quinta-feira, 28 de julho de 2011

Conceitos e apegos


Quando nascemos somos um cálice vazio, e aos poucos ele vai se enchendo com nossos aprendizados, desde o choro que pede o alimento até os conceitos mais elaborados, tornando-nos capazes ou incapazes para a felicidade.

Por que é assim? Acreditando na reencarnação sabemos que nossa alma mantém um arquivo com todo o nosso aprendizado anterior, e então renascemos vazios para alimentar esse arquivo com novas mensagens e progredir na escala da evolução espiritual. Mas começamos aprendendo o que nos ensinam, continuamos a praticar o que já se tornou uma tradição, e quando nos damos conta, só concentramos mais e mais os dados no nosso já tão lotado corpo da memória. São nossos conceitos e apegos. E aí começa uma peregrinação da alma para reconhecer o que já existia antes, o que é novo, o que é bom e ruim. Mas essa curiosidade só desperta para aqueles que estão atentos ao seu caminho e se afligem com a demora em conquistar o seu objetivo, que é a felicidade.

Quando começamos a perceber que tropeçamos sempre nas mesmas pedras, que elas continuam no mesmo lugar apesar de termos caminhado, é porque chegou a hora de nos ajoelharmos diante dos obstáculos e analisá-los com atenção para compreender o motivo de eles estarem sempre à nossa frente, e é nesse momento que identificamos que o nosso aprendizado foi simplesmente uma repetição do anterior, que apenas deixamos que as lembranças contidas em nossos registros emergissem do fundo de nossa alma. E se quisermos alcançar nosso objetivo de felicidade precisamos encarar esse desafio e nos esvaziarmos do antigo para dar lugar ao novo trazido pela nossa consciência real, e só conseguimos realizar essa dolorosa tarefa quando nos entregamos nas mãos e comando do nosso amado Santo Cristo. Assim temos vivido desde o começo, e é chegada a hora de nos encontrarmos com nosso Eu verdadeiro, livre e luminoso.

Com os mistérios da vida revelados pelos amados Mestres de Luz, e acompanhados de perto pelos mensageiros divinos reunimos as condições necessárias para compreender e vencer tão grande desafio.

Começamos analisando o que nos causa dor. Aprendemos que precisamos nos desapegar para sermos livres, mas o que é o desapego? Como identificá-lo? Temos apego às coisas materiais? Sim, porque aprendemos pela tradição que devemos TER. Somos apegados às pessoas? Sim, porque aprendemos a depender do outro para pensar, sentir, caminhar, viver. Somos dependentes espirituais? Sim, porque continuamos a viver com nossos mortos, e eles conosco, num apoio mútuo de sobrevivência. Somos apegados a nós mesmos, aos nossos egos que nos protegem contra o inimigo da verdade. Fazer o caminho de volta exige uma mudança profunda de conceitos e valores. Esperamos a todo instante pela aprovação de quem amamos, do seu carinho, da sua atenção, da sua presença física, e quando isso não acontece nos perdemos no conflito interior da solidão e da carência. Sofremos ao nos julgarmos injustiçados porque não herdei o que seria justo, porque o outro usou e abusou da nossa amizade; porque fomos traídos; porque não recebemos o amor tão desejado; porque depois de tanto sofrer por uma ofensa, preciso compreender e perdoar! São tantos porquês!!!!! E tão poucas respostas que esclarecem e libertam! De repente me dou conta de que nasci para esta vida sozinha, e ao partir também estarei só. Percebo quanta felicidade desperdicei por julgar que ela estivesse no outro! Quantos erros que poderiam ter sido evitados se eu tivesse o conhecimento da verdade! Qual é essa verdade que liberta? É a verdade de nós mesmos, a consciência de que seguimos os padrões estabelecidos no começo, sem nenhum critério de avaliação espiritual e que tem nos enganado até aqui. A verdade dolorosa que escancara as nossas mazelas diante de nós mesmos, que nos deixa nus para que possamos nos revestir com uma roupagem digna da nossa paternidade divina. Viver neste mundo, mas não pertencer à ele, parece ser uma tarefa absurda considerando que precisamos de tudo o que o mundo nos oferece, mas não percebemos que o apego é o que diferencia uma alma escrava de uma alma livre.

Como podemos perdoar uma ofensa se não abrimos mão dos conceitos que regem a nossa conduta liderada pelos egos humanos? Como compreender que também somos responsáveis pelas ações que nos causam sofrimento sem reconhecermos que o orgulho impede a nossa paz? Como aceitar que perdemos um ente querido sem questionar o Deus que assim determinou, respeitando a nova condição de separação temporária? Por que teimamos em desobedecer as leis da vida, continuando dependentes daqueles que já se foram, como se eles tivessem se tornado santos e sábios apenas pela morte, com o poder de comandar nossas vidas do além? Por que creditamos ao outro o poder de nos trazer a felicidade? Desejamos comandar e reter o outro pelo poder do nosso amor, quando deveríamos escolher a liberdade de amar e ser amado!

Permitimos que nossos egos nos levem a caminhar por estradas escuras e perigosas, porque não nos entregamos Àquele que nos criou, ao mesmo tempo em que nos ajoelhamos e pedimos por misericórdia. Quantos contrastes que passam despercebidos pelos nossos sentidos encobertos e adormecidos pelos conceitos e apegos humanos?

A Nova Era nos presenteia com uma gama imensa de informações, ensinamentos, e seguimos por esses novos caminhos crentes de que estamos progredindo só porque fazemos parte do politicamente correto! Devemos acordar desse pesadelo reencarnatório enfrentando as nossas verdades, analisando as pedras do caminho. Ao compreendê-las, elas desaparecerão como num passe de mágica, abrindo caminho para novos passos, novas descobertas, e a nossa liberdade.

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