Santo
Agostinho descreve de forma pungente nas suas `Confissões`, os momentos
preciosos em que sua alma contatou o Espírito do Senhor.
“Retirei-me,
não sei como, para debaixo duma figueira, e larguei as rédeas ao choro.
Prorromperam
em rios de lágrimas os meus olhos. Este sacrifício era-Vos agradável.
Dirigi-Vos muitas perguntas, não por estas mesmas palavras, mas por outras do
mesmo teor: ‘E Vós, Senhor, até quando? Até quando continuareis irritado? Não
vos lembreis dessas minhas antigas iniquidades’. Sentia ainda que elas me
prendiam. Soltava gritos lamentosos. ‘Por quanto tempo, por quanto tempo
andarei a clamar: Amanhã, amanhã? Por
que não há de ser agora? Por que o termo
das minhas torpezas não há de vir já nesta hora?’
Assim
falava e chorava oprimido pela mais amarga dor do coração. Eis que, de súbito,
ouço uma voz da casa próxima. Não sei se era de menino ou menina. Cantava e
repetia frequentes vezes: ‘Toma e lê,
toma e lê’.
Imediatamente
mudando de semblante, comecei com a máxima atenção a considerar se as crianças
tinham ou não o costume de trautear essa canção em algum dos jogos. Vendo que
em parte nenhuma a tinha ouvido, reprimi meu ímpeto das lágrimas, e
levantei-me, persuadindo-me de que Deus só
me mandava uma coisa: abrir o códice e ler, e ler o primeiro capítulo
que encontrasse. Tinha ouvido que Antão, assistindo, por acaso, a uma leitura
do Evangelho, fora por ela advertido, como se esta passagem que se lia lhe
fosse dirigida pessoalmente: ‘Vai, vende tudo o que possuis, dá-o aos pobres, e
terás um tesouro no céu, depois vem e segue-Me’. Com este oráculo se converteu
a Vós.
Abalado,
voltei aonde Alípio estava sentado, pois eu tinha aí colocado o livro das Epístolas
do Apóstolo, quando de lá me levantei. Agarrei-o, abri-o e li em silêncio o
primeiro capítulo em que pus os olhos: ‘Não
caminheis em glutonarias e embriaguez, nem em desonestidade e dissoluções, nem
em contendas e rixas; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a
satisfação da carne com seus apetites’.
Não quis ler mais, nem era necessário.Apenas
acabei de ler estas frases, penetrou-me no coração uma espécie de luz serena, e
todas as trevas da dúvida fugiram”.
Trecho
extraído do livro A SENDA DO CRESCIMENTO PESSOAL de Mark e Elizabeth Clare Prophet.
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