
“Eu assisti à preleção de Deus, a Primeira Causa, imaculada e de resplendor magnífico, qualificando cada expressão monádica com a semelhança fulgurosa do Divino. Um deleite de igualdade, que não defrauda a ninguém; a inveja não existia. Mas o fogo não permaneceu pequeno nem finito. Era uma espiral crescente de conceito. De um ponto, emergiam os círculos e, como os ponteiros de um relógio, traçou-se um cone no espaço que, como uma escada dourada, ascendia às alturas, investigando as profundezas e unificando a diversidade.
Onde está a divisão entre nós? Ela não existe. Tudo o que separa não está no meio de nós. Tudo o que busca conquistar não está no meio de nós, pois estamos apaixonados pelo Seu amor. E o rubor de uma pétala de flor para nós é translúcido, pois a Sua luz é uma corrente que atravessa a substância como uma treliça de delicadezas.
Naturalmente dotados e dotando a natureza, Teus raios enviados em todas as direções inundam de translúcida superioridade – transparência – revelando-se como translucidez, ocultando e diversificando o motivo do deleito do olhar de uma criança. EU SOU, e porque EU SOU, vós sois, nós somos, eles são, Tudo é. Tudo entra em foco como uma grande unidade em ação palpitante de propósito, ação que não deixa espaço à reação, pois tudo está automatizado para expressar individualidade, propósito, ação, o bater do coração, unidade, fogo de propósito e continuidade. Continuidade e imortalidade são uma coisa só, e tudo o que sobrevive tem valor; e tudo o que tem valor sobrevive para reparar a sua mais alta glória por trás dos véus de uma transcendência que sempre cede.
Nada é derradeiro senão o derradeiro propósito. Não há fim senão novos princípios. Não há frustração, mas sim uma revelação interminável. Juventude e novidade, amizades e expansão da luz à medida que a visão de Deus contempla a manifestação, à medida que a manifestação expande a sua visão por intermédio da visão de Deus, como o auxiliar da recriação criativa. E a limitação é entendida como imitação, educando a manifestação dentro do domínio microcósmico até que, por progresso anímico, o imitador se transforme no ilimitado Imitador. A alma se eleva a dimensões superiores de serviço à medida que Deus entra em ação para graduar a manifestação menor de Si mesmo para completar a glória do Seu plano.
“Em verdade vos digo, Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. A consciência fraudulenta do homem, como uma nuvem de tinta ou como a tinta de um polvo gigantesco, obscurece a atmosfera da realidade e mantém o homem submerso. Rompemos agora os laços com toda a sua tenacidade, e sentimos o magnetismo do mundo ser substituído pelo magnetismo do céu.
A liberdade nasceu na alma –
O homem não mais se satisfará com metas inferiores.
As quinquilharias e ninharias do mundo
Tem o seu lugar,
Mas o lugar do Filho de Deus
É a consciência onde Deus está.
O lugar onde Deus não está
Onde estão penduradas imagens inferiores d’Ele
Como ícones inúteis nas paredes –
Já não detém a alma
Que busca sair voando do reino do engano mortal
E sob a tenda da Boa Vontade
Ver e acolher a realidade dos anjos,
Dos mestres ascensos,
Desse reino coroado de nuvens
Onde a alma, com riso de criança,
Como um regato borbulhante
Que avança rumo ao Mar da Identidade,
Sente a liberdade do vento
E o poder de agitar as cítaras
Da consciência inferior
Com um sentido de beleza e de sutileza
Que paira como uma bolha brilhante
Cujo véu úmido, aéreo
Adorna a transparência da iridescência espelhada
Para o olho que aguarda.
No reino dos anjos não falta deleite
E a realidade dos mestres ascensos aguarda o voo
De almas que anseiam romper as cadeias
Da desesperança, que privam o mundo
Das maravilhas da radiante intenção de Deus –
Capturada tão penosamente
No tecido de rituais, orações e dogmas,
Mas mantido tão maravilhosamente
Como chama pulsante de tríplice deleite divino –
Amor, sabedoria e poder
Dentro do coração e da alma.
Agora, enquanto aguardo a expansão
Do grande mundo do macrocosmo
No seio do reino microcósmico do ser,
Vejo que nasce em mim
O poder da expansão ilimitada a cada hora.
Ó Deus! Eu Te agradeço pelas horas resplandecentes
Que vem compostas de minúcias,
De minutos, segundo e micropausas,
Enquanto a mente dá voltas para gravar para sempre
As Tuas leis imortais.
O que significa esta porta perolada diante da qual me encontro?
Será este algum reino de sonho
Onde se oculta um bando sombrio?
Não, pois o rosto que vejo tão claramente agora,
Espreitando por trás da porta aberta,
É o rosto de um anjo
Que eu conheço desde há muito.
Meus pensamentos deslizaram ao longo do jorro finito
E toda a luz da esperança se desvaneceu –
Cortei a corda
E um medo de gélida desolação apoderou-se de mim
A ponto de eu ficar totalmente atado
Com as cordas e vaidades do engano.
Agora me elevo uma vez mais,
Pulsando rumo aos céus
Onde Deus e o lar resplandecem como fogos de amor,
Renovando trajetórias elevadas a fontes
Inteiramente divinas.
A minha alma começa novamente a subir
A escadaria onde
Cada significado chega
Tão terno, doce e puro –
Fazendo com que eu compreenda
Que o plano seguro de Deus
Manter-me-á quando o mundo
Parecer prestes a desmoronar-se.
Pois, afinal, não há senão um grande Coração
Que faz bater o nosso,
E devemos elevar-nos a reinos mais belos
Onde nos reconciliamos,
Em unidade com tudo o que vive realmente,
Pois o paraíso é a Vida que dá
Nobreza de esforços
Justamente para contrapor-se ao conceito do pó
Com o qual Deus criou esperançosamente
Uma alma vivente –
E através das fragrantes brumas
Revela a meta
Do paraíso que há de vir.
Em nome da magnificente chama de Deus,
Vosso Comandante das Hostes Seráficas,
Justinius
Texto extraído do livro: Dossiê sobre a Ascensão
De Mark Prophet
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