que lhe fazem pedidos especiais ou oferendas pessoais, e ignorando o bom senso, a justiça ou a lei da causa e efeito.

A pedagogia proposta pela filosofia esotérica desloca para fora do campo de aprendizagem coisas como crença, ritual, posição social, busca de comodidade e apegos de ordem pessoal. Alguns poucos nomes entre tais sábios são H. P. Blavatsky, William Judge, Paul Brunton, Robert Crosbie e Sri Ramana Maharshi.

João da Cruz, entre outros, escreveu admiravelmente sobre a necessidade de renunciar a quaisquer visões maravilhosas, dons especiais e fatos extraordinários.

Na mesma linha estão os ensinamentos dos grandes filósofos clássicos; entre eles, Pitágoras, Platão, Epicteto, Sêneca, Cícero, Marco Aurélio, Musônio Rufo. No Oriente, temos Buddha, Lao-tzu, Krishna e tantos outros. Todos estão ligados de uma ou de outra forma à grande escola esotérica ou de almas que inspira corações e mentes da nossa humanidade através de um esquema de trabalho bastante constante e estável nos últimos 2500 anos, e cuja presença um pesquisador atento detecta com facilidade ao percorrer as páginas da história.

Os sábios e filósofos clássicos recomendam abandonar o uso de poderes psíquicos e apontam para o caminho que combina, paradoxalmente, austeridade (tapas, em sânscrito) com êxtase (samadhi, nirvana, satori).

O nome cristão de tapas é “penitência”, e não se refere apenas a uma austeridade física, mas também emocional e mental.

4. A Pedagogia do Bom Senso.

Assim, o ponto de vista clássico e realista é aquele que aponta para o “caminho estreito”, a “porta estreita” de Mt 7: 13-14, e não para a porta larga da busca da satisfação pessoal, mesmo quando esta última se caracteriza - do ponto de vista decorativo e de marketing - como espiritualizada.

Há três perguntas e respostas que ajudam a definir o caminho pedagogicamente autêntico:

1) A quem pertence o conhecimento?

Ele não é propriedade particular de ninguém nem pode ser tratado como algo sujeito a compra e venda. Ele pertence ao Universo e a todos os seres. Seria mais correto vender o ar que se respira e o vento das montanhas, do que o conhecimento sagrado.

2) Devemos aceitar e tolerar, em nós mesmos e nos outros, demonstrações expressas de vaidade, orgulho e manipulação de poder?

A resposta é negativa. O orgulhoso pensa que pode roubar o conhecimento do universo, mas está enganado. O orgulhoso é nosso irmão: devemos querer o bem dele. Nosso dever é ajudá-lo evitando produzir qualquer elemento que reforce a sua marcha insensata no caminho da auto-ilusão.

3) O que nos dá direito de participar do conhecimento?

O que nos dá esse direito é colocar sinceramente os nossos limitados conhecimentos a serviço do Todo e de todos os seres.

O esquema epistemológico e didático-pedagógico sugerido acima situa as relações humanas em um patamar impessoal e não ilusório. Ele propõe um aprofundamento da nossa filosofia de vida. Ele ensina a pensar e a decidir com autonomia em relação a tudo, inclusive em relação aos nossos reais objetivos para a atual encarnação. Ele ajuda a buscar a criação de espaços coletivos de exercício de carma ioga, ou ação altruísta, que sirvam como pólos de transformação para melhor, na sociedade que nos rodeia.

As filosofias clássica e esotérica recomendam que o aprendiz examine constantemente o que é ética para ele, e observe sempre como funciona a relação direta entre a busca da verdade e o seu sentimento de dever para com os outros seres. A ética, no entanto, não é uma acomodação a autoridades ou a rotinas sociais. A essência da Ética - inclusive na filosofia kantiana - está na Regra de Ouro do Novo Testamento. Este preceito é na verdade pelo menos seiscentos anos mais antigo que o cristianismo, e já era ensinado por Pitágoras no Ocidente e por Confúcio no Oriente. Mas os compiladores do cristianismo primitivo tiveram o bom senso de incluí-lo nos evangelhos, que dizem:

“Tudo aquilo que vocês quiserem que os homens lhes façam, façam vocês a eles, porque essa é a Lei” (Mt 7:12).

Aqui está a boa, generosa e onipresente lei do carma. Ela ensina que sempre colhemos o que plantamos, e que por isso é necessário aprender a plantar, agindo com o máximo de consciência possível em relação ao que estamos fazendo e em relação às consequências que virão depois - inclusive em vidas futuras.


