domingo, 28 de agosto de 2011

A TORRE DE BABEL


A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus e estarem mais perto dele. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Ele. Deus então parou o projeto e fez com que a torre ruísse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem varias línguas para que os homens não se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre com esse propósito. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes. A localização da construção teria sido na planície entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia (atual Iraque), uma região célebre por sua localização estratégica e pela sua fertilidade.

A INTERNET, eis a nossa torre de Babel! Milhões e milhões de almas buscando informações, ensinamentos, o meio mais eficaz de atingir o céu. Ferramenta poderosa e universal, podemos utilizá-la para o bem e para o mal, tudo depende de cada intenção. É um exercício de busca, compreensão, reconhecimento, respeito, também encontro de adversidades, conflitos, manifestações desarmoniosas trazidas pela incompreensão. Ao digitar uma simples palavra, “paz”, encontramos sua descrição lingüística, uso apropriado, exemplos, depoimentos, textos diversos onde, num único parágrafo, a palavra é encontrada. Fotos, desenhos, vídeos, histórias, personagens...

As redes sociais se espalham como fogo no palheiro, e consigo trazem hábitos perigosos, vícios, escancarando perfis com amplo histórico denunciando quem escreve e entregando as minúcias aos ávidos por informações alheias. Ao mesmo tempo proporciona aos seus usuários a possibilidade da alegria e conforto de estar com os seus, virtualmente, quando suas presenças físicas situam-se geograficamente distantes umas das outras. É uma ferramenta de dois gumes, como a espada, pois assim como dá, tira.

Para quem está só e precisa de companhia, deseja participar de um grupo, a internet está pronta a um clic. Vemos ao vivo uma bomba explodindo num país distante e chegamos a sentir os estilhaços da dor em nossa própria alma. Convocamos milhões de homens em questão de minutos e travamos uma batalha maior do que se estivéssemos em campo. Tudo isso considerando que cada um fala uma língua diferente, o que não é impedimento algum, pois temos o tradutor a postos 24 horas por dia.

O que me levou a meditar sobre tão eficaz ferramenta, foi esse encontro de personagens, tão iguais e tão distintos uns dos outros, todos a procura de algo, falando a mesma língua dos homens, em escalas diferentes. A liberdade de se poder dizer a que veio, e de ser ouvido. A compreensão e a incompreensão, o respeito e a falta dele; cada um querendo se firmar mais do que o outro, mostrando todo o seu potencial na esperança vã de conquistar adeptos e seguidores, de ser líder!

Às vezes encontramos alguém familiar que parece ter caído do céu em nossa busca, mas passado um tempo a verdade aparece na forma mais cruel e desumana, derrubando seus planos de convivência pacífica e elevadora. Todos são “amigos” sem nunca terem tido ao menos um encontro de olhares; se cumprimentam com “amor” e votos esfuziantes de felicidades, e num passo seguinte agridem-se, pela intolerância a uma opinião divergente. E a busca pela paz converge num ângulo de morte e destruição, sem atingir a meta tão desejada de chegar ao céu.

E assim, os habitantes desse planeta chamado Terra, correm desesperados em todas as direções, de baixo para cima, caindo de cima a baixo em sua busca incessante por Deus, sem conseguir “ouvir” seu irmão mais próximo, sem “enxergar” suas deficiências na escalada tão íngreme, que impossibilita manterem-se no mesmo degrau por mais tempo para fixarem suas idéias e conceitos. A pressa e a vaidade falam mais alto que qualquer realidade, e tudo começa novamente do zero, num ir e vir descontrolado e gasto, causando conflito e desconforto em sua busca, apesar de ter em mãos a maior maravilha já registrada na história dessa humanidade, que é essa potência a nossa disposição capaz de colocar-nos em qualquer lugar do planeta num piscar de olhos.

E ouço muitos dizerem ser esta uma arma dos caídos, mas a verdade é que são os caídos que se aproveitam de tão bela e poderosa arma, facilitadora, unificadora, pacificadora, para conquistar seus adeptos e destruir sua potência de unir as forças na elaboração de cada tijolo para a construção da torre que nos levará aos céus.

