terça-feira, 26 de abril de 2011

O Reino de Deus dentro de você


E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: "O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali, porque eis que o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:20-21).

Jesus dirige-se ao homem, o perene aspirante à felicidade permanente e à libertação de todo sofrimento: "O reino de Deus __ da Consciência Cósmica eterna, imutável e sempre bem-aventurada __ está dentro de vós. Contemplai vossa alma como reflexo do Espírito imortal e descobrireis vosso Eu abrangendo o império infinito do amor de Deus, de Sua sabedoria e bem-aventurança, presentes em cada partícula da criação vibratória, e no Absoluto Transcendente isento de vibrações."

Muitas pessoas pensam no céu como um local físico, um ponto no espaço, bem acima da atmosfera e para além das estrelas. Outras interpretam as afirmações de Jesus acerca da vinda do reino de Deus como referentes ao advento de um messias que viria estabelecer e governar um reinado divino sobre a Terra. Na verdade, o reino de Deus e o reino dos céus consistem, respectivamente, na imensidão transcendente da Consciência Cósmica e nos reinos celestiais causal e astral da criação vibratória, que são consideravelmente mais sutis e mais harmonizados com a vontade de Deus do que as vibrações físicas agrupadas como planetas, ar e ambiente terreno.

Os objetos materiais reconhecidos como sensações de visão, audição, olfato, paladar e tato constituem-se de um jogo de forças que se originam e existem além da capacidade de observação da consciência humana. A origem incipiente de todas as formas e vibrações materiais está na Consciência Cósmica. A matéria é energia física condensada; a energia física é energia astral condensada; e a energia astral é a condensação da força de pensamento primordial de Deus. Portanto, a Consciência Cósmica está oculta dentro e por trás das camadas da matéria, da energia física, da energia astral e do pensamento ou consciência.

O mesmo que ocorre no macrocosmo se dá no microcosmo do corpo humano: a Consciência Cósmica, caracterizada por alegria sempre nova e imortalidade, é a criadora da consciência humana e, como tal, nela está imanente. A partir da Consciência Cósmica infinita foram concebidas as almas individuais; essas ideações individualizadas do pensamento de Deus revestiram-se de mais duas camadas de manifestação externa, com as forças causais de consciência condensando-se no corpo astral de energia vital luminosa e no corpo mortal de carne e ossos.

Assim, o reino de Deus não está separado do reino da matéria, mas está dentro dele __ permeando-o sutilmente como sua origem e sustentáculo __ quanto além dele, existindo nas infinitas mansões do Pai para além do circunscrito cosmos físico.

Trecho do livro: A Yoga de Jesus
Paramahansa Yogananda


Neste texto belíssimo, descobrimos a necessidade de encontrarmos o caminho de volta à Deus Pai. Através do pecado (a desobediência às leis divinas) começamos a caminhar a passos largos para longe da casa paterna, a ponto de nos perdermos pelo caminho. Muitos, mesmo perdidos, permaneceram com a sensação do erro cometido e da importância de encontrar o caminho de volta, enquanto outros insistiram em continuar se afastando cada vez mais do ponto original, esquecendo-se de sua herança divina. Esse retorno é a nossa via crucis, quando temos que enfrentar a verdade dos nossos maus passos, e ir superando todos os desafios que preparamos como armadilhas ao nos distanciarmos da luz. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e após tantas idas e vindas, perdemos o brilho da filiação divina, e hoje, ao nos conscientizarmos da verdade, descobrimos que é necessário realizarmos uma limpeza profunda em nossas almas (nossos quatro corpos inferiores) para que aos poucos possamos manifestar esse brilho novamente; para que possamos vislumbrar o reino de Deus que habita dentro da matéria. Como afirma Paulo: "Porque convém que isto, que é corruptível, se vista da incorruptibilidade, e que isto, que é mortal, se revista da imortalidade".
"Para os gnósticos, o conceito de revestir-se de incorruptibilidade significa que, aqueles que forem capazes de experimentar a ressurreição, passarão a um estado diferente de existência, caracterizado pela luz e não pelas trevas. A ressurreição é "a revelação do que é, a transformação das coisas e uma transição para o novo.""
"O Reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui; Ei-lo ali, porque eis que o reino de Deus está dentro de vós.