NOTAS:

[1] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, editadas por Jinarajadasa, Ed. Teosófica, Brasília, 1996, 296 pp., ver p. 106.

[2] “The Wisdom of Buddhism”, edited by Christmas Humphreys, Curson-Humanities, London, 1987, 280 pp., ver p. 71.

[3] “São Francisco de Assis, Escritos e Biografias, Crônicas e Outros Testemunhos do Primeiro Século Franciscano”, Ed. Vozes, RJ, 1372 pp., ver pp. 134-135.

[4] “São Francisco de Assis, Escritos e Biografias....”, obra citada, pp. 862-863. .

[5] “Conversas na Biblioteca”, Carlos Cardoso Aveline, Edifurb, SC, 2007. Um dos capítulos do livro é um diálogo com os escritos de Francisco de Assis e com os ensinamentos atribuídos a ele.

[6] Veja-se, p. ex., p. 842 de “São Francisco de Assis, Escritos e Biografias....”, obra citada.

[7] Ver “Meditações”, Marco Aurélio, Ediouro, Tecnoprint S.A. , Livro V, item 27, p. 61.


O texto acima foi publicado inicialmente na revista budista independente “Bodigaya” (www.bodigaya.com.br), na edição número 22, ano 14, de 2010.

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Esquecendo o eu



Na Cabala e em outras tradições espirituais, a meta do místico de encarnar as virtudes de Deus é por vezes denominada “esquecer o eu”. Esquecer o eu significa esquecer o eu inferior, o eu humano. Significa esvaziarmo-nos para abrir espaço para Deus.

Esquecer o eu é a suprema expressão de humildade. O membro da escola hassídica do século XVIII, Hasid Issachar Ber de Zlotshov, diz que a humildade é a meta de todas as práticas espirituais:

A essência da adoração a Deus e a todos os mitzvot [mandamentos] é alcançar o estado de humildade, nomeadamente... compreender que todos os nossos poderes físicos e mentais e o nosso ser essencial são dependentes dos elementos divinos do interior. A pessoa é apenas um canal para os atributos divinos. Consegue-se alcançar essa humildade pela admiração da imensidão de Deus pelo entendimento de que “não existe lugar onde Ele não esteja”.

O líder hassídico Bov Baer ensinou o seguinte: “Pensai em vós como ayin [nada] e esquecei-vos de vós totalmente... Se pensardes em vós como alguma coisa, então Deus não vos pode revestir, pois Deus é infinito. Nenhum receptáculo pode conter Deus, a menos que penseis em vós como ayin.

Outro escritor hassídico usa uma linguagem semelhante para descrever o professor inspirado:
Aquele que prega em prol do céu deve considerar que o intelecto e o sermão não são seus; em outras palavras, ele está tão morto como um cadáver pisoteado, e tudo vem de Deus, abençoado seja o Seu nome... Deus está colocando na sua mente as palavras e a mensagem moral que ele está transmitindo à congregação; de modo que cada palavra deveria ser como um fogo ardente, e ele deveria sentir-se compelido a proferi-las todas. De outro modo, ele é como um profeta que suprime a sua profecia.

O mesmo princípio de ser um canal para o divino aplica-se aos que oram. Daniel Matt diz que os hassídicos ensinam que “o único papel ativo do místico é a decisão de orar e o esforço de manter a clareza essencial para transmitir energia divina”. O místico permite-se ser o instrumento e Deus faz o resto. Numa obra hassídica, podemos ler o seguinte:

Aquele que merece este nível [de ser um instrumento para a transmissão da energia divina] nada mais é que um instrumento por intermédio de quem estão sendo conduzidas palavras do alto. Esta pessoa apenas abre a boca... A condição essencial para a oração é estar limpo de toda impureza, para que a voz do alto não seja corporificada na sua voz. Todos podem merecer este nível... Sua voz é, por assim dizer, a voz da Shekhinah; eles são apenas instrumentos.

“Num tal estado” explica Matt, “o assunto e o objeto da oração são o mesmo. Adora-se Deus com Deus. Deus torna-se como um sumo sacerdote, servindo a Si mesmo por meio da oração humana” Dov Baer explica tudo quando diz: “Seja o que for que façamos, é Deus que o está fazendo”.