Precisamos meditar sobre a nossa atuação nesse labirinto de idéias, persistindo no objetivo da realização do bem, do bom e do belo. Enfrentar os desafios dessa convivência virtual, tão próxima e tão distante, preparando a base fraterna universal capaz de unir os povos, a diversidade de línguas, no movimento único de subir, escalar cada degrau dessa escada íngreme e estreita que leva, um a um, a seu destino glorioso junto a Deus Todo-Poderoso.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

LEI DA EVOLUÇÃO


A transformação ininterrupta e contínua de tudo quanto vive no vasto universo... é o que se chama... “Evolução”...

Mares que secam... para converter-se em desertos... Vales que se convertem em rios por inesperadas infiltrações de água, que brotam das frestas abertas nas rochas vivas... Areais ressequidos que se transformam em turbulentas cataratas pela abertura de montanhas por onde entram as águas do oceano...

Tudo nos fala desta inexorável lei de transformações e de modificações, que através das eternidades, apresenta à ínfima criatura humana, assombrada, o espetáculo de cidades, povos e continentes submergindo sob as águas dos mares, e outras terras erguendo-se do fundo dos abismos insondáveis à espera de outras vidas...

A grandiosa e inflexível Lei da Evolução estende seu poder onipotente e eterno sobre todos os seres e coisas, sem que o maior e o mais infinitamente pequeno fique eximido do seu domínio...

No estudo da natureza e na infinita multiplicidade de suas formas e aspectos em seus engenhos maravilhosos... em suas gênesis estupendas que causam vertigem à humana inteligência, vemos claramente a majestade suprema da evolução aperfeiçoando tudo, como artista genial que estuda todos os detalhes até completar a perfeição da obra...

Nada fica morto na Criação Universal! Até sua imóvel rocha, cuja negra silhueta recorta o horizonte... O tronco de uma árvore seca... os campos, as tumbas ou os escombros das ruínas...

Nas folhas secas do outono que os ventos arrastam..., em tudo... absolutamente em tudo... está o princípio da vida, o minúsculo gérmem de uma vida ou de múltiplas vidas que um dia formarão legiões de seres imperceptíveis, que em transformações contínuas, permanente, que nenhuma força pode deter... chegarão, através de imensas idades, a individualizar-se em espécies, em raças... E a Botânica, um dia, as chamará “Reino Vegetal” e as estudará como as plantas e as flores, e as encontrará capazes de amor, de ódio, de furor, de desejos...

Quando o alvorecer da “inteligência” que impulsiona a buscar, a agir, a defender-se, à qual chamarão “instinto”, precursor do dia radiante e pleno da “inteligência”, quando a toda essa maravilhosa multiplicidade de vida possa a ciência chamar... “Reino Humano”...

Quando por fim esse reino coroou triunfante esses lentos, porém seguros, prodígios de transformação ascendente... ainda continua, imperturbável, a majestade poderosa da Lei da Evolução, porque sabe que ainda não terminou sua obra.

Que lhe falta?... Falta-lhe transformar o “homem-treva de ignorância” em “homem-luz”, que pense e raciocine... em “homem-amor”, que sinta e que ame... em “homem-anjo”, que caminhe com seus pés sobre a terra, e a sua alma, chispa divina e imortal, voe às alturas do Ideal Supremo de onde surgiu em remoto passado, e para onde deve retornar como uma chama viva atraída pela Eterna Claridade do Infinito”.

Fonte: Poema Imortal

Faride Moutram

FEEU- Fundação Educacional e Editorial Universalista

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

EU SOU A PORTA ABERTA QUE NINGUÉM PODERÁ FECHAR


Quando eu disse: “EU SOU A PORTA ABERTA QUE NINGUÉM PODERÁ FECHAR”, fi-lo para que a humanidade compreendesse que me referia ao “Grande EU SOU”, que é a Vida de todo indivíduo manifestada na forma.

Eu não quis exprimir que a pessoa de Jesus era a única a quem esse grande privilégio fora conferido. Cada um de vós, amados filhos do Pai Uno, tem dentro de si a mesma Presença Poderosa, o “Grande EU SOU” que EU tenho e tinha naquela época que alcancei a Vitória Final e Eterna.

Desejo que compreendais, para encorajamento, força e certeza em vossas mentes, que a Consciência que empreguei para essa Grande Vitória foi o uso da “Presença EU SOU” que vos está sendo ensinado.

