quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E Quem Nasce com Deficiências Físicas?


Toda criança concebida tem um plano, um desígnio divino. Alguns dizem que uma criança com deficiência é “indesejada” ou “deficiente” e, portanto, não deveria nascer neste mundo. O renomado pediatra e antigo cirurgião geral dos Estados Unidos, C. Everett Koop, diz o seguinte: “Foi minha experiência constante que a deficiência e a infelicidade não andam necessariamente de mãos dadas. Algumas das crianças mais infelizes que conheci tinham todas as faculdades mentais e físicas e, por outro lado, algumas das mais felizes que conheci suportavam fardos que eu mesmo acharia muito difíceis de carregar”.

De algum modo, todos nós somos “deficientes”. Todos nós temos limitações e imperfeições que, na velhice, podem se tornar bastante severas.

O propósito da vida não é estar livre de deficiências ou de fardos, mas vivê-la ao máximo, ser tudo o que deveríamos ser, realizar a missão pela qual encarnamos.

Quem somos nós para dizer que uma vida não vale a pena? Só Deus pode tomar essa decisão.

Helen Keller provou que vale a pena viver e lutar pela vida. Como poderemos esquecer a extraordinária determinação da arrojada moça cega, surda e muda que superou a escuridão total da sua infância para tornar-se autora, educadora e palestrante invulgar?

O ultraje público em relação à morte, em 1982, de um bebê do sexo masculino com síndrome de Dow ilustra esse ponto. Doe nasceu em uma sexta-feira santa, em 9 de abril de 1982, com síndrome de Dow – um distúrbio genético em que pode haver vários graus de atraso mental e, por vezes, defeitos físicos graves. Os pais tomaram a decisão, ratificada pelo Supremo Tribunal de Indiana e pelo seu médico, de não fornecer alimento e tratamento médico à criança, permitindo que ela morresse, por acharem que nunca seria capaz de usufruir de uma existência “significativa”. Para eles, esse foi um ato de amor.

O bebê morreu de fome e desidratação em 15 de abril, depois de uma tentativa malsucedida de cidadãos interessados que, trabalhando pelo sistema jurídico, tentavam entregá-lo aos cuidados de um dos 10 casais que se tinham oferecido para adotá-lo.

Em 21 de abril de 1982, o Los Angeles Times publicou um editorial da autoria de George F. Will, intitulado: “Quando Matar se Torna uma Conveniência”, e um desenho de Conrad, em que ambos tecem comentários sobre o bebê Doe.

Will escreveu: “Quando um comentarista tem interesse direto e pessoal em um assunto, deve dizê-lo. Jonathan Will, 10 anos e fã dos Orioles (e o melhor jogador de Maryland), tem síndrome de Dow. Ele não “sofre” (como alguns jornais costumam dizer) de síndrome de Dow. Ele não sofre de nada, exceto de ansiedade por causa do mau desempenho dos Orioles. Ele está muito bem, obrigado. Mas é provável que venha a ter bastantes problemas ao lidar com a sociedade – para receber o que tem direito, muito menos simpatia. Ele pode passar sem as pessoas... que afirmam, pelas suas ações, o princípio de que seres como ele estão aquém de serem totalmente humanos”.

O desenho de Conrad, intitulado “Eles Matam Cavalos, Não Matam?”, mostrava um bebê esquelético, deitado em um berço de hospital. Uma nota no berço dizia: “Raio X da Morte pela Fome da Síndrome de Dow”. Em uma carta ao editor (Los Angeles Times, 1º de maio), Donna Parun, de San Pedro, Califórnia, escreveu: “Depois de ter recortado o desenho que Conrad fez do bebê com síndrome de Dow, morrendo de fome no berço, deixei-o na mesa da cozinha. Meu filho de 10 anos, que tem síndrome de Dow, pegou-o e olhou. Ele gosta de ver desenhos e disse: “Mamãe, este bebê – eu? ” E eu respondi: “Sim, ele é como você, mas eu não o deixarei morrer de fome”. Ele olhou para mim e disse: “Ó, por que não?” Ele faz essa pergunta a quase tudo. E eu disse: “Porque te amo, Mathew”. E, retomando o sorriso, ele respondeu: “Eu a amo”.

Em resposta à reação pública sobre a morte trágica do bebê Doe, o presidente Ronald Regan anunciou, em 30 de abril, que a ajuda federal seria recusada a qualquer hospital ou agência de saúde que não dessem assistência médica aos deficientes.