Outros místicos das religiões mundiais falam sobre esquecer o eu. Os taoístas, por exemplo, usam a frase “esquecer o eu” ou “perder o eu” para descrever o processo de perder o sentido do eu que está separado do Tao, da Realidade Suprema. Eles dizem que “perder o eu” não significa eliminar a nossa identidade; mas impedir que o eu inferior se interponha ao Tao.

O poeta sufi Rumi descreve o processo de esquecer o eu como o abandono do eu inferior. O autodespojamento, diz ele, é um requisito para a ascensão mística a Deus:

Até ser aniquilada, nenhuma alma

É admitida na sala divina da audiência.
O que é a ‘ascensão’ ao céu?
A aniquilação do eu;
O abandono do eu é o credo e a religião dos amantes
.

Jesus também passou pelo mesmo processo de esquecer o eu e tornar-se um cálice para Deus, ao dizer:

“Meu pai trabalha até agora, e eu trabalho também...
...o Filho, por si mesmo, não pode fazer coisa alguma, se não vier o Pai fazê-lo...
Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma... porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou.
Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai que está em mim é quem faz as obras.”

Jesus ensinou à santa do século XIV, Catarina de Sena, que o segredo de desenvolver um relacionamento íntimo e místico com Deus era, mais uma vez, esquecer o eu __ tornar-se, como Dov Baer diz, “nada”. Um dia Jesus apareceu a Catarina enquanto ela rezava e disse:

Sabes filha, quem tu és e quem eu sou? Se soubesses estas duas coisas, serias abençoada. Tu és aquilo que não é; Eu sou Aquele que é. Se tiveres este conhecimento na tua alma, o inimigo nunca poderá enganar-te; escaparás de todas as suas armadilhas; nunca consentirás em nada que seja contrário aos meus mandamentos e, sem dificuldade, adquirirás todas as graças, todas as verdades, toda a luz.”

“Com essa lição Catarina tornou-se fundamentalmente erudita”, escreve o seu biógrafo Igino Giordani. “Tinha a sua fundação sobre uma rocha; já não havia mais sombras. Eu, nada; Deus, Tudo. Eu, o não ser; Deus, o Ser.”

Esquecer o nosso eu através da humildade suprema é a essência da senda do místico. É o que permitiu inspirar os antigos profetas com tremendo poder ao transmitirem as mensagens de Deus no “Espírito do SENHOR”. É o que conferiu poder a Catarina de Sena para mudar o curso da Igreja, e a líderes como Gandhi para mudar o curso da história. E é aquilo que nos pode dar poder para mudar o mundo.

Ralph Waldo Emerson, a quem o autor Thomas Moore devidamente classifica como “uma das grandes almas mestras da nossa história americana”, descreve esta concessão de poder em termos do ilimitado poder de Deus que literalmente passa por nós. O espírito do misticismo e da Cabala permeia esta passagem do seu ensaio Natureza:

[O espírito] não atua sobre nós a partir do exterior... mas, espiritualmente ou através de nós mesmos; portanto, esse espírito, ou seja, o Ser Supremo, não acumula natureza à nossa volta, mas fá-la surgir através de nós, tal como a vida da árvore gera novos ramos e folhas através dos antigos. Tal como uma planta na terra, também o homem repousa no seio de Deus; ele é alimentado por fontes infalíveis e recebe poder inesgotável de acordo com a sua necessidade.

Quem pode estabelecer limites às possibilidades do homem?... O homem tem acesso a toda a mente do Criador, e é ele mesmo o criador do finito.

Em termos cabalísticos, Emerson está dizendo que somos nutridos pela luz de Ein Sof que flui através das infalíveis fontes das sefirot. E podemos realmente retirar delas um poder inesgotável quando “esquecemos” a nós mesmos, quando nos esvaziamos e deixamos entrar Deus.

O processo de esquecer o eu __ de esvaziamento para ser preenchido com os atributos e energia de Deus __ processa-se passo a passo, dia a dia. Num certo ponto, descobrimos que Deus é tanto uma parte de nós que é ele quem está pensando, sentindo, falando, trabalhando, amando, cuidando e confortando através de nós. É nesse momento que a senda do místico atinge a sua expressão mais elevada e mais prática, pois quando somos um só com Deus trazemos verdadeiramente o céu à Terra.

Fonte: Texto extraído do livro “Cabala – O Caminho da Sabedoria de Elizabeth C.Prophet

domingo, 24 de outubro de 2010

América, Despertai em nome da Liberdade!


Salve, Guardiães da Chama!

