Nosso coração está doente? Como curá-lo?
Nosso coração é o centro do nosso ser e nele se acumula toda a dor
de nossos encontros e desencontros, sonhos não realizados, frustrações, culpa,
remorso, perdas emocionais e físicas, a busca incessante pela felicidade.
Como podemos tratá-lo para que ele se fortaleça e vença os desafios
da vida? A resposta fácil e clara é que
devemos nos despir de toda ilusão que empana a visão da realidade e
trabalharmos no sentido de livrá-lo de toda a quinquilharia que acumulamos ao
longo de nossa existência, mas a aplicação desse remédio é difícil e requer
tempo e coragem para que o tratamento seja
eficaz.
Essas quinquilharias são o resultado de nossas escolhas baseadas em
nossos conceitos humanos que nos
afastaram da presença de Deus, criando um mundo isolado e doente, frio e
solitário. Nessa solidão sempre damos os passos em direção a uma outra pessoa
esperando dela o amor para aquecer a nossa alma, mas o outro também espera que
façamos a mesma coisa e ao invés de nos encontrarmos, acabamos nos distanciando
porque buscamos um modelo inexistente e sofremos com a frustração de não
alcançarmos o tão desejado aconchego. Para todas as nossas derrotas culpamos o
outro que não correspondeu às nossas expectativas e nunca conseguimos olhar
para dentro de nós mesmos e buscarmos a verdade de nossas dores.
Ao perdermos alguém perguntamos sempre por que Deus fez isso ou
aquilo, e cobramos dele uma posição a nosso favor sem considerarmos que não
temos o direito de fazê-lo, e sofremos pelo que nos foi arrancado.
Buscamos em nossos pais e filhos a presença constante e perfeita,
cheia de amor e dedicação e esquecemos que cada um de nós tem seus conflitos e
suas necessidades. E sofremos mais porque não conseguimos compreender a razão
de nossos entes mais queridos não partilharem de nossas idéias e amor.
Em nossa luta diária pela sobrevivência encontramos pessoas que nos
olham como amigos, inimigos, dando-nos facilidades e dificuldades, e que
esperam muito de nós como nós deles, e sem buscarmos a harmonia em nossos
projetos somos derrotados de alguma forma e culpamos o chefe, o colega, o
trabalho, a vida.
Em nossa busca pela felicidade idealizamos alguém que nos dê muito
amor, sem sufocar; dedicação total com muita liberdade de ação; que adivinhe
nossos pensamentos e desejos realizando-os como passes de mágica; mas ao
contrário dessa ilusão doentia nos defrontamos com uma realidade
diferente onde cada um de nós tem que batalhar para ser aceito e
respeitado.
Como podemos então manter nossos corações saudáveis diante de
tamanha confusão de sentimentos, cobranças e frustrações? Onde estamos falhando
e o que fazer para vivermos uma vida saudável?
Se olharmos para traz em busca da origem de nossas dores,
encontraremos, após muito esforço, o atalho que seguimos na esperança de
encurtar nosso caminho para a felicidade, mas que na verdade nos custou muitas vidas de
tentativas, erros, acertos e a somatória de tantas lutas que são as
quinquilharias que atravancam o nosso coração. A solução é pararmos nesse ponto
e buscarmos ajuda do Alto para podermos nos desembaraçar de tantos nóz e
soltarmos as amarras dos conceitos humanos, dando início à descoberta de nós
mesmos, buscando em nossa origem divina a coragem de enfrentar o imenso desafio
de encarar e vencermos as nossas fraquezas, abrindo espaço para que a tão desejada paz
ocupe todo o nosso espaço.
Assim começa a cura do nosso coração! Se nos permitirmos olhar para
dentro de nós sem culpa, sem vergonha, e
invocarmos o amor divino para preencher todas as lacunas, encontraremos enfim,
o caminho da verdade que nos libertará. Coragem, paciência, fé e determinação
são necessários para que esse tratamento cure a nossa alma de toda a sua dor e
carência, e passemos então a amar o outro verdadeiramente, reconhecendo em cada
um deles, as mesmas necessidades e carências que já suportamos em nós mesmos.
Somente encarando a nossa realidade com amor é que conseguiremos olhar e
aceitar o outro como ele é. A paz se manifesta quando o coração busca a verdade
para se alimentar e reconhece que dependemos apenas de nós mesmos e da força
divina que nos mantém para sermos felizes. Quando nos separamos de Deus
perdemos o vínculo com a realidade e entramos no nível da ilusão, e agora
precisamos reverter a situação purificando nossos sentimentos e limpando e
alimentando nosso coração com o nosso
amor próprio preparando o templo para que Deus venha nele habitar
definitivamente. Somente através do amor puro e verdadeiro seremos capazes de
amar e compartilhar nosso amor com todos os nossos irmãos. Assim curamos o
nosso coração e a nossa alma.
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