Pessoas nascidas na maior pobreza e nas piores circunstâncias podem elevar-se e tornarem-se grandes líderes, capazes de influenciar os destinos das nações. O presidente Abraham Lincoln nasceu de pais sem instrução e foi criado em uma casa de madeira, nas florestas de Kentucky. O famoso abolicionista Frederick Douglass nasceu e foi criado como escravo. O inventor e gênio da tecnologia Thomas Edison frequentou a escola durante três meses da sua vida porque o professor achou que ele era atrasado mental. Jesus Cristo nasceu em um estábulo, de pais que, pelo menos temporariamente, eram pessoas sem teto.

Existe algo que está acima do corpo e das circunstâncias de nascimento. É o impulso da alma e o espírito que dão caráter, direção e ímpeto a um indivíduo.

Muitas pessoas têm um carma grave. Podem ter cometido crimes horrorosos em vidas passadas, como assassinatos e pedofilia. Tais indivíduos podem, de acordo com a lei do seu carma, ter de reencarnar em circunstâncias que não são ideais. O propósito do carma nunca é castigar, mas nos ajudar a aprender com nossos erros passados e, por vezes, a única forma de o fazermos é experimentarmos em primeira mão o que fizemos aos outros.

As duras lições da vida são muitas vezes o que nossa alma precisa para avançar espiritualmente – não apenas pela expiação do carma, como também por meio de iniciações, testes e sacrifícios.

A família e o ambiente em que nascemos, os amigos, os inimigos e os desafios que encontramos ao longo da vida são parte do maravilhoso e intrincado padrão da vida. Esse padrão da mente de Deus nos é dado para que possamos superar todas as coisas por meio do Cristo que nos fortalece e, no final da encarnação, voltarmos para casa como graduados na escola da terra.

Porque a religião moderna no Ocidente não ensina os princípios do carma e da reencarnação, as pessoas não podem ter uma verdadeira compreensão das muitas situações que nossa sociedade enfrenta. Eliminar a dor e o sofrimento à custa da evolução da alma não é a sabedoria das leis de Deus.

A alma precisa aprender as lições do carma. Se lhe forem negadas essas oportunidades, ela pode ficar isenta dos ingredientes necessários para sua integridade e regresso para Deus.

Mesmo que se saiba antecipadamente que uma criança nascerá com certas deficiências e dificuldades, ela tem o direito de viver para expiar seu carma por meio daquele corpo.

Também devemos nos lembrar de que a situação pode não ser proveniente do carma. Algumas almas muito elevadas se oferecem para encarnar em um corpo deficiente como um sacrifício pelos outros. Se o feto for abortado por não ser fisicamente perfeito, as vidas que essa alma deveria ajudar têm de passar sem o seu amor e sem o seu sacrifício em seu favor.

Realmente, a alma pode ser mesmo um Cristo ou um portador de luz com uma mestria búdica que se ofereceu para entrar naquele corpo fisicamente imperfeito para ajudar a Terra, expiando carma mundial. Quando um aborto é recomendado porque o feto é “imperfeito”, como pode alguém saber se sua alma está encarnando para cumprir o resto do seu carma e depois ascender? Como pode alguém saber se um Cristo está vindo ao mundo, para acabar sendo crucificado no ventre?

Se a criança for dada para adoção, outras pessoas terão a oportunidade de cuidar dela. Ao fazê-lo, poderão alimentar a chama da misericórdia em seus próprios corações, cuidando de uma criança que não é fisicamente perfeita.

É melhor deixar que Deus determine o que vai se manifestar e que os pais aceitem o cargo de serem realmente pais. Certas condições são genéticas e outras são cármicas. Todavia algumas dessas condições cármicas também podem ser aliviadas pela misericórdia do pai e da mãe que ganharam sabedoria e conseguem compreender qual a química corporal correta para apoiar a vida no ventre.

As circunstâncias da vida são para aprender suas lições. Deus está nos ensinando de muitas formas, incluindo experiência e carma. Não podemos aprender apenas com os livros. Viemos da vida e temos de ir buscar nela algumas das nossas lições mais importantes.


Texto extraído do livro: Quero Nascer - O Brado da Alma

De Eluizabeth C. Prophet

O Orgulho


O trabalho de autolibertação que todo ser humano precisa e deve fazer, dentro da linha que vos apresentamos, leva o homem a um profundo e consciente encontro consigo mesmo, uma perseverança de mudanças e hábitos e logicamente um engrandecimento de caráter.

Vamos hoje vos falar e dar-vos-emos algumas práticas para extermínio do orgulho. Se por acaso sois vítimas desta moléstia, fazei o esforço por uma mudança de atitude e vereis que ireis vos sentir mais aliviados.