Venho na chama violeta que é a fonte da liberdade para toda a humanidade! Se apenas os homens pudessem penetrar a fonte de luz em vez das bolsas de trevas criadas por eles, encontrariam a salvação; encontrariam a saída.

Todas as coisas começam com luz, e todas as coisas têm de um dia retornar à Luz. A pergunta é: manter-se-á a individualidade do homem quando do seu retorno ou será ele dissolvido, e as suas obras com ele?

EU SOU o grande expoente da individualidade da liberdade no homem, do livre-arbítrio individual da humanidade. E, no entanto, digo que o dom do livre-arbítrio que vem de Deus não estava destinado a ser abusado, pois a vocação e a eleição dos homens são consolidadas somente quando usam o seu livre-arbítrio para escolher fazer a vontade de Deus.

A luz de Deus nunca falha! Se acreditarmos nisso, então como podeis falhar quando alinhais as vossas energias com a luz de Deus? Simples lógica, mas a lógica que é esquecida quando a condenação do Mentiroso está sobre vós. Venho para proclamar o dia em que a tolerância do mentiroso e da sua mentira não estiver mais em voga. E encarrego-vos, como Guardiães da Chama, de desafiar a mentira pelo poder da Palavra Falada onde quer que a mentira se encontre; pois somente assim podem as espirais do mal serem detidas em escala mundial.

Chamai-me Saint Germain. Esse é o meu nome; e EU SOU o santo irmão que fundou a América, patrocinou a sua constituição, o seu governo, o seu povo e a chama da Mãe Divina no meio dela. Esta é a sua hora; e é a vossa hora, preciosos corações. É a hora em que a luz triunfará, se determinardes. É a luz que triunfará porque esta é a hora para a qual evoluístes _ todos vós. Esta é a hora pela qual tendes esperado. Por milhares de anos tendes lutado e preparado-vos para ela, quando a luz derrotará as trevas dentro de vós e dentro do corpo planetário.

E assim digo, ó planeta Terra, esta é a vossa deixa! Entrai no palco cósmico e desempenhai o vosso papel, e desempenhai-o bem! Pois, ao triunfardes neste grande drama da vida, ó Terra, também o sistema solar será elevado mais um degrau na hierarquia cósmica e sobre a escada da vida. O próprio Senhor Deus é o grande dramaturgo e o maior teatrólogo de todos os tempos. Ele concebeu da luz e das facetas da luz e fases da luz, providenciando o cenário sobre o qual a humanidade pudesse avançar para representar no ato final - aquela peça onde a luz triunfa sobre todas as formas das trevas.

Sabeis de uma coisa? Vou dizer-vos neste dia que tendes a melhor preparação, graças às hostes ascensas da luz e aos vossos Mensageiros, do que qualquer grupo de devotos em todo o corpo planetário. Tendes a melhor preparação, o melhor treinamento, o melhor conhecimento e os melhores livros - não apenas do presente momento, como também de todos os tempos que já houveram.

Nada foi escondido de vós, pois estive perante os Senhores do Carma e defendi a vossa causa, para que a dispensação pudesse ser dada a esta mensageira para revelar-vos, nesta reunião de trabalho dos Guardiães da Chama, o que foi revelado hoje. E tivemos de deliberar se tudo devia ser revelado ou não. E disse, perante os Senhores do carma: "Estas são a nossa melhor esperança e a nossa mais elevada oferta. Eles deram tudo de si; temos de lhes dar tudo de nós." O Conselho do Carma votou e a resposta foi unânime: "Que a Mãe comunique a sabedoria sagrada e que os Guardiães da Chama sejam plenamente informados."

E assim, preciosos corações, desejo também dizer, como disse antes e como alertei, que as economias do mundo encontram-se em grande perigo.

...Não confieis a substância que Deus colocou no vosso cuidado a outros indivíduos cujas energias estão alinhadas com as trevas. Alguns de vós viveram durante a Bancarrota de 1929 e sabem que os bancos estavam fechados. Digo, isso foi uma manipulação deliberada pelas forças das trevas! Não era necessário - não, nem um pouquinho. Nunca houve qualquer necessidade de uma depressão na América, a não ser por uma razão - que a América devia despertar e voltar-se para servir ao Senhor Deus! Pois os ratos tinham devorado os celeiros da América, e o povo nada fez; e, portanto, sofreu o carma da sua negligência. A destruição da abundância de uma nação é o demolir da consciência abundante da Mãe. E assim os próprios órgãos vitais do corpo da Mãe estão sendo atacados neste dia...