sábado, 23 de abril de 2011

A Crucificação


Todos os anos quando chega essa época as pessoas se preparam para a abençoada Páscoa, desejando que a data seja especial a amigos e parentes. Como uma festa religiosa, talvez a mais importante dos cristãos, a quaresma é um período de jejum, orações, novenas para, no domingo de Páscoa, se libertarem de sua penitências e receberem o NOVO, para o renascimento de Cristo. Na verdade, tudo isso é imprescindível para o cristão, pois é um dia de glória em que se comemora a ressurreição de Jesus dentre os mortos. Porém, antes da ressurreição temos a crucificação. Na sexta-feira santa, os devotos se dedicam a louvar o Nosso Senhor que morreu para nos libertar.

Durante minha vida toda compareci à igreja neste dia santo, louvando o Mestre por sua coragem e entrega, e revivendo cada minuto da sua agonia. Hoje, não diferente dos outros anos, vivi a sexta-feira da paixão com muito respeito, obedecendo os dogmas da igreja, mas também compreendi melhor esse ato de bravura e humildade de Jesus.

A história nos ensina que Jesus não ofereceu nenhuma resistência ao seu destino doloroso, mesmo tendo o poder de elevar sua voz e clamar para que Deus o livrasse daquele momento. Ao contrário disso, orou no Monte das Oliveiras para que fosse abençoado com a coragem para aceitar aquele cálice tão amargo.

E nós? O que esse ato de fé de Jesus nos ensina no nosso dia a dia? O que representa os dois “ladrões” que o acompanharam na crucificação? Qual o aprendizado que devemos ter desse fato histórico?

Todos nós sabemos que Jesus nasceu sem mácula, isto é, ele não tinha carma para resgatar aqui na Terra. Ele nasceu para nos trazer a palavra de fé, deixando sua vida e morte como exemplo para todos aqueles que creem nele. Sua vida foi uma sucessão de mensagens claras e poderosas e, quando assimiladas por nossos corações, têm o poder da transformação. Sua morte, muito mais poderosa em virtude de sua entrega e agonia, acarreta para cada um de nós o sentimento da culpa e impotência diante de um ato tão arrebatador. Procuremos então compreender como podemos identificar a crucificação de Jesus em nossas vidas, transformando esses sentimentos negativos de culpa e remorso pelo seguimento do exemplo divino.

Nós vivemos a vida sem muita compreensão do que ela significa em termos espirituais, e assim deixamos passar todas as oportunidades de “entrega e renascimento” que se apresentam diariamente em nossas vidas. Quantas vezes somos surpreendidos por problemas que exigem de nós uma atitude de humildade perante Deus, pois não temos o poder de mudá-las? Quantas dores se fortalecem em nossas almas, já tão sobrecarregadas pela dor do passado, e acrescidas daquele momento em que nos sentimos impotentes, fracos e abandonados? Não aceitamos a perda, seja ela de que ordem for. Vemos multidões em busca de consolo para suas dores, buscando consolo nas mãos de outros que, como eles, se desesperam em busca de explicações, mas não vemos quase ninguém humilde de coração aceitando suas provas e entregando suas almas a Deus Todo-Poderoso como Jesus fez. Ao perder um ente querido, ao perder a condição financeira que dá suporte à vida material, e em todas as outras situações semelhantes, nós procuramos nos defender com nossas ”armas”, colocando a arrogância e o orgulho como escudos diante da fraqueza e esquecemos o caminho da luz que Jesus nos ensinou.

Ele nasceu com o propósito divino de nos ensinar pelo exemplo, e não nos damos conta disso. Não aceitamos as derrotas, as perdas, os obstáculos, e arrogantemente exigimos de Deus que nos liberte daquela dor. Devemos parar nesse ponto e nos perguntarmos o que isso significa e o que tem a ver com a crucificação de Jesus. O encerramento de sua vida de exemplos deveria ser forte o bastante para que nós não esquecêssemos (mas esquecemos) que nesses momentos dolorosos, em nossa crucificação quase diária neste mundo, precisamos desenvolver as qualidades divinas para suportar a dor como Ele fez, entregando nossas dores e problemas nas mãos do Pai para que possam ser resolvidas. Essa é uma atitude de humildade crística, que muitos confundem com subserviência, o que é um engano.