Vemos todas essas más-formações de caráter e hábitos arraigados, como doenças psicológicas contra as quais o homem precisa autosuperar-se.

De que forma? Vós podeis Nos perguntar.

E Nós vos respondemos:

__ Fazendo o esforço consciente e humilde de vos livrardes destas deformações. Mas atentai bem, deveis fazer todo esse trabalho sem vos sentirdes deprimidos ou com sentimentos de culpa. Deveis encará-lo como uma rotina diária, como a que usais para conservardes o vosso lar em perfeita ordem.

O orgulho é o pior dos pecados no homem. Ele gera um separativismo entre as pessoas, além de cercear o caminho do doente. Cria-se uma intransponível muralha para o apercebimento de quão maravilhosas são as outras criaturas e nega-se o aprendizado através das experiências dos demais irmãos de caminhada, já que todos têm algo a dar da sua bagagem existencial.

Estamos colocando aqui o orgulho preconceituoso degenerado nos homens que ainda teimam em usar seus mais favorecidos talentos, criando mitos inexistentes de uma superioridade que no futuro os deixará solitários, infelizes e enfraquecidos.

Se sofreis do mal do orgulho e tendes sentimentos de superioridade sobre vossos irmãos, lutai tenazmente por libertar-vos deste empecilho em vossa caminhada.

Não queremos que haja uma mudança em vossa maneira de ser; isso só pode acontecer se derdes o comando ao Eu Sou e se conseguirdes, em pouco espaço de tempo, despertá-Lo, o que concordamos é um difícil empreendimento, mas não impossível. Nem tampouco queremos que vos torneis um subserviente ser, isso iria degradar o vosso Deus interno, além de causar-vos uma autoviolentação, tornando-vos infelizes e dissimulados.

Fazei o vosso trabalho consciente, sem pressas, procurando situações onde possais atuar sem vos agredirdes e sem estimular o vaidoso ego.

Apelai ao Poderoso Eu Sou dizendo:

__ Ó Vós Poderoso Eu Sou dentro do meu coração, Vós que sois a Presença do Pai em mim e em todos os meus irmãos: Perdoai-me esse terrível engano em que me emaranhei durante toda a minha vida. Sentindo-me superior e orgulhoso, afastei-me da Vossa Graça e dos irmãos de caminhada.

Livrai-me, Pai, dessa perniciosa doença.

Conduzi-me, inspirai-me e expurgai do meu coração o orgulho. Dou o comando a Vós, Poderoso Eu Sou; de hoje em diante, procurarei sentir e ouvir-Vos.

Agradeço-Vos por esse auxílio que recebo de Vós.

Assim seja!

Procurai servir vossos irmãos de forma silenciosa e anônima. Sempre servindo sem esperar pelo reconhecimento humano, nem pelos resultados. Servir pelo amor de realizar o trabalho unicamente, sem recompensas.

Procurai aproximar-vos das pessoas menos favorecidas pela sorte. Vede que existe em algumas destas pessoas uma profunda sabedoria, que a dificuldade da vida imprimiu em seus seres. Vede a conformação, humildade, esperança e principalmente a fé em Deus que as impulsiona a seguirem em frente com ânimo redobrado, não importando quão grave e desesperadora seja a situação vivenciada no momento.

Principalmente, aspirantes irmãos, lutai sempre para vos livrardes desse mal, vigiai, orai e procurai nos exemplos sagrados inspiração para as vossas vidas.

Dar-vos-emos mais um exercício para usardes, seguindo um ritmo e obedecendo algumas normas, em favor de emanações de vida onde o orgulho é companheiro e causador dos grandes atrasos na caminhada evolutiva desses vossos irmãos.

1. Pedi o auxílio do Poderoso Eu Sou em vosso coração, para ajudar esse vosso irmão.

2. A) Visualizai a Divina Presença envolvendo a pessoa a quem vós quereis ajudar no Manto de Luz Branca. Pedi a esta Presença permissão para prestar auxílio:

B) Ó Vós Presença Divina em ......... reverentemente eu Vos imploro permissão para prestar auxílio a esse irmão de quem sois a guardiã. Nada farei através da minha medíocre personalidade humana e sim deixarei que o comando e ajuda venham do Poderoso Eu Sou ancorado em meu coração.

Eu Vos agradeço, amada Presença Divina em .......

Assim seja!

3. Visualizai a pessoa à vossa frente. Projetai do vosso coração a Chama Crística dizendo:

__ Em nome do Poderoso Eu Sou em meu coração e no vosso também, sejam retiradas do vosso ser todas as impregnações de falsos conceitos.