Eu havia procurado através de todos os caminhos acessíveis naquele tempo, quando finalmente a determinação e o desejo de conhecer a Verdade conduziram-Me ao Grande Mestre – a Quem algum dia haveis de conhecer.

Ele deu-Me este Segredo Interno e o Poderoso Privilégio de fazer-Me retornar para esta “Poderosa Presença”, o “Grande EU SOU”.

Por meio de sua radiação, pude compreender e comecei a usá-La. É a única maneira pela qual toda individualização do Raio de Deus pode alcançar a Vitória Eterna, e construir sua estrutura sobre uma base firme, onde nenhuma atividade externa poderá jamais perturbá-la.

DISCURSO DE JESUS - LIVRO DE OURO DE SAINT GERMAIN

A PREPARAÇÃO DE JESUS PARA A SUA MISSÃO


De acordo com a tradução dos textos budistas feita por Notovitch, Jesus deixou sua terra natal com o objetivo de “se aperfeiçoar no estudo do Verbo Divino e no estudo das leis dos grandes Budas” Pense nisso! Ele tinha o objetivo de se aperfeiçoar no estudo do verbo! Esta é uma afirmação libertadora! Ela nos diz que Jesus percorreu uma senda de discipulado sob os grandes luminares do Oriente: o Senhor Maitreya, Gautama Buda e Sanat Kumara, que é conhecido como o Buda Dipamkara.

Jesus é o nosso modelo. O Jesus do movimento da Nova Era, o Jesus que serve de avatar universal para todas as eras é muito mais grandioso e profundo do que o Jesus do cristianismo ortodoxo. Jesus buscou alcançar a perfeição de coração e mente; sua alma e espírito me dizem que, embora ele tenha nascido um avatar, a verdadeira encarnação de Deus; ele ainda precisava dar os passos humanos necessários para atingir essa condição. E se ele teve de fazer isso, nós também temos. Ele precisou completar com êxito a integração de sua alma com o Verbo, em sua preparação para o batismo, em sua transfiguração, em sua crucificação, ressurreição e ascensão.

O Evangelho de Lucas serve de testemunho para esse processo de crescimento. Enfatizo isto porque o cristianismo ortodoxo nos diz hoje que Jesus nasceu Deus, e era alguém muito distante de nós. No entanto, vemos que ele fez desabrochar a chama de Deus no decorrer de toda a sua vida. Alcançou o ápice dessa manifestação ao dar início à sua missão na Palestina.

Para entendermos que ele não era simplesmente aquele Deus pronto, sem nada a fazer para se integrar com a Divindade, basta lermos Lucas: “E o menino ia crescendo, fortalecendo-se em espírito e ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”.

Fortalecer-se em espírito significa que, a partir do momento da sua concepção e através de todos os estágios de crescimento, o seu espírito e a sua alma estavam se integrando com a sua mente, o seu coração, o seu corpo físico e os seus chakras. Um bebezinho não pode conter dentro de si a plenitude de Deus que está lá aos 33 anos. Assim, vemos que Jesus é um modelo para nós desde o nascimento, com a finalidade de externar a nossa cristicidade pessoal e a nossa manifestação divina.

Escrevendo sobre ele aos 12 anos, Lucas novamente observa o crescimento da integração do menino com o Verbo: “E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e graça diante de Deus e dos homens”.

DO LIVRO: ”MARIA MADALENA, O LADO FEMININO DA DIVINDADE”
ELIZABETH CLARE PROPHET

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pensamentos de Justinius, o Comandante das legiões dos Serafins


“Eu assisti à preleção de Deus, a Primeira Causa, imaculada e de resplendor magnífico, qualificando cada expressão monádica com a semelhança fulgurosa do Divino. Um deleite de igualdade, que não defrauda a ninguém; a inveja não existia. Mas o fogo não permaneceu pequeno nem finito. Era uma espiral crescente de conceito. De um ponto, emergiam os círculos e, como os ponteiros de um relógio, traçou-se um cone no espaço que, como uma escada dourada, ascendia às alturas, investigando as profundezas e unificando a diversidade.

Onde está a divisão entre nós? Ela não existe. Tudo o que separa não está no meio de nós. Tudo o que busca conquistar não está no meio de nós, pois estamos apaixonados pelo Seu amor. E o rubor de uma pétala de flor para nós é translúcido, pois a Sua luz é uma corrente que atravessa a substância como uma treliça de delicadezas.

