A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus e estarem mais perto dele. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Ele. Deus então parou o projeto e fez com que a torre ruísse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem varias línguas para que os homens não se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre com esse propósito. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes. A localização da construção teria sido na planície entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia (atual Iraque), uma região célebre por sua localização estratégica e pela sua fertilidade.
A INTERNET, eis a nossa torre de Babel! Milhões e milhões de almas buscando informações, ensinamentos, o meio mais eficaz de atingir o céu. Ferramenta poderosa e universal, podemos utilizá-la para o bem e para o mal, tudo depende de cada intenção. É um exercício de busca, compreensão, reconhecimento, respeito, também encontro de adversidades, conflitos, manifestações desarmoniosas trazidas pela incompreensão. Ao digitar uma simples palavra, “paz”, encontramos sua descrição lingüística, uso apropriado, exemplos, depoimentos, textos diversos onde, num único parágrafo, a palavra é encontrada. Fotos, desenhos, vídeos, histórias, personagens...
As redes sociais se espalham como fogo no palheiro, e consigo trazem hábitos perigosos, vícios, escancarando perfis com amplo histórico denunciando quem escreve e entregando as minúcias aos ávidos por informações alheias. Ao mesmo tempo proporciona aos seus usuários a possibilidade da alegria e conforto de estar com os seus, virtualmente, quando suas presenças físicas situam-se geograficamente distantes umas das outras. É uma ferramenta de dois gumes, como a espada, pois assim como dá, tira.
Para quem está só e precisa de companhia, deseja participar de um grupo, a internet está pronta a um clic. Vemos ao vivo uma bomba explodindo num país distante e chegamos a sentir os estilhaços da dor em nossa própria alma. Convocamos milhões de homens em questão de minutos e travamos uma batalha maior do que se estivéssemos em campo. Tudo isso considerando que cada um fala uma língua diferente, o que não é impedimento algum, pois temos o tradutor a postos 24 horas por dia.
O que me levou a meditar sobre tão eficaz ferramenta, foi esse encontro de personagens, tão iguais e tão distintos uns dos outros, todos a procura de algo, falando a mesma língua dos homens, em escalas diferentes. A liberdade de se poder dizer a que veio, e de ser ouvido. A compreensão e a incompreensão, o respeito e a falta dele; cada um querendo se firmar mais do que o outro, mostrando todo o seu potencial na esperança vã de conquistar adeptos e seguidores, de ser líder!
Às vezes encontramos alguém familiar que parece ter caído do céu em nossa busca, mas passado um tempo a verdade aparece na forma mais cruel e desumana, derrubando seus planos de convivência pacífica e elevadora. Todos são “amigos” sem nunca terem tido ao menos um encontro de olhares; se cumprimentam com “amor” e votos esfuziantes de felicidades, e num passo seguinte agridem-se, pela intolerância a uma opinião divergente. E a busca pela paz converge num ângulo de morte e destruição, sem atingir a meta tão desejada de chegar ao céu.
E assim, os habitantes desse planeta chamado Terra, correm desesperados em todas as direções, de baixo para cima, caindo de cima a baixo em sua busca incessante por Deus, sem conseguir “ouvir” seu irmão mais próximo, sem “enxergar” suas deficiências na escalada tão íngreme, que impossibilita manterem-se no mesmo degrau por mais tempo para fixarem suas idéias e conceitos. A pressa e a vaidade falam mais alto que qualquer realidade, e tudo começa novamente do zero, num ir e vir descontrolado e gasto, causando conflito e desconforto em sua busca, apesar de ter em mãos a maior maravilha já registrada na história dessa humanidade, que é essa potência a nossa disposição capaz de colocar-nos em qualquer lugar do planeta num piscar de olhos.
E ouço muitos dizerem ser esta uma arma dos caídos, mas a verdade é que são os caídos que se aproveitam de tão bela e poderosa arma, facilitadora, unificadora, pacificadora, para conquistar seus adeptos e destruir sua potência de unir as forças na elaboração de cada tijolo para a construção da torre que nos levará aos céus.
Precisamos meditar sobre a nossa atuação nesse labirinto de idéias, persistindo no objetivo da realização do bem, do bom e do belo. Enfrentar os desafios dessa convivência virtual, tão próxima e tão distante, preparando a base fraterna universal capaz de unir os povos, a diversidade de línguas, no movimento único de subir, escalar cada degrau dessa escada íngreme e estreita que leva, um a um, a seu destino glorioso junto a Deus Todo-Poderoso.