Retirai neste momento, pela Misericórdia Divina, as vendas de vossos olhos, causadoras da ignorância do pecado do orgulho.

Sede livre para descobrirdes a verdade e encontrardes o caminho da felicidade, através do Deus imanente dentro de vós.

Libertai-vos, libertai-vos, libertai-vos .........em nome do Deus Pai/Mãe que vive em vosso coração.

Ó Poderoso Eu Sou, eu Vos adoro e agradeço a libertação desse nosso irmão.

Assim seja!

Vosso Instrutor

Djwal Kuhl

Texto extraído do livro: Exercícios para a Autolibertação por Djwal Kuhl

FEEU

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Enquanto o homem não se converte...


Um ricaço vivia luxuosamente no seu palacete, vestindo-se com os tecidos mais finos e banqueteando-se esplendidamente todos os dias.

À porta da sua residência jazia um pobre, coberto de chagas e meio morto de fome. Ansiava por catar as migalhas que caíam da mesa do ricaço, mas ninguém lhas dava, e ele não podia mover-se para apanhá-las. Até os cães vinham lamber-lhe as feridas.

Morreu o pobre Lázaro __ morreu de fome.

Algum tempo depois, morreu também o rico __ morreu, provavelmente, de indigestão, porque quem se banqueteia esplendidamente todos os dias não pode te vida longa.

O texto menciona que o rico "foi sepultado", certamente com música e discursos. Lázaro, provavelmente, não foi sepultado, mas jogado ao monturo. A Vulgata Latina diz que o ricaço foi "sepultado no inferno"; mas o texto original grego põe ponto depois da palavra "sepultado"; depois, em nova frase, diz: "No inferno levantou os olhos"; não os olhos físicos, que estavam enterrados, mas os olhos da consciência. Isto faz supor que o corpo físico seja uma espécie de tampão opaco, que não nos deixa enxergar nitidamente o que realmente somos. Parece que, depois da remoção desse tampão opaco, o homem enxerga melhor a sua realidade espiritual.

Segue-se então o estranho diálogo entre o rico no inferno e Abraão, representante do mundo espiritual, nas alturas. O rico, do meio dos seus sofrimentos, pede a Abraão que mande Lázaro refrigerar-lhe a língua com uma gotinha d'água para aliviar um pouco os terríveis sofrimentos nas chamas do inferno. Abraão, porém, nega-se a atender ao pedido, acrescentando que há um abismo entre o inferno e os das alturas, de maneira que não há possibilidade de transição de cá para lá, nem de lá para cá.

Destas últimas palavras concluem muitos leitores a impossibilidade de uma conversão após a morte; que sem fim são os sofrimentos dos condenados ao inferno, como sem fim são os gozos dos habitantes celestiais.

Entretanto, convém notar que o texto não menciona com uma só palavra algo como "conversão" do sofredor, o que o rico pede é unicamente alívio das penas; não se mostra arrependido da sua vida pecaminosa; pensa apenas em como aliviar o seu mal, sem se converter da sua maldade. A sua mentalidade pecadora continua a mesma que foi durante a vida terrestre. Continua a ser pecador, um pecador sofredor, depois de ter sido um pecador gozador. O que ele pede não é possível, em face da inexorável justiça e justeza das leis cósmicas; enquanto durar a culpa, perdura a pena; enquantro existir a maldade, persiste o mal.

É este o intransponível "abismo" mencionado por Abraão.

O rico condenado por sua própria maldade não pede a reencarnação para se converter numa nova vivência terrestre; pede apenas que Abraão mande Lázaro reencarnar, ou ressuscitar, a fim de prevenir seus cinco irmãos vivos, para que não venham a sofrer o que ele está sofrendo. Não pede que seus irmãos se convertam pela pregação de Lázaro redivivo; pede apenas que não venham a sofrer o mesmo mal, embora não renunciem às suas maldades. Abraão, porém, nega-se a atender ao pedido, porque sabe que não se converteriam __ e sem conversão da maldade não há abolição do mal. Abraão fez ver que esses cinco pecadores em corpo material não estão com vontade de se converterem, nem que um defunto redivivo lhes falasse.


Este paralelismo com os cinco irmãos, farinha do mesmo saco, bem mostra que o pecador defunto continuava pecador impenitente no além, como os cinco impenitentes no aquém.

Essa pretensa dissociação entre culpa e pena, entre causa e efeito, entre maldade e mal, é absolutamente impossível em face das leis cósmicas. E, por esta razão, há entre uns e outros um "grande abismo", sem nenhuma possibilidade de transição de cá para lá, nem vice-versa. Esse abismo intransponível não é creado por Deus, mas é cavado pelo próprio homem. Deus não fez nenhum céu, nem fez um inferno para o homem. É o libre-arbítrio humano que crea o céu e o inferno. Céu e inferno não são lugares além-túmulo; céu e inferno são estados da consciência creados pelo homem.