Em muitos casos, os filhos de Mamon são mais prudentes na sua geração que os filhos da luz. Os filhos da luz confiam naqueles que não deviam confiar - os opressores, os malignos em altas posições, os maneirismos suaves e os sorriso falsos, cheios de dentes, daqueles que vêm do poço das trevas e elevam-se ao poder no governo porque os filhos da luz não vão adiante nem se candidatam.

A América é uma república! E estava destinada a ser governada por aqueles que alcançaram a Consciência Crística, e não a Consciência Luciférica!...

E, então, que direi eu dos anjos vestidos de branco que carregam o estandarte da liberdade, o estandarte da chama violeta, e que marcham por toda a Terra, norte, sul, leste, oeste? Que direi eu das hostes do Senhor acampadas nas encostas dos montes do mundo? Estamos prontos! Estamos prontos para a vitória! A pergunta é: estais prontos?

Parece que a América está adormecida. E, portanto, digo neste dia: América, desperta! Desperta em nome da liberdade! Desperta em nome de Sanat Kumara! Desperta em nome da mestra Vênus!

Estou aqui perante vós como o Cavaleiro Comendador, e elevo a minha espada ao nível físico, ao nível do plano astral, ao nível do cinturão mental do plano etérico. E tomo esta poderosa espada e digo:

"Oh, Senhor Deus, ó poderosos Elohim, separai o real do irreal e que a separação do trigo e do joio ocorra neste dia! Que o raio seja lançado do coração de Deus! Que ele seja liberado nesta hora! Pois, pela autoridade da chama da liberdade para a era de ouro de Aquário, permaneço nesta posição para libertar a luz do coração de Alfa e Ômega.

E, portanto, digo: chegou a hora. Que a poderosa espada seja lançada! E que haja a separação do caminho! E que aqueles que estão alinhados com as trevas sejam alinhados com as trevas e derrotados! E que aqueles que estão alinhados com a luz elevem-se na espiral da ressurreição até a vitória da era de ouro! Que a luz de dez mil sóis seja lançada! Que a luz resplandeça para dentro da Terra, resplandeça para dentro da Terra, resplandeça para dentro da Terra! Está confirmado.

Tal como a Palavra foi proferida outrora, "Escolhei hoje a quem sirvais", assim digo _ e falo às evoluções que evoluem sobre todo este corpo planetário - Escolhei a luz e vivei! Escolhei a luz e vivei para sempre no coração de Deus Pai/Mãe!

Falei-vos nesta hora e o propósito da minha vinda foi especificamente para liberar este poderoso raio. E considero uma honra e um privilégio estar perante um corpo de portadores de luz que compreende os maiores patriotas que esta nação jamais conheceu. Saúdo-vos no espírito da chama da liberdade, no espírito da Deusa da Liberdade que tornou esta nação grande e a tornará maior ainda!

Salve, luz vitoriosa! Salve, legiões da chama! Salve, filhos e filhas do Deus Altíssimo!


Ditado do Mestre Saint Germain

Retiro da Espiral da Ressurreição, Colorado Springs, Colorado - 21 de abril de 1973

sábado, 23 de outubro de 2010

O Mal


A primeira linha de defesa contra o anseio do mal é estar ciente de que ele existe.

"O homem justo que serve a Deus... está completamente ciente da batalha deflagrada pelo anseio do mal. [o anseio do mal é como] o ladrão que está no caminho [que conduz] à adoração a Deus. [O homem justo] está ciente do perigo, e está sempre alerta para evitar uma armadilha. Ele também sabe como avisar os outros do perigo que estes ladrões representam... Todavia, o homem mau... aprecia sempre os embustes do anseio do mal e diz: "Estou em paz __ não existe perigo neste mundo."

Os que estão cegos às armadilhas do anseio do mal são como as pessoas imprevidentes da Judéia, que foram embaladas pelos falsos profetas que proclamavam: __Paz, paz __ quando não havia paz. É isso que o anseio do mal murmura ao nosso ouvido quando nos tenta a sair da senda de união com o nosso Eu Superior.

"Quando uma pessoa vir que imaginações malignas a estão assaltando, deverá ocupar-se com a Torá e elas passarão... Sempre que o homem vai para a direita, a proteção do Ser Sagrado, bendito seja Ele, está sempre com ele e o Outro Lado não tem poder sobre ele. Este mal é humilhado perante ele e não pode dominá-lo. Mas quando a proteção do Ser Sagrado, bendito seja Ele, se afasta dele, por causa do seu apego ao mal, então este mal, vendo que ele está sem proteção, começa a controlá-lo imediatamente, e acaba por destruí-lo. Então é dada autoridade ao [mal] e ele leva a sua alma."


