De
repente você se dá conta de que alguém que você considerava um grande homem,
que até minutos atrás se mostrava como um grande lutador, enfrentando de peito
aberto os adversários com atitudes de intimidação e gestos intempestivos de
grande coragem, na verdade não passa de um grande covarde que grita e
esperneia, esbraveja, e que com movimentos descontrolados em sua luta levanta
poeira para confundir o adversário, não passa de um grande perdedor.
Seus
gritos são ouvidos à distância e seus ataques amedrontam aqueles que esperam um
grande lutador, mas quando a poeira abaixa a imagem do grande e invencível
lutador aparece como um leão fraco e desdentado, assustado, que na tentativa de
se esconder espalha poeira pelo ar. Entra em seu cubículo e fica a espreita de
um ataque que não acontece e assim se julga vencedor. E seu adversário fica
olhando do lado de fora, esperando pra continuar a luta, mas ninguém aparece, e
pensando se tratar de uma estratégia, aguarda, até que um dia, cansado da espera,
chama-o para lutar e se depara com um
leão cansado e aflito, perdido em seus devaneios, que corre pra lá e pra cá sem
encontrar seu destino, pois ele ficou
pra traz, perdeu o momento de sua entrada triunfal no pódio dos campeões e não
sabe mais quem é e que caminho tomar.
Diante de tão cruel realidade entra
novamente em seu cubículo e se esconde mais uma vez na esperança de ver seu
caminho perdido retornar mais leve e pegar carona no carro da ilusão de
vencedor.
O
covarde não sabe que na verdade deixou um rastro fétido por onde passou e quando
ele se decidir enfrentar a luz da
realidade, encontrará um caminho tortuoso e repleto de poeira adormecida que se
levantará sob seus pés e o envolverá novamente nas lutas que ficaram à espera
de um vencedor. O que ele fará então? Depois de tanto tempo, suas forças que já
eram escassas, inexiste, mas por força
da lei ele tem de percorrer o caminho que ele próprio criou e se desfazer dos
enganos enfrentando uma tempestade que cega mas que o obriga a chegar do outro
lado, onde está o pódio em que ele deve subir. Diante dele estão todos os seus
adversários prontos para encerrar o que ficou pendente.
Muitos
estarão enraivecidos pela espera, e outros o olharão com desprezo porque
reconhecem a incapacidade daquele leão cansado e aflito que deixou a vida passar
sem sentir o seu verdadeiro sabor, que é vencer todas as lutas. Reconhecem um
ser aflito que deixou de viver as belezas da vida, o amor, e a glória de receber os louros de cada
vitória.
O
grande lutador que finalmente mostra sua real figura covarde é digno apenas de
compaixão.
Como
dói o meu coração ao descobrir que o leão altivo e feroz não passa de um pobre
coitado que prefere não viver a enfrentar as verdades da vida.
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