"O Reino dos Céus está dentro de Vós" __ e o reino do inferno também pode estar dentro do homem. A mentalidade dum defunto é a mesma, depois da morte, que foi durante a vida. O pecador impenitente continua a ser pecador após-morte, enquanro persisitr na sua mentalidade pecadora. Foi-se o invólucro material, mas persiste a impenitência mental. Nenhuma morte, nem muitas mortes, podem matar o mentalismo pecador, enquanto o livre-arbítrio antiespiritual se mantiver vivo. "Do mundo dos fatos __ escreve Einstein __ não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores". O fato da morte material não destrói o valor negativo do materialismo mental. O pecador que, na matéria, foi pecador, não deixa de ser pecador fora da matéria. O materialista gozador se converte num materialista sofredor: continua a ser materialista pecador. E por isto há um abismo entre nós e vós, entre materialismo e espiritualismo.

E, se um materialista sem matéria continuar impenitente no seu materialismo, é bem possível que o poder do seu mentalismo materialista acabe por rematerializar o seu corpo __ e recomeça o velho círculo vicioso: o materialista volta ao seu céu material por mais meio século __ e assim por diante, 10, 50, 100 vezes reencarnando, enquantro não se converter do seu mentalismo materialista.

Não é o sofrimento como tal, nem a rematerialização como simples fato que leva o homem à espiritualidade, como bem prova o caso do materialista sofredor da parábola. O que redime o homem do seu materialismo, gozador ou sofredor, é uma nova vivência espiritual. Esta vivência, porém, não provém de uma nova materialização, ou reencarnação; essa nova vivência nasce de uma total mudança em seu livre-arbítrio. Valores não são causados por fatos, um único valor não vem de 100, nem de 1000 fatos. Somente um novo compreender, um novo querer, um novo viver é que podem redimir o homem das suas maldades e, finalmente, também dos seus males.

A parábola do rico avarento e do pobre Lázaro encerra uma inteira metafísica de Filosofia Cósmica, que convém focalizar mais profundamente.

Há quem pense que o sofrimento seja fator de redenção. Nenhum sofrimento como tal redime o homem, mas é a atitude do homem em face do sofrimento que o pode redimir. O sofrimento pode levar o homem ao desespero e ao suicídio, como aconteceu com Judas Iscariotes, que sofreu, arrependeu-se, mas não se converteu.

No meu livro Porque Sofremos, dividi os sofredores em três classes: a retaguarda dos revoltados, o exército dos conformados, e a vanguarda dos regenerados. Só este último grupo se aproveitou do sofrimento para a sua purificação. O segundo grupo não melhorou nem piorou; o primeiro grupo piorou com o sofrimento.

O sofredor da parábola não se converteu com todos os seus sofrimentos; não porque não pudesse, mas porque não quis. E ele podia querer, pois o livre-arbítrio persiste enquanto a alma existe; o livre-arbítrio é atributo do espírito, e não da matéria. A alma sem corpo material pode converter-se, quando quiser, e pode também não converter-se.

Se para a conversão for necessário o sofrimento, não faltará oportunidade aos desencarnados para sofrer, porquanto a zona do sofrimento é precisamente o mundo astral. Nem na vida presente é, propriamente, o corpo material que sofre, mas sim o corpo astral do homem.

A idéia de que a alma sem corpo físico entra num estado de "congelamento", ou "cristalização" imutável, é por demais absurda para ser tomada a sério.

A parábola fala do "abismo" entre os livremente convertidos e os livremente pecadores. E enquanto alguém for pecador não pode esperar libertação definitiva do sofrimento.

Aqui temos uma verdadeira apoteose das imutáveis leis cósmicas.

Aqui estamos diante do mistério do livre-arbítrio.

O homem é o creador do seu céu __ ou do seu inferno.



Texto extraído do livro: Sabedoria das Parábolas

de Huberto Rohden

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Esperança


Não há o que fazer. Só posso esperar. Há tão pouco tempo encontrei uma alma companheira, amiga, e ainda nem tivemos tempo de nos olharmos nos olhos. Suas últimas palavras foram de medo do desconhecido, de uma sensação fortíssima de que algo muito grave estava para acontecer. Creditei esses sentimentos ao forte anseio que ela tinha de um reencontro com a filha, quando pudessem se abraçar e deixar que os sentimentos mais puros pudessem uni-las novamente, mas hoje sei que seu pressentimento era real. Que as nuvens escuras que ela dizia estarem cobrindo toda a cidade, havia já uns dois meses, se precipitaram através do descontrole total das forças da natureza, que arrastaram e arrasaram cidades, ceifando centenas de vidas e destruindo sonhos de felicidade.