Por que Deus permite que o mal exista?

Vimos como o Zohar responde à questão: de onde vem o mal? Mas quando o mal emerge, por que Deus permite que ele exista?

Alguns cabalistas acreditam que em vez de destruir o mal imediatamente, Deus incumbe os justos de destruí-lo em seu nome. Segundo entendo, estamos no mundo inferior porque, em algum momento, em algum lugar, demos uma parte de nós mesmos ao Outro Lado. Deus manda-nos de volta para o mundo inferior para que possamos resgatar o carma que adquirimos quando permitimos que a luz das sefirot fosse roubada pelas forças da Din caída. O processo para transmutar o nosso carma precisa incluir a defesa da justiça e a luta contra o julgamento severo e desprovido de misericórdia.

O Zohar também ensina que Deus usa o mal para castigar os malvados e para testar a têmpera da nossa determinação de regressar à Árvore da Vida Eterna. Para ilustrar como Deus usa a inclinação maléfica para nos iniciar, o Zohar usa a alegoria de um príncipe que é posto à prova pelo pai. O rei manda que o seu único filho nunca se relacione com uma mulher má. Por causa do seu amor pelo pai, o filho aceita obedecer a vontade do pai. Um dia, o rei decide pôr o filho à prova. Manda vir uma linda sedutora para conquistar o príncipe.

Se o filho for digno e obediente às intruções do pai, diz o Zohar, ele irá censurá-la e mandá-la embora. Então o rei terá grande regozijo, convidará o filho para a câmara mais secreta do palácio e dar-lhe-á presentes e grandes honras. "Quem terá trazido toda essa glória sobre o filho"?, pergunta o Zohar. "A prostituda, sem dúvida!... Ela deveria ser louvada de todas as formas... porque permitiu que o filho ganhasse todo este bem e o amor profundo do rei."

Quando estiverem tentados a afastar-se da senda da probidade e a violar as leis de Deus em maior ou menor grau lembrem-se do rei, do príncipe e da prostituta. E lembrem-se que Deus tem o direito de nos pôr à prova, nós temos o direito de ser postos à prova e temos o direito de passar __ ou falhar __ em nossos testes.

O Zohar também cita as provas de Abraão e dos israelitas no Egito para mostrar que Deus usa o mal para testar e purificar os seus filhos.

"Abraão desceu ao "graus mais baixos" no Egito e sondou-os até o fundo, mas não se chegou a eles e voltou para o seu Mestre. Não foi seduzido por eles, como Adão, que chegou àquele nível e foi então seduzido pelas serpentes e trouxe a morte ao mundo. Nem foi seduzido como Noé, que se embebedou... Mas de Abrãao foi escrito: "E Abraão foi para o Egito" (Gn.13:1). Ele foi para cima e não para baixo e voltou ao seu palácio, para o nível mais alto a que se tinha ligado no princípio [isto é a sefirah Hesed (Amor), a primeira das sete sefirot inferiores]...

O mistério neste caso é o seguinte: Se Abraão não tivesse ido para o Egito e não tivesse purificado ali primeiro, ele não teria tido uma porção do Ser Sagrado, bendito seja Ele. O mesmo aconteceu com os seus descendentes: o Ser Sagrado, bendito seja Ele, desejou fazer deles um só povo, um povo perfeito, e trazê-los para junto de Si. Mas se eles não tivessem ido para o Egito primeiro e sido ali postos à prova, não teriam sido o povo escolhido de Deus."

Isaías Tishby diz que o ensinamento do Zohar sobre Abraão e a descida dos israelitas ao Egito significa que todos somos postos à prova e purificados por meio do nosso contato com o poder do mal. "Para alcançar a perfeição no seu desejo de servir a Deus, o homem precisa primeiro entrar no domínio do mal e purificar-se ali como num cadinho refinador". "Só depois disto poderá ascender ao nível do bem perfeito... O homem precisa provar a sua devoção a Deus lutando com o Seu adversário, e voltando vitorioso da batalha".