Os dois “ladrões” que acompanharam Jesus na sua agonia representam nossos parentes, amigos, conhecidos que, estando próximos de nós em nossas lutas, também se entregam à dor, uns com fé em Deus e outros totalmente materializados e distantes da verdade da vida, impotentes também diante deles mesmos e das surpresas da vida.

Se temos o nosso carma para resgatar aqui na terra como forma de libertação de nossos erros, precisamos encarar esse fato e, como Jesus, nos ajoelharmos diariamente no Monte de nosso coração, diante da nossa Chama Trina, e suplicar pela força e coragem que nos possibilitará atravessar essa agonia e superar nossos obstáculos em busca da liberdade. E aos nossos “ladrões”, sejamos como Ele nos ensinou, solidários, pacientes e caridosos, mostrando-lhes o caminho da verdade, que é a entrega total ao seu Santo Cristo.

Cada palavra, olhar, gesto e cada ensinamento de Jesus deve ser transportado para o aqui e agora e traduzido como indicadores que nos levarão à vitória sobre nós mesmos, e com o coração preenchido pela fé absoluta que guiou Jesus, possamos nós também, após a nossa crucificação diária, ressuscitarmos para a Verdade e a Vida, que é o Caminho que nos leva à Jesus.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ascensão



A Vós que Desejais

Seguir os Passos dos

Mestres que

Transcenderam o

Carma e a

Reencarnação – os

Cientistas do Espírito

Ensinam a Lei da

Autotranscendência

Tal como a figueira manifesta o seu sinal, também a aurora da presciência cósmica no aspirante divino manifesta os sinais da Aparição Divina no seio da mônada humana. Sopram ventos de esperança, trazendo o bálsamo do verão e o prodígio das coisas boas que estão por vir, mas os homens ainda precisam estabilizar a consciência durante o tempo de provas.

O afastamento da perfeição não ocorreu de repente mas, na maioria das vezes, resultou do enfraquecimento gradual do caráter, de assumir cada vez menos responsabilidade e do desejo do ócio mortal. Assim como a falta de exercício produz músculos flácidos, quando se dão ouvidos aos ruidosos clamores do mundo enlouquecedor os sentidos espirituais também se enfraquecem; desse modo, cada pessoa que é afetada por esses atos mortais vê ocorrer um desequilíbrio anormal na sua chama trina, que manifesta a vida.

Os homens prestam homenagem à ciência pois sentem que ela lhes propiciou “uma boa vida”. Porém, sem o cientista do Espírito não haveria sequer vida no planeta, todos permaneceriam nas trevas ou no tenebroso estado de andar às apalpadelas, até para as percepções sensoriais físicas. A luminosidade do Espírito acariciou suavemente as trevas e fez as sombras recuarem à medida que a vontade de Deus, que é boa, enaltecia os Seus propósitos através dos filhos que Ele criou.

A humanidade lamenta a dor e o sofrimento causado pelo seu próprio carma. Mas, e os mestres sem carma que servem na hierarquia, cujas esperanças são destruídas vezes sem conta por pessoas desinteressadas? A estes pede-se que se mantenham de pé como defensores frente às hordas da substância mortal e tenebrosa e que intervenham em prol da humanidade; mas quando os homens recebem a magra satisfação dos propósitos menores pelos quais anseiam, eles por vezes voltam rapidamente as costas à luz e mergulham nas trevas, como se as suas esperanças estivessem depositadas no turbilhão do mundo.

Nós nos perguntamos em níveis interiores: “Será porque duvidam? E quando se convencem, não conseguem ser constantes na sua convicção? Será que precisam ser reassegurados da realidade das oitavas de luz o tempo todo?” Que mais poderei dizer senão que Deus produziu os milagres da Sua perfeição, que são as percepções momentâneas e eternas da consciência dos mestres ascensos?

A nossa especialidade é o regozijo imortal, e o clamor das nossas esperanças ressoa até mesmo sobre o mar humano. Os homens falam de Serapis com admiração e respeito. Rendem homenagem á El Morya e ao ímpeto de poder. Admiram-se ante a beleza da consciência de Paulo Veneziano. Mas onde estão as legiões de Deus na terra, onde estão as pessoas leais que nos peçam hoje para ser iniciadas nos níveis mais elevados de Luxor?