Meu coração dói. Sangra. Passo o dia com um único pensamento: encontrá-la novamente. Rezo, imploro a intercessão divina de minha amada Mãe Maria para trazê-la de volta, viva, mas lá no fundo da minha alma eu tenho medo. Desejo encontrar um meio de saber notícias, mas até agora todas as tentativas foram infrutíferas. Meu Deus, o que estamos vivendo? São dias de terror! E as pessoas que sobrevivem, buscam a força em seus corações arrebentados de dor, e que parecem vir de uma fonte nova e desconhecida. Será?

Não será a mesma fonte que tem nos alimentado desde sempre? Vivemos as dores lancinantes de um parto gigantesco que nos trará a Nova Era, mas até lá suas contrações e gemidos parecem arrasar as almas com o intuito de consumir todas as iniquidades dos homens e libertá-los do passado definitivamente. Toda a terra parece explodir. Suas entranhas estão expulsando todo o fel que nela depositamos ao longo de toda a nossa existência, e esse vômito incessante queima com o poder do fogo purificador. Se estamos aqui é porque também precisamos nos libertar de todo o veneno que emperra a nossa evolução, permitindo que esse fogo consuma todo o mofo, o encardido de nossas almas através desse sofrimento, para liberarmos, gradativamente, as minúsculas asas que começam a surgir em nossos corpos mais sutis, e um dia podermos voar em direção à nossa casa num plano de vida superior, onde não haja mais dor nem separação. Apenas o eterno.

Mas até lá eu gostaria muito de poder caminhar ao lado da minha amiga querida. O que terá acontecido? Busco sua imagem desconhecida por todos os rostos doloridos que desfilam nesse cenário de horror, e não a encontro.

Não vou desistir. Continuarei rezando por todos e por ela também, na esperança de retomarmos nossa caminhada do ponto em que paramos.

Tenho medo, mas também estou cheia de esperança.

Te espero.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Crenças sobre a alma e sobre a morte


Até o apagar das luzes da história da Grécia e de Roma, presenciamos a permanência, entre os homens do povo, de certo conjunto de pensamentos e de hábitos com certeza oriundos de época muito remota, mas no qual já se pode reconhecer o ideário original concebido pelo homem a respeito de sua própria natureza, de sua alma e do mistério da morte.


Até onde nos é dado remontar na história da raça indo-européia, de onde se originaram as populações gregas e italianas, observamos que essa raça jamais acreditou que, depois desta curta existência, tudo terminasse com a morte do homem. As gerações mais antigas, bem antes que existissem filósofos, já acreditavam em uma segunda existência para além desta nossa vida terrena. Encaravam a morte não como uma aniquilação do ser, mas como simples mudança de vida.


Onde, porém, e de que modo seria vivida essa outra existência? Acreditava-se que o espírito imortal, uma vez liberto do corpo, animaria outro corpo? Não, pois a crença na metempsicose nunca se arraigou no espírito das populações greco-italianas; tampouco era essa a crença dos antigos árias do Oriente, pois que os hinos védicos se lhe opunham. Acreditava-se então que o espírito subisse ao céu, para a região da luz? Também não, visto que a idéia das almas entrarem na morada celeste é relativamente moderna no Ocidente; o céu só era tido como recompensa merecida por alguns grandes homens e benfeitores da humanidade. Consoante às mais antigas crenças dos povos itálicos e gregos, não seria em outro mundo que a alma viveria essa sua outra existência; ficaria perto dos homens, continuando a viver na terra, junto deles.


Acreditou-se, durante muito tempo ainda, que nessa segunda existência a alma continuaria associada ao corpo. Nascida com o corpo, não seria dela separada pela morte; alma e corpo seriam encerrados juntos no mesmo túmulo.


Embora tais crenças sejam muito antigas, delas nos restaram testemunhos autênticos. Esses testemunhos são expressos nos ritos fúnebres, que sobreviveram longo tempo às crenças primitivas, e, porque certamente nascidos com estas, serão úteis para que as compreendamos melhor.