Texto extraído do livro: "Cabala - O Caminho da Sabedoria" de Elizabeth C.Prophet

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Atitudes


Tenho vivido dias de muita ansiedade e tensão por conta das eleições, e fico me perguntando qual será a postura ideal que devemos adotar nesses casos; calar ou lutar? Cada pessoa reage de uma forma diferente, e eu costumo reagir sempre com luta. Marte é um planeta dominante no meu mapa astral, mas isso não significa que eu saia por aí brigando por qualquer coisa. Não. A minha luta é no sentido de ir em busca daquilo que eu acredito. Não sou o tipo de pessoa que fica sentada esperando os milagres do céu. O céu, para mim, é o lugar que eu determinei que irei algum dia, mas não concordo com a atitude passiva de alguém achar que Deus deve simplesmente satisfazer as nossas vontades e necessidades sem que para isso faça alguma coisa.
Tudo que conquistei ao longo da vida foi com muito trabalho. Esse é o sentido da minha luta. Porém, assim como acertei muitas vezes, também errei, o que é perfeitamwente normal já que estamos aqui para aprender, mas aqueles que não me conhecem talvez tenham se decepcionado com minhas atitudes. Isso é ruim? Não sei.
Uma pessoa que me conhece há um mês, virtualmente, não pode medir os meus atos e muito menos julgá-los, e aqueles que me conhecem mais profundamente devem saber que eu sou uma pessoa de uma só palavra, uma só atitude. Jamais minto ou engano alguém. Quando gosto, quero, acredito, ou não, meus olhos revelam sempre a minha posição. Quando erro em relação à alguém ou alguma coisa, não tenho vergonha de pedir desculpas e corrigir meu erro.
Então por que estou sendo tão criticada e até mesmo agredida por pessoas tão queridas só porque estou lutando por aquilo que acredito? Não concordam com a minha forma de luta? Mas eu também posso não concordar com eles.
A verdade é que eu nunca farei nada com a intenção de agradar as pessoas, mas sim porque acredito nelas, e isso muitas vezes nos traz problemas e inimigos.
O que fazer? Sentar e esperar que a vida resolva os meus problemas? Sinceramente esta não sou eu.
Eu não estou aqui por acaso. Nasci, com a graça de Deus, para vencer todos os obstáculos, corrigir meus erros, aprender, compartilhar, lutar por meus ideais, amar, e quem sabe, através de toda experiência, crescer e elevar minha alma à Deus.
Tudo isso sou eu. Não tenho nada a esconder e nem do que me envergonhar. Só Deus tem o poder de me julgar e só à Ele eu temo.
Continuarei lutando, sempre, e só saberei se agi certo ou errado, quando meu Pai me julgar
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

No Deserto da Judéia



No Deserto da Judéia

"Será que Jesus se importa com o meu coração quando está por demais sofrido e não consigo me alegrar ou cantar, quando os fardos pesam, os cuidados me debilitam e o caminho fica cada vez mais árduo e longo?" São essas as palavras de Frank E. Graeff após horas terríveis de depressão e desânimo. Para responder bem à sua pergunta, precisamos consultar a palavra de Deus.

A Natureza Humana de Jesus

Filipenses 2:6-7 afirma-nos que, mesmo Jesus sendo igual a Deus, ele se esvaziou. Assim como o homem tem os cinco sentidos e pode decidir suprimir todos, Jesus escolheu abrir mão de todos os direitos e privilégios de sua divindade ao se fazer homem. Portanto, ficou sozinho no deserto com Satanás na qualidade de homem, como você e eu ficamos diante dele diariamente.

A Tentação de Jesus
A época exata das tentações é importante. Foi imediatamente após o seu batismo e a sua unção pelo Espírito Santo, que desceu do céu. Como é comum, a tentação vem após alguma das nossas maiores vitórias e mais emocionantes experiências. Seu ministério estava por começar, mas não podia se desenvolver sem que certos aspectos fundamentais fossem postos à prova.

A primeira tentação: "Se és Filho de Deus" (Mateus 4:3). Satanás queria que o nosso Senhor duvidasse do Pai. Ele desejava que Jesus duvidasse das palavras que tinha acabado de ouvir às margens do rio: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo". "Se você é o Filho de Deus, não deve passar por este jejum; por que não simplesmente utiliza seus poderes miraculosos para transformar estas pedras em pães?" são as palavras do tentador. Se alguma vez você se perguntou: "Senhor, por que eu?" ou pensamos: "Na verdade ele não quer que eu sofra assim, quando há uma saída fácil", você deve então saber que ele foi tentado como nós, em todas as coisas.