Voltando à ciência do Espírito, deixai-me comunicar o conhecimento, quer haja ou não quem o escute, aprecie e respeite, ou que se aproprie dele. Quando o homem deixa de progredir é sempre porque existe um desequilíbrio na sua chama trina da vida. A vida que faz bater o vosso coração é uma tríade de movimento, consistindo de energias tripartidas. A Santíssima Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo; do corpo, mente e alma; da tese, antítese e síntese; de Brahma, Vishnu e Shiva; do amor, sabedoria e poder, também é o rosa, o azul e o dourado da consciência divina.

A vontade de Deus é um terço predominante do todo, mas se não houver a sabedoria de Deus, a iluminação dourada do Seu conhecimento supremo, até mesmo o poder terá a sua ação inibida; e se não houver o amor, o poder e a sabedoria se tornam a fragilidade da autopreservação. O equilíbrio da chama trina cria o padrão da ascensão para todos.

As emoções tirânicas são controladas pelo amor e pelo poder do amor em ação. Como a sabedoria dos homens é loucura para Deus, eles não entendem que não é a psicologia do mundo, mas sim o equilíbrio das energias do coração, que eles armazenam os fogos da ascensão para o dia da sua vitória. A fornalha do ser, aquecida até ficar incandescente, tem que manifestar as cores do fogo sagrado, e a espiral do ninho da serpente tem que se elevar verticalmente, erguida pelas asas da fé, da esperança e da realização (fé, esperança e caridade), até que o homem crístico esteja entronizado em todos. Esta é uma vitória científica do Espírito.

Texto extraído do livro: Dossiê sobre a Ascensão

De Mark L. Prophet

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Não adie seu encontro com a espiritualidade


Sempre é tempo de balanço, de rever trajetórias, de refazer escolhas. Fim de ano nos chama especialmente para isso. Em meio à correria das compras, dos encontros, dos comes e bebes, conseguimos um intervalo para a reflexão? Para nos perguntar: afinal, o que estamos fazendo nesta vida? O filósofo Mario Sergio Cortella tem levado esse tema a vários ambientes. Professor da Pontifícia Universidade Católica e da Fundação Getulio Vargas, ambas em São Paulo, e da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, ele foi discípulo do educador Paulo Freire e atuou como secretário municipal de Educação de São Paulo. "Minha pretensão não é dar respostas, mas elementos para as pessoas formularem melhor suas perguntas", disse no início da entrevista.

Em época de Natal, a sensação é de que há algo a mais na atmosfera. Para uns, é encantamento, elevação. Para outros, apenas nervosismo, que se traduz em febre de consumo, excessos alimentares e conflitos interpessoais. Existe lugar para a espiritualidade em meio a tanta agitação?
Em algumas situações, aquilo que chamamos de espírito de Natal" é algo cínico, que agrega os indivíduos em torno de festividades de conveniência. Mas há muitas pessoas que, independentemente de serem cristãs ou não, têm, nesta época do ano, uma verdadeira experiência do "comemorar". Gosto dessa palavra porque "comemorar" significa "lembrar junto". E do que nós lembramos? De que estamos vivos, partilhamos a vida, de que a vida não pode ser desertificada.

Há uma pulsão de vida.
Claro que, a todo instante, está colocada também a possibilidade de que a vida cesse. Somos o único animal que sabe que um dia vai morrer. Aquele gato, que dorme ali, vive cada dia como se fosse o único. Nós vivemos cada dia como se fosse o último. Isso significa que você e eu, como humanos, deveríamos ter a tentação de não desperdiçar a vida. Escrevi um livro chamado Qual É a Tua Obra?, que começa com uma frase de Benjamin Disraeli, primeiro-ministro britânico no século 19. Ele disse: "A vida é muito curta para ser pequena".

Como não apequenar a vida?
Dando-lhe sentido. A espiritualidade ou religiosidade é uma das maneiras de fazê-lo. A religiosidade, não necessariamente a religião. Religiosidade que se manifesta como convivência, fraternidade, partilha, agradecimento, homenagem a uma vida que explode de beleza. Isso não significa viver sem dificuldades, problemas, atribulações. Mas, sim, que, apesar disso tudo, vale a pena viver. Meu livro Viver em Paz para Morrer em Paz parte de uma pergunta: "Se você não existisse, que falta faria?" Eu quero fazer falta. Não quero ser esquecido.