Naturalmente dotados e dotando a natureza, Teus raios enviados em todas as direções inundam de translúcida superioridade – transparência – revelando-se como translucidez, ocultando e diversificando o motivo do deleito do olhar de uma criança. EU SOU, e porque EU SOU, vós sois, nós somos, eles são, Tudo é. Tudo entra em foco como uma grande unidade em ação palpitante de propósito, ação que não deixa espaço à reação, pois tudo está automatizado para expressar individualidade, propósito, ação, o bater do coração, unidade, fogo de propósito e continuidade. Continuidade e imortalidade são uma coisa só, e tudo o que sobrevive tem valor; e tudo o que tem valor sobrevive para reparar a sua mais alta glória por trás dos véus de uma transcendência que sempre cede.

Nada é derradeiro senão o derradeiro propósito. Não há fim senão novos princípios. Não há frustração, mas sim uma revelação interminável. Juventude e novidade, amizades e expansão da luz à medida que a visão de Deus contempla a manifestação, à medida que a manifestação expande a sua visão por intermédio da visão de Deus, como o auxiliar da recriação criativa. E a limitação é entendida como imitação, educando a manifestação dentro do domínio microcósmico até que, por progresso anímico, o imitador se transforme no ilimitado Imitador. A alma se eleva a dimensões superiores de serviço à medida que Deus entra em ação para graduar a manifestação menor de Si mesmo para completar a glória do Seu plano.

“Em verdade vos digo, Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. A consciência fraudulenta do homem, como uma nuvem de tinta ou como a tinta de um polvo gigantesco, obscurece a atmosfera da realidade e mantém o homem submerso. Rompemos agora os laços com toda a sua tenacidade, e sentimos o magnetismo do mundo ser substituído pelo magnetismo do céu.

A liberdade nasceu na alma –

O homem não mais se satisfará com metas inferiores.

As quinquilharias e ninharias do mundo

Tem o seu lugar,

Mas o lugar do Filho de Deus

É a consciência onde Deus está.

O lugar onde Deus não está

Onde estão penduradas imagens inferiores d’Ele

Como ícones inúteis nas paredes –

Já não detém a alma

Que busca sair voando do reino do engano mortal

E sob a tenda da Boa Vontade

Ver e acolher a realidade dos anjos,

Dos mestres ascensos,

Desse reino coroado de nuvens

Onde a alma, com riso de criança,

Como um regato borbulhante

Que avança rumo ao Mar da Identidade,

Sente a liberdade do vento

E o poder de agitar as cítaras

Da consciência inferior

Com um sentido de beleza e de sutileza

Que paira como uma bolha brilhante

Cujo véu úmido, aéreo

Adorna a transparência da iridescência espelhada

Para o olho que aguarda.

No reino dos anjos não falta deleite

E a realidade dos mestres ascensos aguarda o voo

De almas que anseiam romper as cadeias

Da desesperança, que privam o mundo

Das maravilhas da radiante intenção de Deus –

Capturada tão penosamente

No tecido de rituais, orações e dogmas,

Mas mantido tão maravilhosamente

Como chama pulsante de tríplice deleite divino –

Amor, sabedoria e poder

Dentro do coração e da alma.

Agora, enquanto aguardo a expansão

Do grande mundo do macrocosmo

No seio do reino microcósmico do ser,

Vejo que nasce em mim

O poder da expansão ilimitada a cada hora.

Ó Deus! Eu Te agradeço pelas horas resplandecentes

Que vem compostas de minúcias,

De minutos, segundo e micropausas,

Enquanto a mente dá voltas para gravar para sempre

As Tuas leis imortais.

O que significa esta porta perolada diante da qual me encontro?

Será este algum reino de sonho

Onde se oculta um bando sombrio?

Não, pois o rosto que vejo tão claramente agora,

Espreitando por trás da porta aberta,

É o rosto de um anjo

Que eu conheço desde há muito.

Meus pensamentos deslizaram ao longo do jorro finito

E toda a luz da esperança se desvaneceu –

Cortei a corda

E um medo de gélida desolação apoderou-se de mim

A ponto de eu ficar totalmente atado

Com as cordas e vaidades do engano.

Agora me elevo uma vez mais,

Pulsando rumo aos céus

Onde Deus e o lar resplandecem como fogos de amor,

Renovando trajetórias elevadas a fontes

Inteiramente divinas.

