sábado, 3 de outubro de 2009

Fases da vida

Tenho tanta coisa pra escrever, mas hoje me sinto como se estivesse flutuando de um lado pro outro. Isso não é a leveza do ser que eu tanto desejo, mas o contrário. Meu corpo está aqui, minha mente tenta se ocupar com as letras, mas meu coração corre descompassado na tentativa de encontrar algo que se perdeu e que hoje está me fazendo uma falta imensa. Simplesmente não estou suportando a minha solidão.
Tenho tentado, e na maioria das vezes tenho conseguido, não dar importância a esse fato, mas a verdade é que quando me distraio e permito que a solidão se apresente, preciso deixar que ela sature a minha alma e depois de se cansar de causar tanto estrago, vai embora e me deixa comigo mesma e me pergunto, por quê? De tantas fases ruins que já vivi, momentos de total desespero, sozinha, cheia de dor, talvez este, da solidão, seja pior. Nos outros tantos momentos ruins, sabia que tudo aquilo teria um fim, de uma forma ou de outra, mas agora é mais difícil. As pessoas mudam.
Para alguns, a dor traz a serenidade, e a outros a revolta. Quando a pessoa se revolta com as mudanças em sua vida e não se pergunta o que aconteceu, de quem é a responsabilidade por estas tristes mudanças, ela acaba acusando quem passar à sua frente. E assim se dá o início do fim. É só uma questão de orgulho! Não seria mais fácil encarar suas próprias responsabilidades e se libertar do título de "coitado" e buscar um caminho melhor? É preciso coragem para enfrentar as nossas verdades, e só assim podemos nos libertar de toda a quinquilharia que colocamos em nossas vidas.
Quando isso não acontece, a pessoa continua caminhando sem enxergar a verdade e quem está por perto, fica relegado a um outro plano. Esta é a minha solidão! Trinta anos de casamento, e hoje não sei mais quem é meu marido. Ás vezes ele é aquele homem com quem me casei, outras, um total estranho, que me incomoda. Um estranho que deseja me punir por seus próprios erros. Um estranho que me olha com tanta superioridade, e que acaba caindo de sua própria altivez.
Não tenho alguém para contar as minhas descobertas, os meus desejos, alguém que me elogie, que brinde a minha inteligência, minha beleza. Em outras ocasiões, ele volta a ser ele mesmo e eu me entusiasmo, mas tudo dura muito pouco porque ele não consegue mais enxergar a beleza da vida, a nossa cumplicidade de tantos anos. Ele é um solitário! Ele se basta! Não divide sua dor com ninguém! Se julga um super herói, que ultrapassa todos os limites e está sempre bem. Quem dera! Quem dera a dor que atravessou nossas vidas tivesse o poder de nos unir mais, selando nossa cumplicidade com a solidariedade e o amor!

Hoje eu assino apenas
Marcia

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