Numa Linda manhã de primavera,
meu pai levou-me a um festival que comemorava a lavra da terra. Como o meu povo
estava alegre, ostentando suas túnicas
novas e grinaldas de flores! Depois de saudar a todos e brincar um pouco, fui
descansar debaixo de uma fragrante macieira e fiquei observando como lavravam.
Havia algo na lâmina da charrua que penetrava na terra e trazia os torrões
ricos e escuros para a superfície. Entrei numa meditação profunda! Que paz! Que
êxtase! Mesmo nessa tenra idade, compreendi que minha experiência era uma
pequena prova da iluminação.
Essa lembrança devolveu-me a
esperança e continuei a minha busca.
Encontrei uma árvore Bo e sentei-me entre os seus troncos contorcidos
para meditar. Pouco depois, uma mulher chamada Sujata veio oferecer-me uma papa
de arroz. Ela pensou que eu era a divindade da árvore! Ela havia orado a essa
divindade pedindo um filho e era uma oferenda especial se, por sua intercessão,
desse à luz um filho varão. Aconteceu que ela tinha acabado de ter um
rapazinho, e como agradecimento trouxe-me a sua oferenda. Que coisa fortuita!
Essa papa deu-me forças para minha meditação! (Ele havia percorrido o caminho
do desapego total, deixando até mesmo de se alimentar).
Fiz o voto de que ficaria
debaixo da árvore até atingir a iluminação. Meditei toda a noite. Não foi
fácil. Mara, cujo nome significa “morte”, tentou fazer-me desistir. Enviou as
suas três filhas voluptuosas para seduzir-me, mas eu não me deixei convencer.
Depois, esse ser maléfico enviou os seus
exércitos para lançar contra mim furacões, uma
enchente, rochas ardentes, lama fervente e uma tempestade de armas
mortíferas. Hordas de demônios e uma escuridão total envolveram-me, mas
recusei-me a deixar minha posição.
Como última tentativa, esse audacioso Mara contestou o meu direito de
buscar a iluminação e tornar-me num Buda. Ele queria o meu lugar de meditação.
‘Esse lugar me pertence!’ _ guinchou ele. E chamou a sua comitiva para
testemunhar o seu direito; suas hostes de demônios gritaram: ‘Somos tuas
testemunhas’.
Chamei então a Mãe Terra para
que fosse a minha testemunha. Pois tinha sido ela que inspirara meu êxtase meditativo quando eu era
um rapazinho e me encontrava debaixo da macieira. Bati na terra com a mão
direita. A terra tremeu e trovejou: ‘Sou a tua testemunha!’ E Mara fugiu. Livre
de obstáculos minha mente abriu-se para sucessivas revelações em cada vigília
da noite. (na imagem de Buda vemos sua mão direita tocando o chão).
As mais importantes foram as
Quatro Nobres verdades, que explicam porque a humanidade sofre tanto. Ao
nascer, você sofre, e a sua mãe também. Quando você está doente, sofre. Sofre
quando envelhece. E quando morre, sofre, e outros sofrem por perdê-lo. Ao longo
de sua vida, você sofre _ sofre quando tem experiências desagradáveis. E quando
está se divertindo, sofre porque o divertimento irá acabar. Sofre quando não
consegue o que deseja.
E você sabe por que sofre
tanto? É por causa do desejo. Esta é a Segunda Nobre Verdade. O sofrimento vem
do desejo descontrolado. Você deseja dinheiro, deseja fama, deseja ter poder
sobre os outros. Ou talvez deseje apenas divertir-se durante a experiência
humana. E o que faz você para conseguir
estas coisas? Ignora as suas necessidades interiores, as suas necessidades espirituais,
e anda por aí satisfazendo todos esses desejos e produzindo muito carma. Tudo
isso porque você não consegue libertar-se dos seus desejos.
É um ciclo vicioso, mas não precisa ser assim. E isso nos
traz à Terceira Nobre Verdade. Se você quiser parar de sofrer, se quiser curar
sua dor, precisa deixar de ter desejos descontrolados.
Mas isso não é algo tão simples
como parece. Transcender os desejos do eu inferior e da percepção limitada é um
processo constante. Você precisa ser paciente e misericordioso com você mesmo.
E precisa de instruções, de uma senda para ajudá-lo. Essa é a Quarta Nobre Verdade”.
Ditado de Gautama Buda a
Elizabeth Clare Prophet – Livro - Mensagens de Buda
todos os direitos autorais reservados a Summit Lighthouse do Brasil
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