A segunda tentação: Mateus 4:6. Ele está morrendo de fome no deserto, e o tentador lhe pressiona ainda mais. Ao passo que a primeira tentação foi um sussurro manso S "Se és Filho de Deus" S nessa segunda, a intensidade da voz do diabo chega a um nível fervoroso: "Duvide, duvide, duvide, quando ele diz novamente: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo". Se por um instante o Senhor tivesse deixado de confiar no amor e no compromisso do Pai para com ele, ele poderia ter operado o milagre, os anjos teriam o levado e ele teria reafirmado o seu relacionamento com o Pai, para ele mesmo e para todos os outros. Afinal de conta, ele realmente ouviu Deus dizer: "Este é o meu Filho amado"? Em João 12:28-29, quando Deus falou, alguns pensaram que fosse um trovão. Assim a operação do milagre mostraria uma dúvida do compromisso do Pai para com ele do tamanho suficiente para destruir sua fé no Pai.

A terceira tentação: "Tudo isto te darei [todos os reinos do mundo] se, prostrado, me adorares" (Mateus 4:9). Se você duvidar do seu relacionamento com o Pai, você precisará prover a presença dele com você através de um ministério com sucesso. Ele veio salvar os cidadãos dos reinos do mundo, mas tinha de acontecer de modo que o Pai fosse glorificado, não Satanás. O sucesso não é nenhum indicativo da presença de Deus. Jeremias pregou 50 anos e Ezequiel pregou 20, sem nenhuma conversão. Aqui, o tentador deseja usar a dúvida semeada nas duas primeiras tentações para fazer com que ele procure outro método além daquele que glorifica o Pai.
Para concluir, a essência das tentações era que a vontade de Deus fosse "exagerada e injusta". Jesus era bom demais para sofrer os horrores do planeta seco, empoeirado e árido. Satanás repetia-lhe vez após vez: "Deus tem um plano melhor para a sua vida do que o sofrimento que você está passando, e há um jeito fácil de escapar". A lição que o Senhor quer que aprendamos com tudo isso é simplesmente esta: Não importa quão escura a noite, quão solitária a alma ou quão intenso o sofrimento: "Confie em mim e não duvide do meu amor". Quando e se conseguirmos que toda essa reflexão seja gravada em nossa mente, poderemos responder à pergunta: "Jesus se importa?" com a letra do cântico que bem responde: "Sim, ele está preocupado conosco. Eu sei que está, seu coração está tocado por minha tristeza; quando os dias estão desanimadores e as noites deprimentes, eu sei que meu Salvador cuida de mim".

- por Rodney M. Miller
http://www.estudosdabiblia.net/a12_3.htm


Dia após dia em nossas vidas, somos tentados por Satanás, empurrando-nos a praticar todo tipo de iniqüidades. O homem vive na Terra para elevar sua alma à Deus, e não pode esquecer-se disto.

Durante minhas orações à amada Mãe Maria, invocando ajuda dos céus para nos libertar das trevas sinalizadas claramente pelo programa do Partido da estrela vermelha em nosso país, vi, entre lágrimas, nosso amado Mestre Jesus sendo tentado no deserto por esta figura que representa todos os males do mundo.

Estamos vivendo momentos de escolhas definitivas. O mundo vive suas dores de parto para fazer emergir um novo mundo. E nós, dentro do mundo maior, participamos deste movimento através das nossas escolhas. O Brasil, esse gigante adormecido em berço esplêndido está sendo chamado à luta para nos trazer a liberdade, a prosperidade, o progresso, mas, como todos nós enfrentamos neste momento a solidão do deserto e da tentação, precisamos cuidar para que a Luz prevaleça.

Muitos “tesouros” estão sendo mostrados a cada um de nós com o selo da estrela vermelha, mas precisamos lutar contra a fome, a sede e a dor que anestesia nosso raciocínio, porque, para vencermos esta luta, devemos confiante e bravamente dizer NÃO à tentação.

Nenhum tesouro que possamos “ganhar” neste mundo, terá o poder de envolver nossas almas na Luz, de satisfazer nossas necessidades. É tudo obra da ilusão. É tudo mentira.

Precisamos “Orar e Vigiar” para podermos ouvir a Voz de Deus em nossos corações, resistirmos à tentação e manifestar a Vitória da Luz através de nossas escolhas.

Somente Deus/Pai/Mãe pode nos oferecer e dar o maior tesouro que uma alma pode desejar. A Luz.