sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É Loucura Ficar Ofendido


Quando estudei o guia de Cordovero sobre como adquirir os 13 atributos da misericórdia, lembrei-me de um ensaio da autoria de Mary Baker Eddy, a fundadora da Ciência Cristã. Ele estabelece um paralelo com o conselho de Cordovero de não guardar ressentimento ou raiva, não importa quão más possam ter sido as ações do outro. O seu ensaio, intitulado “Ficar ofendido”, produziu um grande impacto em mim quando o li nos tempos em que era estudante universitária. A senhora Eddy escreve o seguinte:

A flecha mental que é lançada do arco de outra pessoa é praticamente inócua, a menos que o nosso próprio pensamento a arme. É o nosso orgulho que faz com que a crítica de outro seja exasperante, é a nossa vontade que faz com que o ato de outro seja ofensivo, é o nosso egoísmo que se sente ferido pela autoafirmação de outro. Bem poderíamos nos sentir ofendidos pelos nossos próprios erros; mas não podemos nos sentir miseráveis pelas faltas dos outros.

Um cortesão disse a Constantino que uma multidão tinha quebrado a cabeça da sua estátua com pedras. O imperador levou as mãos à cabeça, dizendo: “É uma grande surpresa, mas não me sinto nem um pouco ferido”.

Devemos lembrar-nos que o mundo é grande; que existem cem milhões de vontades, opiniões, ambições, gostos e amores diferentes; que cada pessoa tem uma história, constituição, cultura e caráter diferentes de todo o resto; que a vida humana é o trabalho, a interação, a ação e reação constantes sobre cada um destes diferentes átomos. Então, deveríamos avançar na vida com o mínimo de expectativas, mas com o máximo de paciência; com uma grande apreciação por tudo o que é lindo, grande e bom, mas com um temperamento tão agradável que a fricção do mundo não pudesse perturbar a nossa sensibilidade...

Nada, a não ser os nossos erros, deveria ofender-nos. Aquele que tenta prejudicar outro de livre vontade é um objeto de piedade em vez de ressentimento.

Quando li este ensaio num dia de inverno em Antioch College, um grande peso foi levantado de cima de mim. Adotei logo ali a advertência de Jesus a Pedro. Era como se ele estivesse falando diretamente comigo: “Que te importa a ti? Segue-me tu”.

Descobri que o que quer que alguém me dissesse ou fizesse não poderia ofender-me. Oh, que grande libertação foi essa!

Aprendi que ficar com raiva ou ressentimento é um círculo vicioso, porque isso nos liga à pessoa ou objeto do nosso desagrado e exaure a nossa energia, porque uma parte de nós está sempre concentrada nessa situação não resolvida. Se continuamente revolvermos o passado, não estamos livres para seguir adiante. Mas quando perdoamos e esquecemos, libertamos cem por cento da nossa energia para aplicar em tarefas construtivas.

Por vezes, quando as pessoas nos prejudicam, isso só tem a ver com elas e nada a ver conosco. Talvez as palavras aceradas de alguém tenham a ver com uma dor interna que não vai embora. Talvez um amigo frustrado esteja carregando um fardo demasiado pesado e a sua alma esteja pedindo ajuda.

Por outro lado, quando alguém me critica sempre tento retirar daí uma lição. Ao longo dos anos, aprendi muito sobre mim mesma com os meus inimigos, assim como com os meus amigos. Cada encontro, por muito desagradável que seja, oferece uma oportunidade de aprender alguma coisa nova sobre nós mesmos – se estivermos abertos para isso. O Mestre Ascenso El Morya coloca a questão da seguinte maneira: “Se o mensageiro for uma formiga, escutai-o!” Devemos olhar para além do mensageiro e para a própria mensagem.

Texto extraído do livro: Cabala – O Caminho da Sabedoria – de Elizabeth C.Prophet

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