A minha alma começa novamente a subir

A escadaria onde

Cada significado chega

Tão terno, doce e puro –

Fazendo com que eu compreenda

Que o plano seguro de Deus

Manter-me-á quando o mundo

Parecer prestes a desmoronar-se.

Pois, afinal, não há senão um grande Coração

Que faz bater o nosso,

E devemos elevar-nos a reinos mais belos

Onde nos reconciliamos,

Em unidade com tudo o que vive realmente,

Pois o paraíso é a Vida que dá

Nobreza de esforços

Justamente para contrapor-se ao conceito do pó

Com o qual Deus criou esperançosamente

Uma alma vivente –

E através das fragrantes brumas

Revela a meta

Do paraíso que há de vir.

Em nome da magnificente chama de Deus,

Vosso Comandante das Hostes Seráficas,

Justinius

Texto extraído do livro: Dossiê sobre a Ascensão

De Mark Prophet

sábado, 6 de agosto de 2011

ESTE É O MEU CORPO


Atanásio não entendia a humanidade de Jesus porque não podia compreender como alguém poderia ser humano e divino ao mesmo tempo. Para ele, esta era uma equação impossível. Ou Jesus era humano (e, portanto, mutável) ou era divino (e, portanto, imutável).

Esta visão ortodoxa, que define Jesus como Deus, baseia-se, em parte, numa interpretação incorreta do Evangelho de João, onde lemos: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele, nada do que foi feito se fez”. Os ortodoxos concluíram, por estas passagens, que Jesus Cristo é Deus, o Verbo encarnado.

O que eles não entenderam foi que, quando João chamou Jesus de “Verbo”, estava remontando à tradição grega do Logos. Quando João diz que o Verbo criou tudo, emprega o termo grego para Verbo __ Logos . No pensamento grego, o Logos descreve a parte de Deus que age no mundo. Filon chamou ao Logos “Semelhança de Deus, através do qual todo o cosmos foi criado”. Orígenes denominava-o a alma que mantém o universo coeso.

Filon acreditava que grandes seres humanos como Moisés poderiam personificar o Logos. Por isso, quando João escreve que Jesus é o Logos, não está sugerindo que o homem Jesus sempre tenha sido Deus, o Logos. O que João quer dizer é que o homem Jesus tornou-se o Logos.

Alguns teólogos primitivos acreditavam que todos tinham esta oportunidade. Clemente revela que todos os homens tem a “imagem do Verbo [Logos]” dentro de si e é por isso que o Gênesis diz que o homem é feito “à imagem e semelhança de Deus”. O Logos, portanto, é a centelha da divindade, a semente do Cristo que existe nos nossos corações. Tudo indica que os ortodoxos rejeitaram ou ignoraram esta tradição.

Devemos compreender que Jesus tornou-se o Logos, assim como tornou-se o Cristo. Mas isto não quer dizer que apenas ele poderia fazê-lo. Jesus explicou este mistério quando partiu o pão na Última Ceia. Ao pegar o pão, que simbolizava o único Logos, o único Cristo, partiu-o dizendo: “Este é o meu corpo, que é partido por vós”.

Jesus estava ensinando aos seus discípulos que existe um Deus absoluto e um Cristo Universal, ou Logos; que o corpo do Cristo Universal pode ser partido e que, ainda assim, cada pedaço mantém as qualidades do todo. Estava dizendo que a semente do Cristo estava dentro deles, que ele tinha vindo para acelerá-la e que o Cristo não diminuía, mesmo que o seu corpo fosse partido muitas vezes. O menor fragmento de Deus, do Logos ou do Cristo contém a plenitude da natureza divina do Cristo __ que ele desejava tornar nossa.

Os ortodoxos não compreenderam o ensinamento de Jesus porque não conseguiam aceitar a realidade de que todos os seres humanos tem uma natureza divina e uma natureza humana assim como o potencial para tornar-se totalmente divinos. Não compreendiam o humano e o divino em Jesus e, portanto, não podiam compreender o humano e o divino dentro de si mesmos. Por observar as fraquezas da natureza humana, acreditavam que precisariam negar a natureza divina, que ocasionalmente se revela até mesmo nos piores seres humanos.

Livro: Reencarnação o Elo Perdido do Cristianismo de Elizabeth C. Prophet