quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO


Tenho visto um verdadeiro exército de homens e mulheres protetores dos animais domésticos, cuidando de doações, saúde, e enaltecendo os animais como os únicos e verdadeiros “amigos” do homem. Eu mesma providenciei um lar para um pequeno gato que vinha diariamente à minha porta em busca de comida. O Facebook está lotado de perfis que lutam desesperadamente pelos bichinhos e se revoltam contra o homem “predador”. Concordo plenamente.
Há campanhas de sabotagem de produtos que são testados em animais e uma série infindável de fotos (lindas) com os animais e seus donos (pai/mãe humanos) como amigos, acompanhantes, amigo fiel, amigo terapêutico, coleguinha das crianças, entre tantas que destacam os cães e gatos numa performance quase humana.
Tempos atrás, a revista Veja São Paulo publicou uma matéria destacando os animais que usam roupas de grife, joias, têm quarto próprio, roupas de cama confeccionadas com seda, carro com motorista, carrinho de bebê para levá-los passear, bebem champagne, etc etc etc. Os pequenos bichinhos indefesos estão à mercê de “pais” que lhe causam transtornos psicológicos, tratando-os como verdadeiros filhos, seres humanos, e não se dão conta disso. Para tratá-los, existem clínicas especializadas que cuidam do estresse com massagens e óleos perfumados, yoga, piscinas e uma infinidade de benesses para serem usufruídos.
As pessoas se tornam até ferozes na defesa de seus amiguinhos. Nas ruas e parques vemos papai/mamãe conduzindo seus “filhotes” e ensinando-os a serem educados e contando as peripécias que seus pequenos fazem pela casa.
Essas atitudes me constrangem e fico a meditar no comportamento dessas pessoas que cultuam os bichinhos como seres excepcionais em detrimento do ser humano. Concordo plenamente que o homem tem se apresentado de maneira pouco amigável ultimamente, mas ainda o considero como foco principal na nossa jornada terrena, e os nossos amiguinhos, que fazem parte da raça animal, devem e merecem ser tratados com amor e respeito, mas nunca como substituto do ser humano.
É muito fácil para o homem manter um relacionamento de amor absoluto com alguém que não lhe contesta jamais, que aceita-o com todas as suas qualidades e defeitos (o que não acontece quando nos expomos a outro ser humano); que lhe obedece cegamente e que está sempre pronto para lhe acompanhar por onde for, e o meu questionamento é: será que devemos preterir o homem e nos dedicarmos e doarmos o nosso amor apenas àqueles que não nos contestam jamais? Não estaremos aqui julgando (o que só cabe a Deus) nosso irmão e condenando-o com a solidão por não ser merecedor do nosso amor? O que somos? O que estamos fazendo aqui? Não será muito fácil e cômodo atirarmos pedras no homem porque ele não sabe nos compreender, e assim nos afastarmos do verdadeiro caminho de aprendizado que precisamos ter para evoluirmos como raça? Não será esta mais uma artimanha dos caídos na tentativa de iludir o homem, afastando-o de sua realidade? Porque quanto menos nos esforçarmos para vencer o mal, mais forte ele ficará.
Nós estamos aqui para vencermos todos os nossos inimigos, que começam pela nossa psicologia pessoal contaminada pelas encarnações sucessivas e repletas de erros, conceitos, vícios e maus hábitos, e não podemos nos afastar desse caminho correndo o risco de chegarmos mais uma vez no fim de mais um ciclo de vida sem termos nem ao menos engatinhado na escala de evolução espiritual devido a nossa complacência com nossos próprios erros. Se não enfrentarmos o imenso desafio de nos olharmos no espelho para enxergarmos o peso que assola a nossa alma, teremos perdido tempo e energia divina passeando pela Terra e buscando apenas a companhia de quem não pode nos fazer mal. Isto é uma grande fuga!
Eu não tenho bichinhos e nunca os tive, mas isso não faz de mim uma pessoa insensível às necessidades dos animais. Tenho carinho pelos pequenos, e sempre que eles se apresentam diante de mim, ponho-me a cuidar deles como meus irmãos menores, mas não substituo o homem pelo animal, pois preciso do meu semelhante para me enxergar e através desse espelho perdoar-lhes os pecados, assim como perdôo os meus à medida que eles vão sendo compreendidos.
Se eu não aceitar o meu irmão como ele é, será impossível aceitar-me também, porque somos espelho uns para os outros. Não me comparo a ninguém, apenas reconheço a necessidade de nos compreendermos com todas as nossas mazelas na busca da vitória sobre nossos pecados e na nossa transformação como filhos e filhas de Deus. O universo é vida em abundância e até uma pedra vibra em seu interior. Sei que temos muita dificuldade de lidarmos com as diferenças, mas não podemos nos afastar, nos isolarmos para impedir que o teste se realize. É covardia julgarmos o homem como incapaz de amar verdadeiramente na ânsia de suprimi-los do nosso viver. Não cabe aqui nenhuma demagogia, mas os orfanatos estão repletos de crianças sozinhas e abandonadas que precisam de um LAR e CARINHO, mas como são pessoas que podem nos trazer problemas no futuro, deixamo-las entregues à sua própria sorte. Essas crianças não têm pedigree.
Onde está então esse amor que não enxerga o seu semelhante? Que prefere conviver apenas com quem não lhe diz “não”?
Sejamos conscientes de nossos deveres com nossos amiguinhos sem esquecer que nossas crianças e velhos precisam da companhia dos seus para lhe acariciar a cabeça cansada e para sermos seus condutores através do caminho da vida. Crianças, jovens, adultos e velhos, somos todos filhos de Deus a procura da felicidade, paz e harmonia com os nossos semelhantes e com toda a criação divina.
Oração de São Francisco de Assis
Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

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