Fale mais da diferença entre religiosidade e religião.
Religiosidade é uma manifestação da sacralidade da existência, uma vibração da amorosidade da vida. E também o sentimento que temos da nossa conexão com esse mistério, com essa dádiva. Algumas pessoas canalizam a religiosidade para uma forma institucionalizada, com ritos, livros - a isso se chama "religião". Mas há muita gente com intensa religiosidade que não tem religião. Aliás, em minha trajetória, jamais conheci alguém que não tivesse alguma religiosidade. Digo mais: nunca houve registro na história humana da ausência de religiosidade. Todos os primeiros sinais de humanidade que encontramos estão ligados à religiosidade e à ideia de nossa vinculação com uma obra maior, da qual faríamos parte.

De onde vem essa ideia?
Existe uma grande questão que é trabalhada pela ciência, pela arte, pela filosofia e pela religião. A pergunta mais estridente: "Por que as coisas existem? Por que existimos? Qual é o sentido da existência?" Para essa pergunta, há quatro grandes caminhos de reposta: o da ciência, o da arte, o da filosofia e o da religião. De maneira geral, a ciência busca os comos". A arte, a filosofia e a religião buscam os "porquês", o sentido. A arte, a filosofia e a religião são uma recusa à ideia de que sejamos apenas o resultado da junção casual de átomos, de que sejamos apenas uma unidade de carbono e de que estejamos aqui só de passagem. Como milhões de pessoas no passado e no presente, acho que seria muito fútil se assim fosse. Eu me recuso a ser apenas algo que passa. Eu desejo que exista entre mim e o resto da vibração da vida uma conexão. Essa conexão é exatamente a construção do sentido: eu existo para fazer a existência vibrar. E ela vibra em mim, no outro, na natureza, na história.


Mário Sergio Cortella

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chamas Gêmeas e Almas Companheiras


Outro mistério da alma revelado pela Cabala é o mistério da nossa alma gêmea. O Zohar ensina que a nossa alma tem um gêmeo que foi criado conosco no princípio. Deus proporcionará a nossa união, diz o texto, se vivermos uma vida pura fazendo boas obras.

Todas as almas no mundo, que são o fruto das mãos do Todo-Poderoso, são misticamente uma, mas quando descem a este mundo são separadas em macho e fêmea, embora ainda estejam juntas.

Quando surgiram no início, surgiram juntos como macho e fêmea. Subsequentemente, quando descem [para este mundo], separam-se, uma para um lado e a outra para o outro e, depois, Deus une-as __ Deus e nenhum outro, pois Ele é o único a saber o par próprio de cada um.
Feliz o homem que é reto nas suas obras [ou puro] e caminha na verdade, de forma que a sua alma possa encontrar o seu par original, pois então ele torna-se realmente perfeito e através da sua perfeição todo o mundo é abençoado.

Séculos antes de o Zohar ter sido escrito, Platão ensinou que cada um de nós é metade de um todo divino e é por isso que estamos sempre procurando o nosso par original. No seu Banquete ele escreve o seguinte:

Antigo é o desejo de um pelo outro que é implantado em nós, reunindo a nossa natureza original, fazendo um só de dois, e curando o estado do homem.
Cada um de nós, quando separado, tendo apenas um lado, como um peixe espalmado, é apenas uma parte de um homem, e ele está sempre procurando a sua outra metade...
Quando um deles se encontra com a outra metade, a verdadeira metade de si mesmo ..., o par se perde num espanto de amor e intimidade... Estas são as pessoas que passam toda a sua vida juntas; todavia, não podem explicar o que desejam uma da outra. Pois o intenso anseio que cada uma delas tem em relação à outra não parece ser o desejo do relacionamento dos amantes, mas de algo diferente que a alma de ambos evidentemente deseja, mas não sabe exprimir.

A imagem de Platão da alma solitária como um peixe espalmado, tendo apenas um lado, faz-me lembrar as estátuas do deus hindu Shiva que o representam como meio homem e meio mulher. De acordo com a lenda, Shiva determinou que não haveria nenhuma separação entre ele e sua consorte Parvati. Portanto, decretou que o seu lado direito representasse Shiva e o seu lado esquerdo representasse Parvati numa eterna união. Essa união eterna com o nosso consorte divino e com Deus é aquilo por que, consciente e inconscientemente, todas as almas anseiam.

Texto extraído do livro: Cabala - O Caminho da Sabedoria
De Elizabeth C. Prophet