Os ritos fúnebres mostram-nos claramente que, quando se enterrava um corpo no túmulo, se acreditava enterrar junto algo com vida. Virgílio, sempre tão preciso e meticuloso na descrição das cerimônias religiosas, encerra a sua narrativa dos funerais de Polidoro com estas palavras: "Encerramos a alma no túmulo". Idêntica expressão encontra-se em Ovídio, e em Plínio, o Moço; isso não significa que tal tenha sido propriamente a idéia formada por esses escritores sobre a alma, mas quer somente afirmar que, desde tempos imemoriais, essa crença se perpetuara na linguagem, atestando, assim, crenças antigas e populares.


Ao término da cerimônia fúnebre, havia o costume de chamar três vezes a alma do morto pelo nome que ele havia usado em vida, desejando-lhe vida feliz debaixo da terra. Dizia-se-lhe por três vezes: "Passe bem". E acrescentava-se: "Que a terra te seja leve", em uma demostração de quanto se acreditava que o mesmo ser continuaria debaixo da terra e lá conservando a habitual sensação de bem-estar ou de sofrimento. No epitáfio, escrevia-se que o defunto ali repousava: afirmação essa que sobreviveu às próprias crenças que, atravessando os séculos, chegou até nossos dias. Empregamo-la ainda hoje, embora já ninguém acredite que um ser imortal repouse no túmulo. Antigamente, porém, tão firme era essa crença em que ali vivesse um homem, que nunca se deixava de enterrar, juntamente com o defunto, os objetos que se julgava viessem a ser-lhe necessários: vestes, vasos, armas. Derramava-se vinho sobre o túmulo para lhe mitigar a sede; deixavam-se-lhe alimentos para saciar-lhe a fome. Degolavam-se cavalos e escravos, pensando que estes seres, sepultados com o morto, o serviriam no túmulo como o haviam feito em vida. Depois da tomada de Tróia, os gregos retornaram ao seu país, cada um deles levando a sua bela escrava e, tendo Aquiles que já morava debaixo da terra reclamado a sua, deram-lhe Polixena.


Um verso de Píndaro guardou-nos curioso testemunho desses pensamentos das gerações antigas. Frixos fora obrigado a deixar a Grécia e fugira para a Cólquida, onde veio a morrer; mas embora morto, queria regressar à Grécia. Apareceu então a Pélias e ordenou-lhe que fosse à Cólquida para de lá trazer a sua alma. A sua alma sofria sem dúvida a nostalgia do solo pátrio, do túmulo da família. Mas, vivendo ligada aos seus restos corporais, não poderia abandonar a Cólquida sem os trazer consigo.


Desta crença primitiva se originou a necessidade de sepultamento. Para que a alma se fixasse à morada subtrerrânea destinada a essa segunda vida, fazia-se necessário que o corpo, ao qual a alma estava ligada, fosse coberto de terra. A alma que não tivesse sua sepultura, não teria morada. Seria errante. Em vão aspiraria ao almejado repouso depois das agitações e dos trabalhos desta vida; seria condenada a errar sempre, sob a forma de larva ou de fantasma, sem jamais parar, sem nunca receber as oferendas e os alimentos de que necessitava. Desgraçada, logo essa alma se tornaria perversa. Atormentaria então os vivos, provocando-lhes doenças, devastando-lhes os campos, atormentando-os com aparições lúgubres, para alertá-los de que tanto o seu corpo como ela própria queriam sepultura. E disso se originou a crença nas almas do outro mundo. Toda a Antiguidade estava convencida de que sem sepultura a alma viveria miseravelmente e que só pelo seu sepultamento desfrutaria da felicidade eterna. Não era, pois, para a ostentação da dor que se realizava a cerimônia fúnebre, mas para o repouso e felicidade do morto.



