A morte tornou-se um acontecimento corriqueiro em nossos dias. Mortes violentas, trágicas, que abalam a estrutura emocional dos que ficam. Há um tempo para chorar, mas certas pessoas não conseguem superar a dor, e sofrem por anos, e anos...
Eu conheço a dor do luto. Às vezes parece rasgar o coração. Pensamos estar passando por um sonho mau, um pesadelo, mas vemos que estamos despertos, e que aquilo aconteceu realmente. Vem a tristeza, a revolta, as dúvidas...
Por quê? Por quê?
Este questionamento nos faz partir em busca da compreensão da nossa verdadeira realidade. Para onde foram nossos entes queridos? Para onde iremos quando chegar a nossa hora? Por que estamos aqui?
O tempo passa e cicatriza as feridas da alma, da dor, do luto. O tempo ensina muita coisa! O tempo que Deus criou neste plano e que não existe em outras esferas...
O tempo que passamos aqui no plano físico é ínfimo comparado à longa existência da alma. Todos sabem que estamos aqui de passagem, mas parecem não internalizar, não compreender ou não aceitar este conceito. A partida é tão natural como a chegada. Começo, meio e fim...
Quem está de passagem, está de viagem, sendo assim, não perdemos nossos entes queridos, eles apenas regressaram antes de nós. Alguns vieram para ficar pouco tempo aqui, este era o plano. Um dia os encontraremos novamente.
A hora da partida é desígnio divino e não existe acaso. Nenhuma folha de árvore cai sem o conhecimento de Deus; os grãos de areia e as estrelas do céu são contados.
Então existe um destino pré-estabelecido? Não, nós podemos sim, vencer a morte, mas não na hora que ela se apresenta; precisamos fazer esta conquista antes.
O nosso conceito sobre a morte, a vida e o amor, deve expandir-se. Não existe morte, mas sim, uma continuidade de vida em diferentes planos. Deixar o corpo físico é o mesmo que tirar um casaco e partir de volta para o nosso lugar de origem, com outra vestimenta bem mais leve.
E o amor? Como é estreito e egoísta o sentimento de amor humano. Um amor possessivo que só ama o que lhe pertence. Os meuspais, os meus filhos, o meu cônjuge, os meus amigos.
O sentimento de amor deve tornar-se impessoal, capaz de amar a vida, a humanidade. Não vale a pena dedicar toda esta grandiosa oportunidade de vida para amar apenas uma pessoa, ou um pequeno núcleo.
Isso é muito pouco... muito estreito... A nossa família espiritual é muito grande e está espalhada pelo mundo inteiro; nós temos irmãos, filhos e pais por toda a parte; e sempre há algum próximo.
O significado da vida é aprender a amar incondicionalmente. Precisamos desenvolver a compreensão e a compaixão por todos os seres vivos. Precisamos abrir o nosso chakra do coração, quebrar as durezas e o muro do egocentrismo que nos separa da essência de puro amor, que é o nosso verdadeiro eu.
Procurando o significado da vida e da morte podemos encontrar o amor. O amor que nem a vida e nem a morte podem nos tirar, porque ele seguirá sempre conosco.
Vamos fazer uma analogia para expressar melhor o conceito da existência da alma, da viagem da alma.
Imagine que você está só, num morro, contemplando a natureza, e tem uma câmera fotográfica à mão. A sua frente está a imensidão do oceano. Dos lados e atrás, quando se volta, você vê montanhas grandiosas. Aos seus pés a relva é um tapete florido. Extasiado e cheio de emoção, você contempla 360 graus de beleza indescritível. E você pensa: vou tirar uma foto, para mostrar aos meus amigos. Assim que focaliza a câmera você observa que é uma tarefa impossível. A foto mostraria apenas um quadradinho, um pedacinho daquela imensidão. Vendo a foto ninguém poderia ter a menor ideia da paisagem grandiosa que você contemplava em toda a sua volta.
Exatamente assim é a vida. O período que vivemos aqui na Terra, seja de trinta, cinquenta, ou noventa anos, é apenas um pedacinho, se comparado à grandiosa existência da alma.
Vejam como o amado El Morya, em sua encarnação como Tomas More, encarava a morte:
Quando Thomas More estava no cadafalso, voltou-se para o carrasco e disse: “faça bem o seu trabalho meu amigo, você está mandando um homem para Deus”.
Maria Lúcia Vieira.
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