Texto extraído do livro: A Cidade Antiga

de: Fustel de Coulanges

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Rei dos Pássaros Cantantes


Esta é uma bela e comovedora passagem da vida de Jesus quando, entre nós, pregou às multidões a verdade sublime do Seu Evangelho de Amor e Redenção.
Certa vez, depois de um dia inteiro de pregações, de atendimentos a milhares de doentes do corpo e da alma, Jesus internou-se sozinho por um atalho de bosque que não havia ainda percorrido. Sentou-se num tronco caído e ficou em meditação sublime. Nem Ele soube quanto tempo ali ficou! O lugar era realmente belo, as árvores colossais, o silêncio espesso, suavizante e restaurador. Súbito, o Mestre sorriu com doçura: à Sua volta em silêncio respeitoso, um grupo imenso de pássaros ostentando as mais diversas e coloridas plumagens, fitavam-nO, atentamente, como esperando que Ele lhes permitisse transmitir alguma coisa que traduzisse o que lhes palpitava nos pequeninos corações.
Jesus sentiu que, naquele momento, deveria ouvir uma mensagem de amor a ser perpetuada no mundo em que viera iniciar uma nova etapa na vida da criatura humana.
Seus olhos de beleza e brilho incomparáveis enviaram ao grupo de pássaros Sua mensagem de paz, o desejo de ouví-los.
Tocado quase por um poder sobrenatural, destacou-se dos seus companheiros um pássaro de lindíssimas penas brancas e azuis com raios dourados. Era realmente lindo. Aproximou-se do Mestre e tocou-lhe com a cabecinha o divino manto. Depois entoou maviosíssimo canto. Foi o início de um grande concerto. Todos os pássaros ofereceram ao Mestre dos Mestres a dádiva do seu canto, a alegria das suas pequenas almas agradecidas. Jesus estava enlevado com os pássaros, com a beleza espiritual daquele momento sublime. No entanto, sentiu que havia alguma coisa incompleta...
Um pouco distante do grupo mavioso estava um pássaro encolhido e triste. Não sabia cantar como os seus companheiros. Que poderia fazer que traduzisse seu amor a Jesus? E essa pergunta torturava-lhe a sensibilidade fazendo-o sofrer intensamente. Ele que tantas vezes sonhara com o instante de admirar a figura augusta do Salvador do mundo, agora que O tinha tão perto, nada podia fazer. Sua garganta fechava-se ao seu desejo. E por mais que se esforçasse apenas conseguia emitir desengonçados ruídos. Nesse momento pousaram sobre o passarinho triste os suaves olhos do Rabi Maravilhoso. Erguendo as etéreas mãos, Jesus exclamou: - E tu, sabiá, não cantas ?
O sabiá nesse tempo ainda não cantava. Vendo-se objeto dos olhares de todos os companheiros, ergueu-se de onde estava abatido e triste. Parecia que a atenção do Mestre dera-lhe novas energias. Agitou as pequenas asas e, em poucos segundos, num vôo muito alto, desapareceu por entre as nuvens.
Os outros pássaros ficaram atônitos; olhavam-se aflitos e preocupados. Teria fugido, o sabiá? Com certeza não entendera a beleza daquele momento. Jesus ali estava entre eles... Como pudera fazer tal coisa?
Mas, de repente, lá ao longe, apareceu o vulto pequenino do sabiá. Parecia estar fazendo enorme esforço para não perder o equilíbrio.
Reparando melhor perceberam que o companheiro trazia presa ao bico uma imaculada rosa salpicada de pequenas gotas vermelhas que brilhavam ao sol como rubís preciosos. Na sofreguidão de colher a suave rosa branca o sabiá ferira-se. de sua cabecinha rutilavam gotas de sangue que emprestavam à bela rosa um colorido diferente, maravilhoso!
Sem perda de tempo o sabiá com todo respeito e carinho depositou, no regaço de Jesus, sua dádiva de amor e agradecimento.
Uma estranha emoção parecia envolver a natureza inteira.
Olhando com infinita ternura para o passarinho ofegante, o Mestre segurou delicadamente a bela rosa raiada de vermelho pousando-a sobre Seu divino coração. Depois, estendendo as mãos ao sabiá vaticinou com profundo amor e doçura: - De hoje em diante serás o rei dos pássaros cantores. Canta sabiá!
Recebendo a força que emanava das palavras do Mestre, o sabiá cantou. Cantou divinamente! Desse dia em diante o nosso sabiá tornou-se o pássaro mais melodioso de quantos cantam nas matas do Brasil - o rei dos pássaros cantores
!

Autoria desconhecida

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Coração



No coração existe uma pulsação da vida se tornando vida, que é o ritmo do cosmo refletido do coração de Deus para o coração do Grande Sol Central através do coração dos Elohim e, dali, para todas as ondas de vida que evoluem no tempo e no espaço. O coração é o foco para o fluxo da vida individualizada como a Presença do EU SOU, a mônada divina da individualidade, o Cristo Pessoal que é a personificação da realidade do ser para cada alma.

O coração é o ponto de conexão para todos os seres, para todas as consciências individualizadas. Por seu intermédio, toda a humanidade é uma só. Pelo coração, o Cristo do Um, o filho unigênito de Deus Pai-Mãe, torna-se o Cristo de todas as ondas de vida que manifestam a vida de Deus através do cosmo.

Pela obediência ao primeiro e grande mandamento do Senhor __ “Amarás o Senhor Teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” __ o coração do homem se une ao de Deus e tem início a alquimia da vida na Terra como é vivida no céu.

Fonte: “O Fortalecimento da Aura”
Mark e Elizabeth C.Prophet